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Saúde

Consumo de drogas sintéticas cresce em ritmo alarmante na Europa

Ainda que a maconha e a cocaína continuem a ser as drogas ilícitas mais consumidas na Europa, o surgimento de novas drogas sintéticas é cada vez mais alarmante. Apenas em 2011, o Sistema Europeu de Alerta Precoce (EWS, na sigla em inglês) detectou o aparecimento de 49 novas substâncias. Em 2012, já são 50 novas drogas. Nos últimos seis anos, 164 substâncias chegaram ao mercado. Estes dados foram publicados nesta quinta-feira, no relatório anual do Observatório Europeu de Drogas e Toxicomanias (OEDT).

Drogas tradicionais declinam na preferência dos usuários, enquanto as sintéticas ganham espaço
Drogas tradicionais declinam na preferência dos usuários, enquanto as sintéticas ganham espaço
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O responsável pela unidade de política e avaliação do OEDT, Frank Zobel, conta que estas drogas chegam ao consumidor pelos caminhos mais diversos: "há o mercado negro, mas também a venda pela internet ou em lojas especializadas de determinados países". Desde janeiro, 693 lojas online comercializam substâncias psicoativas chamadas de "euforizantes legais" que, em vários casos, têm componentes ilegais.

Mas estes componentes nem são o maior motivo de preocupação. O problema maior são os elementos desconhecidos na composição das drogas, que podem trazer consequências absolutamente inesperadas à saúde dos usuários. "Não sabemos que efeitos estas substâncias têm a curto ou longo prazo", explica Zobel. "Temos alguns casos de morte relacionadas a algumas substâncias, mas não temos como saber em todos os casos se a droga é a única responsável. É preciso fazer estudos, demora para sabermos os efeitos destas drogas no corpo humano".

Preços, consumo e apreensão

A maconha é a droga ilícita mais consumida na Europa, informa o relatório anual do Observatório Europeu de Drogas e Toxicomania. De acordo com o texto divulgado nesta quinta-feira, cerca de 80,5 milhões de europeus entre 15 e 64 anos (23,7% da população adulta) fumou maconha ao menos uma vez na vida. Ao longo deste ano, foram 23 milhões (6,8%) e, no último mês, 12 milhões (3,6%).

Como se pode supor, a droga mais consumida é também aquela que mais circula pelo território europeu e gera o maior número de apreensões. Só no ano de 2010, foram apreendidas 564 toneladas de haxixe (resina feita a partir do cannabis), 106 toneladas de erva e 3,1 milhões de plantas. O preço do haxixe na Europa varia de 3 a 17 euros o grama, enquanto a erva custa entre 3 e 25 euros o grama.

A cocaína, segunda colocada em número de consumidores, é a mais cara entre as drogas reportadas pelo Observatório, custa entre 49 e 74 euros o grama. Cerca de 15,5 milhões de europeus já experimentaram a droga, 4 milhões cheiraram durante o ano e 1,5 milhão, no mês. Em 88 mil batidas, a polícia apreendeu 61 toneladas de cocaína na União Europeia.

O drama da heroína

Apesar de estar no pé da pesquisa em número de consumidores, depois do ecstasy e da metanfitamina, a droga que mais preocupa especialistas é a heroína. Apenas 1,4 milhão de europeus podem ser considerados dependentes de heroína, mas entre eles, aparecem as maiores taxas de mortos, doentes, ou pessoas em tratamento. Para se ter uma ideia do perigo, o consumo de heroína é responsável por 4% de todas as mortes de jovens na Europa. Em 2010, mais de 710 mil dependentes desta droga cara - custa entre 24 e 74 euros o grama - estavam em tratamento no continente.

Na Grécia e na Romênia, o consumo de drogas injetáveis trouxe um dado inquietante para a pesquisa: um aumento exponencial nos casos de contaminação por HIV. Na Grécia, até 2010, o número de infectados por agulhas nunca ultrapassou 19 por ano. Em 2011, foram 241. Na Romênia, os números são similares: de um a seis casos por ano até 2010, contra 114 casos em 2011.

Para Zobel, a crise da econômica tem parte da culpa nestes casos. "A crise trouxe uma limitação dos recursos", ele analisa. Em situações como essa, as pessoas ficam mais suscetíveis a correr riscos - como o compartilhamento de seringas - para economizar. Este tipo de análise é necessária, acredita o pesquisador, para responder aos desafios de um mercado da droga cada vez mais complexo e dinâmico.

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