União Europeia apresenta à ONU plano militar contra traficantes no mar Mediterrâneo
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, apresenta nesta segunda-feira (11) ao Conselho de Segurança da ONU o plano europeu para lutar contra traficantes que operam barcos lotados de imigrantes clandestinos para chegar à Europa pelo Mar Mediterrâneo. O bloco depende de um aval da ONU para lançar sua operação militar em águas territoriais estrangeiras, principalmente na Líbia.
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Na prática, a resolução daria sinal verde para aos europeus fiscalizarem navios na costa líbia e confiscar suas cargas. Uma das prioridades é destruir os rebocadores utilizados pelos atravessadores para levar as embarcações até um determinado ponto da travessia e depois deixar os imigrantes à deriva.
Se aprovada, a operação poderá usar até helicópteros com mísseis para ajudar a identificar as bases logísticas dos traficantes de humanos, sem serem identificados pela defesa antiaérea das milícias e jihadistas.
Estratégia dos europeus
Ontem, durante reunião dos ministros da Defesa da França, Alemanha, Polônia, Itália e Espanha, o francês Jean-Yves Le Drian insistiu na importância de uma troca de informações para localizar os coiotes, seus meios de transporte e os locais de onde partem os navios. Outro objetivo dos europeus é apoiar a constituição de um governo de união nacional na Líbia que poderá pedir o uso de intervenção militar internacional.
A estratégia dos europeus visa evitar novas tragédias como o naufrágio que matou recentemente quase 900 pessoas, e também aliviar a situação crítica enfrentada pela Itália. Atualmente, 85 mil pessoas estão em centros de acolhimento de estrangeiros, com uma situação indefinida e sem poder trabalhar.
Diante das dificuldade em convencer diversos governos locais em acolher imigrantes, o ministro do Interior italiano, Angelino Alfano, sugeriu a prefeitos que proponham trabalho gratuito aos imigrantes, na base do voluntariado, em troca de moradia e assistência sanitária. A oposição denuncia que o governo do primeiro-ministro Matteo Renzi quer promover uma nova forma de escravidão.
Anistia denuncia violências
Um relatório divulgado nesta segunda-feira pela Anistia Internacional denuncia as violências sofridas pelos migrantes que vivem na Líbia ou usam o país como rota de passagem para a Europa. A Ong colheu diversos relatos de abusos sexuais e sobre as condições desumanas de vida do país mergulhado no caos, desgovernado e sob inúmeros combates.
Um nigeriano cristão diz ter sido violentado várias vezes por um grupo armado por causa de sua religião. Sem meios de fugir, muitos são extorquidos e maltratados por coiotes e traficantes. Mulheres relatam sofrer constantemente abusos sexuais.
Autoridades líbias declaram não ter condições de acolher o fluxo migratório. No país existem apenas 16 centros para recebê-los. A Anistia Internacional pede que a Tunísia e o Egito, vizinhos da Líbia, abram suas fronteiras para receber esses migrantes.
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