Conselho Europeu aprova novas sanções contra Rússia
Líderes europeus aprovaram novas sanções contra Moscou em resposta à anexação da Crimeia, aumentando a lista negra de russos e ucranianos pró-Rússia sancionados. As medidas acrescentam 12 nomes aos 21 antes anunciados, que terão restrição de vistos e bens congelados. A relação ainda não conta com nenhum político da esfera próxima do presidente russo, Vladimir Putin, para que as vias de diálogo se mantenham abertas.
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Leticia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas
Preparados para uma provável resistência da Rússia, os chefes de Estado e governo dos 28 países concordaram em pedir à Comissão Europeia para preparar uma série de medidas econômicas contra Moscou. O Conselho Europeu aprovou a iniciativa por unanimidade. O presidente francês, François Hollande, declarou que “é preciso que a Rússia compreenda que não pode seguir assim. Ela deve mudar. Não é permitido atentar contra a integridade territorial nem movimentar fronteiras”.
Monitoramento e associação
Outra decisão de Bruxelas foi o envio de uma missão de observadores a Kiev, caso os monitores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) não desembarquem na capital ucraniana nos próximos dias. Esta iniciativa de monitoramento especial para a Ucrânia pretende verificar a situação dos direitos humanos, questões étnicas e de segurança, para aliviar as tensões depois que as tropas russas assumiram o controle da Crimeia. Todos os encontros bilaterais com Moscou, inclusive a reunião de Cúpula UE-Rússia, prevista para junho, foram suspensos.
Nesta sexta-feira, a UE assinou parte do acordo de associação com a Ucrânia, recusado pelo ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich, em novembro passado. O gesto é visto como um sinal de apoio político do bloco ao governo interino do país. Os dois lados firmaram apenas o capítulo político do acordo, a seção econômica será aprovada apenas quando o novo regime em Kiev se engajar no plano de reformas e luta anti-corrupção exigidos por Bruxelas e pelo Fundo Monetário Internacional.
Washington x Moscou
Washington adota um tom mais agressivo nas retaliações à Rússia. Ontem (20), a Casa Branca divulgou uma lista de pessoas que serão sancionadas em transações comerciais e terão seus bens congelados nos Estados Unidos. No total, são 20 russos que têm interesses na Crimeia e que são próximos do presidente russo, Vladimir Putin. Entre eles, está o chefe de gabinete do governo russo, Sergei Ivanov.
Em resposta, a Rússia também divulgou a sua lista que inclui conselheiros do presidente Barack Obama e o senador republicano John McCain.
ONU
Em Kiev, o presidente ucraniano Olexandre Turtchinov recebe o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon para falar do temor da anexação efetiva da Crimeia à Rússia. Esse encontro coincide com a reunião da câmara alta do Parlamento russo que deve ratificar hoje a inclusão da Crimeia ao território russo.
Efeitos na economia
A tensão com o Ocidente já tem impacto no mercado. A Bolsa de Moscou reagiu mal às sanções da Europa e dos Estados Unidos e caiu 2,25% na manhã de sexta-feira.
A agência de notação de risco Fitch rebaixou a prespectiva na nota da dívida russa para negativa. Hoje, os papéis russos são classificados como 'BBB', a mesma nota do Brasil, considerada de segurança média-alta para os investidores.
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