Relatório aponta erros da Scotland Yard em investigação das escutas ilegais

O relatório do comitê parlamentar britânico que participa das investigações do escândalo dos grampos do News of the World aponta erros tanto por parte da polícia britânica, Scotland Yard, quanto da News International, empresa do conglomerado de Rupert Murdoch que controlava o tabloide dominical.

O Premiê britânico, David Cameron, é uma das peças centrais do escândalo Reuters

Fernanda Nidecker, correspondente da RFI em Londres

O documento diz que a News International tentou impedir “deliberadamente” uma investigação criminal conduzida entre 2005 e 2006. Ao mesmo tempo, a polícia “não se esforçou muito” para examinar uma quantidade enorme de dados que poderiam ter identificado quem estava por trás das escutas telefônicas como também as vítimas.

Na manhã desta quarta-feira, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um pronunciamento sobre o caso numa sessão extraordinária na Câmara dos Comuns. Ele deve dar mais detalhes do inquérito aberto na semana passada e sugerir critérios de transparência no relacionamento entre jornais e políticos.

Cameron é uma das peças centrais deste escândalo por ter contratado Andy Coulson para comandar o departamento de comunicação do governo. Coulson foi editor do News of the World e renunciou em 2007 acusado de envolvimento nos grampos. Ele deixou o governo em janeiro deste ano.

A situação do premiê pode se complicar ainda mais depois de um ex- Comissário de Polícia, que renunciou na segunda-feira, ter revelado que o chefe de gabinete de Cameron pediu que ele não se interasse sobre os novos dados que surgiram na investigação em setembro do ano passado.

Na terça-feira, os Murdoch e seu braço-direito, Rebekah Brooks, deram depoimento aos parlamentares. Eles pediram desculpas a milhares de vítimas dos grampos e negaram qualquer envolvimento no caso. Também foram interrogados os dois ex-Comissários da Scotland Yard, que pediram demissão após acusações de envolvimento com um ex-executivo do News of the World que teria autorizado parte das escutas ilegais.