Papa Francisco se reúne com vítimas de pedofilia no Vaticano e pede perdão
O papa Francisco recebeu nesta segunda-feira (7), pela primeira vez no Vaticano, um grupo de vítimas de padres pedófilos. O encontro aconteceu na residência Santa Marta, onde o sumo pontífice vive desde sua eleição em março de 2013. Antes, o grupo participou de uma missa na capela do papa, que condenou a "cumplicidade inexplicável de parte do clero", que "pesa na consciência da Igreja".
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Segundo um comunicado do Vaticano, o papa recebeu as pessoas individualmente. A reunião já havia sido anunciada pelo próprio papa em maio. As associações de vítimas estimam que o encontro demorou para ser organizado e criticam o Vaticano pela falta de reatividade na luta contra a pedofilia na Igreja Católica.
O papa denunciou "a cumplicidade inexplicável" de uma parte do clero e prometeu que não toleraria que "nenhum mal fosse feito a um menor." O papa argentino afirmou que as dores das vítimas e os suicídios "pesam na consciência da Igreja."
Ele também pediu perdão pelo "pecado de omissão dos dirigentes" da instituição, que se recusaram a ouvir as denúncias e queixas das vítimas. "Diante de Deus e de seu povo, quero demonstrar minha tristeza pelos graves crimes de abuso sexual cometidos e peço perdão", disse o papa.
O Vaticano estima em 3.420 o número de acusações de abusos sexuais por padres, transmitidos nos últimos anos, envolvendo quase 900 religiosos. A igreja americana pagou mais de U$2,5 milhões de dólares en indenizações às vítimas.
Papa prometeu sanções contra padres pedófilos
Desde o início de seu pontificado, o papa Francisco deixou claro que imporia "sanções severas" contra os autores de atos de pedofilia. Para ele, os padres que abusam de uma criança cometem o "pior sacrilégio religioso", comparável a uma "missa negra".
O sumo pontífice também criou uma comissão de especialistas para proteger a infância nas instituições que integram a Igreja Católica. Este encontro com as seis vítimas dá sequência às reuniões iniciadas no pontificado de Bento 16, durante suas viagens, mas é a primeira vez que ocorre no Vaticano.
O escandâlo de pedofilia na Igreja revelado nos anos 2000 atingiu dezenas de milhares de crianças em vários países, entre eles a Irlanda e os Estados Unidos. A maior parte dos crimes ocorreu nos anos 60 e 70. A Igreja é frequentemente acusada de ter tolerado e protegido os padres, sem dar voz às vítimas.
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