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Croácia/Casamento gay

Croatas votam contra o casamento gay em referendo

O croatas votaram neste domingo, 1° de dezembro de 2013, a favor de uma revisão da Constituição para impedir o casamento homossexual, em um referendo reivindicado por ongs conservadoras mas julgado discriminatório por militantes dos direitos humanos. Segundo os resultados oficiais após apuração de quase 99% dos locais de votação, 65,7% dos croatas responderam "sim" à frase perguntando se o casamento deveria ser inscrito na Constituição como "a união entre um homem e uma mulher".

Os croatas votaram a favor de uma emenda à constituição para impedir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Os croatas votaram a favor de uma emenda à constituição para impedir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. REUTERS/Gonzalo Fuentes
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Três horas antes do fechamento dos locais de votação, o índice de participação (26,75%) era bem menor do que o registrado no mesmo horário (33,79%) durante o referendo sobre a adesão da Croácia à União Europeia em 2012, e que no final da votação havia chegado a somente 43%.

Essa ex-república iugoslava de 4,2 milhões de habitantes se tornou recentemente membro da União Europeia. A Igreja católica é muito influente e apoiou a organização do referendo.

"O casamento é o fundamento da família e da sociedade. Os croatas têm o direito de dizer se para eles o casamento é a união entre um homem e uma mulher", declarou Zeljka Markic, presidente do coletivo conservador "Em nome da família", que lançou a ideia do referendo.

Korana Horvat, uma estudante de 24 anos, votou "não". "Nenhuma discriminação pode ser benéfica, ela abre o caminho para novas discriminações", disse ela.

O governo de centro-esquerda dirigido por Zoran Milanovic havia pedido nos últimos dias que os cidadãos votassem contra essa emenda.

"Esse é um referendo triste e insensato (...), espero que seja a última vez que tenhamos que organizar uma votação dessa maneira e sobre essas questões", declarou Milanovic à imprensa depois de ter votado.

"A Constituição deveria especificar quais são as questões que podem ser submetidas a referendo e quais não deveriam, que representam a intimidade da família", acrescentou ele.

Mas, para o chefe do principal partido de oposição (HDZ, direita nacionalista), Tomislav Karamarko, votar "sim" significa "proteger os valores tradicionais".

"Não se trata de ameaçar os direitos dos outros, mas de manter nosso direito de ser o que somos. Infelizmente, nós temos, para fazer isso, que introduzir na Constituição algo que é natural", disse ele.

Por sua vez, o chefe do Estado, Ivo Josipovic, notou que "a questão posta era de ordem ética e não mudaria grande coisa". "A mensagem e os resultados (da votação) devem, no entanto, ser respeitados", disse ele.

"Eu percebo que estão utilizando métodos democráticos para ameaçar valores fundamentais da democracia. É a maioria que deve lutar pelos direitos das minorias", avaliou Eugen Pusic, que milita em defesa dos direitos humanos.

A Croácia, que aderiu à União Europeia em julho, percorreu um longo caminho desde sua primeira Gay Pride, em 2002, quando os participantes do desfile haviam sido agredidos por extremistas. Desde então, a atitude em relação aos direitos dos homossexuais gradualmente melhorou.

Em 2003, a Croácia concedeu aos casais de mesmo sexo os mesmos direitos que aos heterossexuais que vivem em uma união livre, incluindo uma espécie de reconhecimento da comunhão de bens.
 

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