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Crise

Desconfiança em Berlim, aprovação em Paris: as reações à proposta grega

O surpreendente plano de reformas apresentado pela Grécia na noite de quinta-feira (9) começa a despertar reações dos governos europeus. Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, classificou as propostas como “aprofundadas”. Em Paris, Fançois Hollande vê uma demonstração “de que os gregos querem ficar no Euro”. Em Berlim, mais cautela e desconfiança por Alexis Tsipras estar contrariando a decisão do referendo de domingo, pela qual ele tanto lutou.

O primeiro-ministro grego em reunião de seu partido nesta sexta.
O primeiro-ministro grego em reunião de seu partido nesta sexta. REUTERS/Jean-Paul Pelissier
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“Vamos estudar cuidadosamente as propostas e ver se são boas, se as contas fecham”, disse o presidente do Eurogrupo, que é também ministro da Economia da Holanda. Para ele, uma decisão precisa ser tomada neste sábado, quando os ministros da zona do euro devem se encontrar para uma reunião extraordinária.

A França foi o prmeiro país a reagir ao novo plano de Alexis Tsipras. O presidente François Hollande classificou as medidas de “sérias e confiáveis”, demonstrando “força, engajamento e coragem”. “É preciso fazer de tudo para chegarmos a um acordo que respeite as regras europeias e também os gregos”, disse Hollande.

Avaliadas por analistas como “mais realistas do que o rei”, indo ao encontro das exigências feitas pelo Eurogrupo – e no caminho contrário do que foi escolhido pelos gregos no referendo –, as propostas Tsipras também foram aprovadas pelo ministro da Economia francês, Emmanuel Macron. “As reformas estão à altura do que era esperado. Neste contexto, é evidente que os elementos para uma reestruturação da dívida grega surgirão”.

O chefe do governo italiano, Matteo Renzi, se disse “mais otimista”. Diversos países da Europa Central também acalmaram o tom das críticas que vinham fazendo à Grécia. “Ainda não temos um resultado, mas existe chance de um acordo”, disse o chanceler austríaco, Werner Faymann. Já o ministro da Economia da Eslováquia, Peter Kazimir, disse que “há progresso, mas não sabemos se será o suficiente”.

Cautela em Berlim

Ao contrário dos franceses, o governo alemão segue reservado. O porta-voz de Angela Merkel, Steffen Seibert, se recusou a fazer qualquer comentário sobre o plano. Falou em termos hipotéticos: “Se o governo grego apresentou uma proposta séria, nós poderemos nos apresentar diante do parlamento alemão e pedir que nos permita continuar a negociação”. Ele diz que a reunião de sábado está “completamente indefinida”.

A Grécia parece ter cedido em diversos pontos, apresentando proposta de reformas ousadas, para poder negociar no ponto principal da discussão: a reestruturação da dívida grega, assunto sobre o qual Berlim não quer nem ouvir falar. O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble disse nesta sexta-feira que "há muito pouca margem de manobra”. Ele se opõe a qualquer decisão que “diminua de forma significativa o valor da dívida”.

No parlamento, deputados alemães foram mais diretos. Eles se questionaram por que Alexis Tsipras aceitou uma reforma que foi rejeitada pelos gregos no referendo de domingo. Um ex-ministro de Merkel disparou: “Ou Tsipras está enganando seu próprio povo, ou ele quer nos enganar de novo”.

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