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Europa/ imigração

Enquanto líderes debatem imigração, mais 700 clandestinos são resgatados do mar

Setecentos imigrantes da África foram resgatados na madrugada desta sexta-feira no canal da Sicília (sul da Itália), em várias operações coordenadas pelas autoridades italianas, enquanto os líderes da União Europeia debatiam em Bruxelas como enfrentar o fenômeno da imigração ilegal. Ao menos cinco operações de resgate permitiram socorrer os imigrantes, entre eles mulheres e crianças, afirmou a marinha italiana.

Premiê italiano, Enrico Letta, falou sobre o tema em Bruxelas.
Premiê italiano, Enrico Letta, falou sobre o tema em Bruxelas. REUTERS/Yves Herman
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 A imigração, que era inicialmente um dos focos da cúpula, acabou sendo ofuscada pelas denúncias de espionagem dos Estados Unidos a governos europeus. Os dirigentes do bloco se comprometeram a se unir para tratar sobre os problemas ligados à imigração ilegal através do mar Mediterrâneo, mas discordaram sobre a data-limite para as ações, fixada em junho de 2014, depois das eleições europeias.

 O premiê italiano, Enrico Letta, se disse satisfeito com as conclusões das reuniões sobre o tema. “Nós lutamos para impor a questão das migrações e para que as conclusões determinem um conteúdo operacional. Elas são satisfatórias, em relação às nossas expectativas, porque incorporaram o conceito de solidariedade”, declarou, ao final do encontro. O primeiro-ministro pressionou os líderes a aumentar a ajuda a países do Mediterrâneo, incluindo Itália, Grécia e Malta, que têm recebido o maior impacto da crise.

Uma política comum sobre a imigração, entretanto, ainda está longe de ser adotada. Os ministros do Interior de cada país deverão debater o assunto na próxima reunião, prevista para dezembro. Os tratados europeus preveem o compartilhamento das responsabilidades, mas os países do norte se recusam a assumir compromissos. A análise dos pedidos de asilo cabe aos países onde os imigrantes chegam, e 24 dos 28 membros da União Europeia se recusam a alterar esta regra para torná-la uma responsabilidade do bloco.

Por enquanto, as respostas da UE para o problema são reforçar o diálogo com os países de onde os imigrantes partem e por onde transitam. Os europeus também vão reforçar os recursos da agência para as fronteiras Frontex. Além disso, o novo sistema Eurosur, que vigia as fronteiras dos países com margens no Mediterrâneo, deverá estar operacional a partir de dezembro.

Mais navios de imigrantes resgatados

Enquanto isso, cerca de 700 novos imigrantes clandestinos foram resgatados no canal da Sicília (sul da Itália) nesta madrugada pelas autoridades italianas. A embarcação "Cigala Fulgosi" auxiliou primeiro um grupo de 99 pessoas que estavam em um barco à deriva 185 km ao sul da pequena ilha de Lampedusa, informou em um comunicado a marinha. A corveta "Chimera" resgatou, por sua vez, 219 pessoas que viajavam nas mesmas condições a 70 km da ilha, acrescentou a mesma fonte.

Além disso, três embarcações da guarda-costeira italiana socorreram 300 imigrantes que estavam em duas embarcações e um cargueiro resgatou outros 90 localizados 200 km ao sul de Lampedusa, segundo um comunicado da guarda costeira. O delicado fenômeno da imigração ilegal, que se intensificou nos últimos meses com a onda de barcos lotados de africanos, que atravessam o Mediterrâneo, é um dos temas do dia em Bruxelas, onde acontece a cúpula de chefes de Estado e de Governo dos países-membros. A Itália quer evitar que se repitam dramas como o que neste mês deixou mais de 400 mortos em dois naufrágios em frente à costa de Lampedusa.

Protesto de imigrantes em frente a Parlamento italiano

Paralelamente, uma centena de refugiados eritreus protestaram em Roma em frente à sede do Parlamento para denunciar a sistemática violação dos direitos humanos por parte do regime de Isaias Afeworki, uma situação que obriga 3.000 cidadãos deste país a fugir todos os meses. "Basta com o medo, basta com a ditadura", afirmavam os manifestantes. “Ofereçam-nos proteção em vida, e não flores de mortos", afirmava um cartaz.

Mais de 33.000 imigrantes ilegais chegaram à Itália em 2013, a maioria deles provenientes de Somália, Eritreia e Síria, pessoas que fogem de guerras civis, da fome e de regimes opressores.

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