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Esporte em foco

"La Parisienne", a corrida para mulheres da capital francesa

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Ao som de ritmos como batucada, rock e gospel, mais de 25 mil mulheres correram neste domingo (9) os sete quilômetros da já tradicional "La Parisienne".

A 22ª edição da corrida "La Parisienne" , só para mulheres, na capital francesa.
A 22ª edição da corrida "La Parisienne" , só para mulheres, na capital francesa. facebook.com/La.Parisienne.course
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"A parisiense" (em português), é a principal corrida na capital francesa dedicada apenas às mulheres e acontece uma vez por ano, no mês de setembro. Neste domingo, o evento celebrou sua 22ª edição, reunindo atletas de várias idades, perfis e nacionalidades.

O percurso é uma atração em si. A largada é nos arredores da Torre Eiffel e o trajeto passa por lugares míticos e monumentos famosos antes da chegada no Arco do Triunfo pela Champs Elysées, considerada a avenida mais bonita do mundo.

A corrida já faz parte do calendário dos eventos esportivos mais esperados do ano, principalmente pelo público alvo da “Parisienne”.

Pode parecer curioso, mas a iniciativa de criar uma corrida exclusivamente feminina é de um homem. O francês Patrick Aknin, ex- produtor de rádio e com larga experiência na organização de maratonas, percebeu a necessidade de promover uma corrida apenas para mulheres.

“Durante 10 anos eu organizei a Maratona de Paris e percebi que nunca falávamos das mulheres. Os jornalistas esportivos, é preciso dizer, são muito machistas, e nunca falavam sobre elas. E a corrida surgiu no dia em que me conscientizei de que a performance das mulheres é muito superior à dos homens, mas ninguém falava nada. Pensei, é preciso criar uma corrida só para elas. A ideia se desenvolveu, deixei a organização da maratona de Paris e negociei com a prefeitura da cidade. Assim criamos o evento”.

Grupo de corredoras francesas que participam todos os anos da “La Parisienne” fantasiadas. Este ano, elas correm com o chapéu inspirado em Nova York, cidade homenageada este ano.
Grupo de corredoras francesas que participam todos os anos da “La Parisienne” fantasiadas. Este ano, elas correm com o chapéu inspirado em Nova York, cidade homenageada este ano. E. Ramalho

Para não concorrer com outras corridas já tradicionais no país, Patrick Aknin explica não queria uma prova com espírito de competição.

“Nao queria que fosse uma prova competitiva, mas que elas pudessem passar um momento agradável juntas. Percebi que muitas delas tinham feito um pouco de esporte, depois pararam para ter filhos e queriam voltar. E eu não me enganei. A média de idade da “Parisienne” é de 38 anos. Ninguém compete nessa idade. Claro que há muitas jovens que correm na “Parisienne” e depois vão disputar maratonas, mas a maioria é para passar momentos alegres com as amigas, cuidarem-se de si mesmas. Foi assim que concebemos esse evento, e o mais importante é que seja num ambiente muito alegre, convivial. Tudo embalado por muita música, o que não havia antes”.

Brasileira na organização

O francês Patrick Aknin, idealizador da corrida La Parisienne  ao lado de sua mulher brasileira Mara Aknin.
O francês Patrick Aknin, idealizador da corrida La Parisienne ao lado de sua mulher brasileira Mara Aknin. E. Ramalho

Patrick Aknin é casado com a baiana Mara, que também trabalha na organizão da “Parisienne”. Ela comenta o que faz do evento um sucesso a cada ano.

“As mulheres se sentem mais à vontade para começar o esporte entre elas, e não com a visão e o julgamento dos homens. É mais à vontade, é um conforto para elas”, relata.

Mara lembra ainda que, apesar de ter o nome de “A Parisiense”, a corrida atrai corredoras de diferentes perfis e nacionalidades.

“Tem todos os perfis e de várias nacionalidades, que se encontram na corrida. Hoje, por exemplo, conheci uma colombiana que irá correr pela primeira vez. Isso também é a Parisienne”, diz.

Desde o início, há 22 anos, a corrida atraiu muitas mulheres e a empresa organizadora viu também uma oportunidade de oferecer atividades diversificadas em torno da corrida. Atualmente, são três dias com um programação intensa no Campo de Marte, petinho da Torre Eiffel que inclui treinamentos para a corrida, mas também aulas de yoga, danças em música.          

No local, estandes de produtos e serviços focados para o universo feminino tentam atrair a atenção das corredoras. Muitas delas se inscreveram individulamente, mas um grande número vem também em grupos.

Um deles foi formado pela estilista de chapéus Cécile Guiot. Corredoras há vários, ela reuniu as amigas interessadas em correr e para estimulá-las, e ao mesmo tempo promover seu trabalho, Cécile criou um ateliê para confecionar um chapéu especial para ser usado durante a corrida.

Este ano, com Nova York como cidade homenageada, o acessorio foi inspirado nos famosos taxis amarelos da “Big Apple”. “Não é uma fantasia, mas é quase”, brinca.

“A ideia principalmente é de participar da “Parisienne”, de explorar ao máximo esse aspecto feminino, por isso esse chapéu para reforçar o lado glamour para essa atividade esportiva, para essa corrida”, explica.

Uma das amigas, Fabienne, resume o espírito do grupo e da participação no evento. “É um momento de reencontrar as amigas, de dividir essa alegria. Não temos todas o mesmo nível esportivo, mas temos um grande prazer de nos reencontrarmos”

Karima, que vive em uma cidade da periferia de Paris, diz porque se sente tão motivida a aprticipar da Parisienne pela quarta vez.

“Durante muitos anos, existiu uma discriminação em relação às mulheres. É extraordinário estar apenas entre mulheres, e um desafio também mostrar que somos capazes de correr sete quilômetros”, diz. Este ano, ela convenceu sua amiga Séverine a colocar tênis e treinar para enfrentar os sete quilômetros na corrida dominical.

“É a primeira vez que eu participo da Parisienne. Fiquei muito motivada para correr no grupo de uma amiga. Temos mais ou menos o mesmo perfil, e o mais importante é se divertir. Não é pelo cronômetro, para ser competitiva, mas para estar entre amigas”, diz Séverine.

Na França, há mais de 600 corridas mixtas e cerca de 60 dedicadas apenas às mulheres, como “La Parisienne”. 

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