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Igreja/Papa

Renúncia de Bento 16 há um ano permitiu renovação da Igreja

O anúncio histórico da demissão de Bento 16, há exatamente um ano, é celebrado como uma decisão que permitiu a renovação da Igreja Católica sob o comando do Papa Francisco. Analistas aproveitam a data para uma revisão do pontificado do alemão Joseph Ratinzger, tido como um dos líderes que mais combateram a pedofilia da Igreja.  

O Papa Emérito Bento XVI
O Papa Emérito Bento XVI Flickr/ Creative Commons
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“Este foi um grande ato de governo que teve uma incidência na vida da Igreja”, afirmou à rádio Vaticano o padre jesuíta Federico Lombardi, ex-porta-voz de Bento 16 e agora do Papa Francisco.

Segundo os vaticanistas, com a decisão de Bento 16, qualquer outro papa que não se sentir em condições de enfrentar os desafios de uma Igreja com 1,2 bilhão de fiéis espalhados no mundo, também poderá optar pela demissão. Uma renúncia pode ser uma opção para o Papa Francisco e seus sucessores, mas deve continuar sendo uma decisão excepcional, afirmam os especialistas.

Nenhuma cerimônia foi prevista pelo Vaticano, o que é interpretado como discrição desejada pelo próprio papa emérito Bento 16. Seu sucessor, no entanto, lembrou da data através do Twitter, onde escreveu: “Hoje convido-vos a rezar juntos comigo por Sua Santidade Bento XVI, um homem de grande coragem e humildade.”.

Muitos analistas também disseram nesta terça-feira que o ato de Joseph Ratzinger foi de "sabedoria" e de "grandeza" após um pontificado impopular e muito tumultuado durante 8 anos, marcado por vários escândalos no interior da Igreja, erros de comunicação pessoal e crise na Cúria Romana.

“A verdadeira face de Bento 16 foi descoberta após o seu ato: a afeição, a doçura”, estimou a Rádio Vaticano. O papa emérito, de 86 anos vive retirado no monastério "Mater Ecclesiae" na colina do Vaticano. Segundo seu ex-porta-voz, ele lê, reza, escreve e recebe visitas.

Luta contra escândalos e pedofilia

O vaticanista Marco Tosatti estima que o "trabalho obscuro, ingrato e certamente pouco valorizado [de Bento 16] de limpeza interna dentro da Igreja, de seus membros fracos e incompetentes, permitiu à Igreja de se mostrar ao mundo com um aspecto novo”.

Segundo ele, Bento 16 combateu com firmeza a pedofilia, os carreiristas, a incoerência e a moral dupla, preparando o terreno para o Papa Francisco e sua “revolução de ternura”. Interrgado pelo site Sismografo, Marco Tosatti afirmou que Joseph Ratzinger permitiu “o surgimento de uma verdadeira era pós-Wojtyla” incarnada pelo Papa Francisco.

O carismático polonês Karol Wojtyla marcou a história dos católicos com seus 27 anos de pontificado como João Paulo Segundo, mas deixou para trás uma Igreja manchada por diversos escândalos, entre eles, os de pedofilia.

Em um livro recentemente publicado na França pela editora Albin Michel, “O Homem que não queria ser papa”, em tradução livre, o especialista de Vaticano, Nicolas Diat, descreve Bento 16 como um homem simples e exigente, traído pelos seus colaboradores mais próximos, especialmente após as revelações do caso conhecido como “Vatileaks”. “Se teve um papa obrigado a combater a mediocridade, a baixeza e os rancores dentro e fora da Igreja, ele foi, sem dúvida alguma, Bento 16”, avalia.

O cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, tido como um dos amigos mais fiéis de Bento 16 em seus momentos mais difíceis, afirmou que ele era o “homem a ser eliminado” por muitos dentro da Cúria.

Em entrevista ao diário Il Giornale, Bertone disse que Bento 16 tinha tomado a decisão de renunciar há muito tempo, antes de oficializá-la. “Ele sentia o peso da idade e sobretudo que, para governar o barco de Pedro, e enfrentar os desafios da Igreja hoje em dia, seria preciso ter um vigor físico e espiritual”.

 

 

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