Cresce movimento na Espanha pedindo fim da monarquia depois da abdicação do rei
O rei Juan Carlos, de 76 anos, anunciou nesta segunda-feira (2) a abdicação em favor do filho, o príncipe Felipe, 46. Ele considera que é necessária "uma nova geração” para assumir "um papel protagonista" na história da democracia do país. Mas para uma parte da população, este é o momento de repensar os rumos da Espanha.
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Fina Iñiguez, correspondente da RFI em Barcelona
Os boatos de que o rei Juan Carlos estaria pensando em abdicar em razão de seus problemas de saúde já corriam desde janeiro, alimentados pela baixa popularidade da família real espanhola, depois dos escândalos envolvendo o genro, Iñaki Urdangarin, e a filha mais nova, a infanta Cristina.
Mas nem todos os espanhóis aprovam a monarquia. Nas redes sociais, os internautas convocaram manifestações espontâneas em mais de 40 cidades sob o slogan "Referendo já".
Com o argumento de que em uma democracia não existem súditos, e sim cidadãos, os manifestantes pedem para serem consultados sobre a continuidade da monarquia. Participam do movimento partidos de esquerda, republicanos e organizações sociais que defendem a proclamação da III República Espanhola.
Imprensa destaca abdicação
“O rei abdica”, também é a manchete de praticamente toda a imprensa espanhola. Muitas eram as vozes que pediam a saída do rei, cuja popularidade começou a despencar há dois anos, quando ele teve que assumir publicamente o erro de ter ido caçar elefantes na África em um momento de profunda crise no país. Um hobby inadmissível e caro em um país onde mais de 25% da população está desempregada.
Apesar da constituição espanhola prever a continuidade na linha de sucessão da casa real, o Conselho de Ministros se reúne nesta terça-feira para aprovar a Lei Orgânica, que efetivará a abdicação. A lei deve ser aprovada no Parlamento por maioria absoluta. O processo todo deve durar cerca de 20 dias. No final do mês, se não houver contratempos, o Parlamento deverá proclamar o novo rei com o título de Felipe VI.
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