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Grécia/Austeridade

Grécia estabelece 20 de agosto como prazo final para acordo sobre ajuda

A Grécia espera estabelecer até o dia 20 de agosto os termos de seu terceiro resgate financeiro, informou nesta terça-feira (21) a porta-voz do governo de Alexis Tsipras. Em um comunicado, Olga Gerovasili indicou que as discussões sobre o aporte, que podem chegar a € 86 bilhões em três anos, começarão logo depois de o Parlamento de Atenas votar, nesta quarta-feira, uma nova leva de reformas.

O premiê grego, Alexis Tsipras
O premiê grego, Alexis Tsipras REUTERS/Alkis Konstantinidis TPX IMAGES OF THE DAY
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"Imediatamente depois de votadas as ações (exigidas por Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional como condição para a liberação da verba), as negociações com os credores começarão, com o prazo final de 20 de agosto", informa o comunicado. Representantes das três instituições chegam na sexta-feira a Atenas para se reunir com membros da administração grega.

A nova apreciação parlamentar acontecerá uma semana depois de os deputados terem adotado um primeiro pacote de medidas de austeridade. O governo conseguiu passar o remédio amargo - que inclui privatizações, alta de impostos, reformas na previdência, nos direitos de organização, greve e demissões.

Oposição interna

Mas a aprovação precisou do centro e da direita, já que 39 deputados do Syriza, partido de esquerda do premiê Alexis Tsipras, votaram contra. O ex-ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, foi um deles. Em seu blog, ele justificou sua escolha, dizendo que o governo se encontra em um dilema: proteger o poder da esquerda, adotando as medidas ("que o próprio governo considera inviáveis"); ou admitir a derrota e passar o bastão para quem achar ("independentemente de partido") que esse acordo é aplicável.

Diante de uma encruzilhada tão violenta, ele admitiu que ninguém pode ser julgado por escolher um caminho ou outro. Mas justificou sua posição, contrária à de Alexis Tsipras: "A razão pela qual votei 'não' é muito simples: deveríamos ter entregue o poder, como dissemos que faríamos, para alguém que consiga olhar no olho do povo e dizer o que nós não podemos: 'o acordo é duro, mas pode ser aplicado de uma tal maneira que deixará espaço para a esperança de um dia nos recuperarmos e revertermos a catástrofe humanitária'. Um governo de esquerda não pode prometer o que sabe que não cumprirá".

De qualquer forma, essa divisão obrigou o primeiro-ministro a remanejar o governo e o risco é cada vez maior de que o Syriza dependa da oposição para passar as reformas em que, como diz Varoufakis, "não acredita". A coalizão, que reúne a extrema-esquerda e o partido de direita nacionalista Anel, detém uma maioria teórica de 162 cadeiras sobre as 300 do parlamento. Mas, na semana passada, Tsipras viu o apoio minguar a 123 votos.

Os chefes do partido centrista To Potami e do socialista Pasok declararam que estão prontos para apoiar o governo, desde que seja estabelecido um cronograma claro das medidas.

Oposição externa

Além da oposição interna, Atenas enfrenta a desconfiança da linha-dura da União Eruopeia. Nesta terça-feira, o premiê eslovaco, Robert Fico, afirmou que seu país se oporá a qualquer redução da dívida grega, que chega a 175% do PIB. Ele fazia referência a uma sugestão da diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, que parece propensa a ceder a um dos principais pedidos dos gregos.

"Estamos ficando nervosos porque sentimos que nos afastamos das conclusões adotadas na cúpula da zona do euro, quando os países membros decidiram não aceitar mais nenhuma depreciação nominal da dívida", afirmou Fico, na saída de uma reunião com sua equipe ministerial. Ele garantiu ainda que a Eslováquia será "a primeira a pedir" que a Grécia saia da zona do euro, caso não arque com seus compromissos.

Novas medidas

Na manhã desta terça-feira, o governo apresentou aos deputados um outro conjunto de medidas exigidas pelos credores, que dizem respeito aos bancos e à justiça. Ele transpõe à lei grega um mecanismo europeu para evitar que o ônus da falência das instituições recaia sobre a população. Em caso de perdas drásticas, credores e acionistas devem arcar com os custos antes de repassá-los para os clientes.

O texto não inclui a redução do número de pré-aposentadorias nem o aumento do imposto sobre a circulação de produtos agrícolas, dois pontos que recebem forte oposição do partido conservador Nova Democracia.

Mas, tanto Atenas quanto os credores afirmam que essas medidas não fazem parte das condições prévias para a liberação da ajuda. Por isso, elas só serão votadas em agosto ou setembro, em função das negociações com as instituições.

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