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Suíça/Imigração

Presidente da Suíça chora com vitória do "sim" em referendo sobre limite da imigração

Neste domingo (9), o presidente da Suíça, Didier Burkhalter, chorou na coletiva de imprensa ao saber o resultado do referendo sobre o fim da "imigração em massa" e a reintrodução do sistema de cotas. A Comissão Europeia lamentou a vitória do "sim" e anunciou que vai analisar as consequências nas relações com o bloco.  

O presidente e chanceler da Suíça, Didier Burkhalter, chora durante coletiva com o resultado do referendo.
O presidente e chanceler da Suíça, Didier Burkhalter, chora durante coletiva com o resultado do referendo. Reuters/Thomas Hodel
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O "sim" falou mais alto, mas reflete a divisão dos suíços sobre a questão: 50,3% a favor, uma diferença quase inexistente. A votação teve um índice de participação de 56%, bem superior aos 44% habituais dos referendos.

O texto foi proposto pela direita populista, o partido UDC, que tem maioria no Parlamento. Para ser aprovado foi preciso uma dupla maioria, a do cantões e a dos eleitores. A Suíça, com oito milhões de habitantes, é dividida em 26 cantões, que têm uma estrutura federal e uma grande autonomia.

Por quê o referendo?

A Suíça não faz parte da União Europeia, mas vive cercada pelos membros do bloco. Depois de cinco anos de árduas negociações de acordos bilaterais, ela abriu seu mercado de trabalho aos 500 milhões de trabalhadores ativos da União. Quando a livre circulação entrou em vigor, a partir de 2002, as autoridades suíças decidiram que todos os anos  8.000 novos estrangeiros poderiam entrar em seu território para trabalhar.

Mas o contexto da crise econômica no Velho Continente mudou o panorama. Em excelente situação econômica, a Suíça passou a acolher em torno de 80 mil pessoas por ano, o que provocou a indignação do partido nacionalista UDC, que pediu a organização do referendo.

Consequências do "sim"

A imagem do presidente suíço, Didier Burkhalter, chorando na coletiva de imprensa, reflete bem o problema que o resultado do referendo significa para o governo e o empresariado do país.

A Suíça deve restabelecer as cotas para os imigrantes em função de suas necessidades, um sistema que era adotado antes dos acordos bilaterais com a União Europeia. As cotas são sinônimo de dificuldades administrativas que infernizam a vida dos empregadores e comprometem os acordos com a União Europeia sobre a livre circulação.

A prova é que o próprio governo, a maioria dos partidos políticos e o patronato se pronunciaram a favor do "não". Para os empresários, frear ou dificultar a imigração significaria o fim da prosperidade no país. A União Europeia, por seu lado, já avisou que se a Suíça suspender o acordo de livre circulação, todos os outros acordos bilaterais podem ser questionados.

A Comissão Europeia lamentou o voto que introduz a cota de imigração e anunciou que vai examinar as implicações do resultado no conjunto das relações entre União Europeia e Suíça.

O partido UDC, feliz com o resultado, responde que se trata de uma questão de soberania nacional e que sua nação não deve se curvar diante das ordens do bloco europeu.

Atualmente, a maioria dos imigrantes que trabalha na Suíça é de italianos e alemães, seguidos pelos portugueses e franceses.

 

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