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Copa de 2018

Fim do sonho do hexa: frustração e desejo que Tite continue

A eliminação do Brasil nas quartas de final para a Bélgica doeu demais em toda a delegação brasileira. A equipe volta para casa com a sensação de que poderia ter ido mais longe no Mundial, e muitos jogadores expressaram a convicção de que é preciso dar continuidade ao trabalho feito pelo treinador Tite e seus auxiliares.

Tite apreciou o desempenho da Seleção Brasileira apesar da eliminação para a Bélgica nas quartas de final.
Tite apreciou o desempenho da Seleção Brasileira apesar da eliminação para a Bélgica nas quartas de final. REUTERS/John Sibley
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Enviado especial a Kazan

A seleção brasileira embarca neste sábado (7) às 15h45 de Kazan , 9h45 pelo horário de Brasília, de volta ao Brasil. O voo faz escala em Madri. Alguns jogadores desembarcam na manhã de domingo (8) no Rio de Janeiro, outros seguem para outros destinos. Ontem, eles falaram da decepção pela derrota para a Bélgica e eliminação da Copa do Mundo.

“Está difícil, muito difícil falar com vocês agora”, insistiu Tite durante a tradicional coletiva após a partida na Arena Kazan, palco da derrota e da eliminação da seleção na Copa da Rússia. Visivelmente decepcionado com o fracasso de levar o Brasil ao hexa, o treinador se expressou ao lado de seus principais auxiliares e abriu o coração.

“É muito duro falar, dessa forma, mas foi um p... jogo. Duas equipes com qualidade técnica impressionante. Com toda a dor que estou sentindo, com todo amargo, com toda a dificuldade de vir falar com vocês, tenho discernimento. Quem gosta de futebol, vai assistir esse jogo e ter prazer.”

Segundo Tite, o Brasil tinhas dois terços da partida na mão, mas pecou na eficiência. Ele recordou os gols desperdiçados pela seleção e elogiou a atuação do goleiro belga Courtois, que segundo ele, estava “iluminado” e foi o melhor em campo. “Ele fez a diferença”, garantiu.

Tite evocou o aspecto aleatório para tentar explicar porque a Bélgica chegou a dois gols em três oportunidades, e o Brasil, com muito mais chutes e lances ofensivos, como a bola de Thiago Silva na trave, marcou apenas um.

“O futebol tem o ‘aleatório’, mas não falo de sorte. Sorte é uma maneira educada de desprezar a competência da gente. Teve competência do outro lado. A Bélgica teve competência”, afirmou.

O técnico disse que não era o momento de falar de seu futuro no comando da equipe e deixa para observadores e imprensa avaliar seu legado à frente do grupo. Sobre o apoio da torcida, que não vaiou e apenas procurou incentivar o conjunto a reverter o placar, Tite justificou: “O torcedor sabe avaliar o que aconteceu dentro de campo. Ele enxerga, talvez por isso ele passe esse carinho para os jogadores”.

Gabriel Jesus: “parece que tiraram um pedaço de mim”

Mais de duas horas depois do término da partida, os jogadores saíram do estádio cabisbaixos, expressando a imensa decepção com o resultado. Neymar não quis responder aos pedidos de jornalistas, ao contrário de muitos jogadores que aproveitaram a ocasião para fazer avaliações individuais e coletivas da equipe.

Gabriel Jesus, que não marcou nenhum gol na Copa – entrando assim para a história recente do futebol brasileiro como o camisa 9 que não balançou as redes nem na fase de grupos –, saiu muito marcado por essa Copa.

“É frustrante, falando individualmente. Eu que me cobro muito, trabalhei e trabalho muito. É difícil abdicar de muitas coisas e chegar num torneio tão grande... Todos sabem que é um sonho jogar a Copa do Mundo”, disse. “Depois da estreia se tornou uma obsessão, já estava vivendo o sonho. Muito frustrante, vai ser difícil assimilar isso. Parece que tiraram um pedaço de mim”, completou.

William, substituído no segundo tempo e uma das esperanças ofensivas que ficou devendo grandes atuações na competição, desabafou: “Vou pensar o que fazer e esfriar a cabeça. A tristeza é muito grande. A gente tinha confiança de poder chegar à final desta Copa do Mundo”.

Paulinho, que admitiu um desgaste físico maior do que os outros jogadores, procurou relativizar a desilusão. “Agora é assumir a responsabilidade da desclassificação. Pecamos em alguns minutos da primeira parte, que acarretou isso.”

O meio atacante considerou injusto o placar, pelo volume de jogo da seleção, mas também reconheceu a superioridade do adversário. "Temos que dar méritos à seleção da Bélgica por ter grandes jogadores, mas falando no geral, no todo da partida, foi injusto”, completou.

Em tom de despedida da seleção, Miranda, de 33 anos, fez alusão ao aprendizado para as futuras gerações. “Para muitos jovens que estão aqui, fica o legado de que fizeram uma grande Copa do Mundo, e saio confiante de que, quem for disputar a próxima Copa, vai ter uma grande seleção que vai fazer de tudo para ganhar.” Sem descartar novas convocações, ele considera seu o fim de seu ciclo praticamente definido. “É difícil falar em despedida ou se eu vou seguir. São ciclos e temos que respeitar isso. Na próxima Copa já vou estar com bastante idade, e tem que preparar muitos jovens com potencial pela frente.”

Tite e sua equipe devem permanecer

Ao olhar para o futuro, muitos jogadores já saíram em defesa do trabalho desenvolvido por Tite e sua comissão técnica. Muitos deles deixaram o estádio apostando numa continuidade de seu trabalho.

“Não cabe a nós jogadores falar, mas obviamente torcemos para que se mantenha [a comissão]. Nós jogadores estamos felizes porque quando chegava gente dentro de campo, chegava tudo correto, sabia como deveria fazer, se posicionar, se não desse de uma forma, tínhamos outro plano”, lembrou Paulinho. O meio atacante, que sempre contou com a confiança de Tite, reforçou: “Torço para que se mantenha. É um grupo maravilhoso. Vai ser difícil por um tempo, mas vamos [embora] de cabeça erguida”.

“O trabalho está sendo bem-feito. Infelizmente, fomos desclassificados, mas o trabalho está sendo bom. O Tite e a comissão, desde que chegaram, mostraram um trabalho de muita qualidade, de excelência. Então, deve continuar trabalhando. É claro que tem erros, mas tem muito mais pontos positivos do que negativos”, avaliou Paulinho.

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