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Grécia/Crise financeira

Grécia anuncia novo ministro das Finanças, mas dúvidas permanecem

Sem surpresa, o novo ministro grego das Finanças é o economista Euclides Tsakalotos, atual coordenador da equipe de negociação com os credores da Grécia. O anúncio do substituto de Yanis Varoufakis, que renunciou ao cargo após o referendo em que o povo grego recusou as novas medidas de austeridade da troika (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia), foi feito na tarde desta segunda-feira (6) pela presidência.

Euclides Tsakalotos (ao fundo) aconselha seu antecessor, Yanis Varoufakis, em reunião com credores
Euclides Tsakalotos (ao fundo) aconselha seu antecessor, Yanis Varoufakis, em reunião com credores
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Na terça-feira, Tsakalotos, que acumula o cargo de vice-ministro das Relações Exteriores, presta juramento e já se reúne com os titulares das Finanças do eurogrupo, em Bruxelas. A reunião extraordinária está marcada para as 13h, algumas horas antes de uma cúpula dos chefes de Estado e de governo da zona do euro.

Estilo discreto

Com 55 anos de idade, o professor formado pela Universidade de Oxford, tem estilo bastante diferente daquele de seu antecessor, uma das estrelas do partido de esquerda Syriza. Hábil orador e teórico da economia solidária, Yanis Varoufakis era visto como arrogante e intransigente pelos parceiros das União Europeia.

"Estimo que é meu dever ajudar (o primeiro ministro) Alexis Tsipras a explorar, como ele julgar adequado, o capital que o povo grego nos deu no referendo de ontem", escreveu o ex-ministro em seu blog. E alfinetou: "assumirei com orgulho o desprezo dos credores".

A escolha de alguém com perfil mais discreto pode ser uma sinalização da boa vontade dos gregos em dar sequência às negociações. Mesmo assim, antes mesmo do anúncio do substituo, a Alemanha - principal credor da Grécia - fez questão de demonstrar seu desprezo pela demissão de Varoufakis, argumentando que o problema da Grécia "não são as pessoas, mas a posição".

Ajuda humanitária

Na terça-feira, a chanceler alemã Angela Merkel, que se reuniu no fim da tarde com o presidente francês François Hollande, deve ouvir de Alexis Tsipras uma nova proposta para restruturação da dívida grega, que ultrapassa 240 bilhões de euros ou 180% do PIB do país. Mas Berlim já sinalizou que não vê motivo para perdoar ou restruturar o montante - principalmente, depois do resultado do referendo.

Num primeiro momento, a Alemanha acredita que deve-se discutir uma ajuda humanitária para a Grécia, como declarou o vice-chanceler Sigmar Gabriel. Ele não especificou como seria essa ajuda, mas ainda no domingo, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, havia levantado a possibilidade de fornecer um "crédito de emergência" para que os serviços públicos sigam funcionando e para que as pessoas tenham o dinheiro mínimo para sobreviver.

Quem também se disse pronto a ajudar a Grécia foi o Fundo Monetário Internacional, desde que Atenas peça socorro. No entanto, a situação é muito peculiar: em 30 de junho expirou o prazo para que os gregos pagassem uma parcela de 1,5 bilhão de euros ao FMI. Diante do calote, o órgão não poderia liberar nenhuma ajuda financeira adicional. De acordo com os cálculos da instituição, o país precisará de ao menos € 50 bilhões nos próximos três anos.

Bancos fechados

Em grave crise de liquidez, a Grécia manteve seus bancos fechados nesta segunda-feira pelo oitavo dia consecutivo, com limite diário de saque de € 60 - e a federação bancária do país já anunciou que a situação se prolongará ao menos até quarta-feira. Por isso, o Banco Central Europeu terá um papel importantíssimo nos próximos dias: decidir sobre um possível aumento de sua ajuda ao sistema bancário grego.

Além do aporte financeiro direto, é possível que o BCE opine sobre a eventual reestruturação da dívida grega. Mas isso não teria um impacto efetivo, já que os tratados europeus proíbem a instituição sediada em Frankfurt de reestruturar a dívida de um Estado.
 

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