Eles atravessaram o Oceano Atlântico e viajaram mais de 14 mil quilômetros para torcer por suas equipes e também conhecer e descobrir um novo país. Para muitos brasileiros, mexicanos, peruanos e outros povos da América Latina, a Copa do Mundo de futebol é a oportunidade para mudar a imagem do povo russo.
O mexicano Javier fez uma comparação com outros Mundiais que assistiu: “O povo russo tem sido um bom anfitrião. Tem tratado as pessoas muito bem. E estamos muito contentes de estarmos na Rússia. Fui na Copa da Alemanha em 2006, mas essa a superou, pelo povo. Em qualquer cidade é o melhor tratamento não só para os mexicanos, mas para todo mundo”.
Passeando com um grupo de amigas nas ruas de Sochi, a peruana Paola Bera constatou que a imagem que tinham do país não corresponde à realidade:
“Dos russos, tínhamos uma imagem de que eram frios, muito fechados. Depois que os conhecemos, percebemos que são muito simpáticos, muito carinhosos, amáveis, cordiais. Eles nos ajudam em tudo que precisamos. E vamos embora muito contentes de tê-los conhecido, sua cultura e o país em si”.
Cordialidade russa é reflexo da paixão pelo futebol
A surpresa com a cordialidade dos russos é reflexo da satisfação dos anfitriões do Mundial em acolher o maior evento esportivo do futebol e milhões de turistas. Sergey, empresário de São Petersburgo, afirma que a grande maioria dos russos está muito feliz em sediar o evento.
“As pessoas em geral estão muito contentes. É claro que se você for procurar pessoas que não estão contentes, você vai encontrar, o que é normal. Mas, em geral, os russos estão totalmente felizes”.
Para facilitar o deslocamento dos turistas, o governo colocou à disposição o sistema de transporte público gratuito, até para viagens entre as cidades que sediam jogos.
Um grupo de colombianos se surpreendeu com os valores do transporte privado. Viajaram cerca de 300 Km entre duas cidades e ficaram impressionados com o preço negociado com o motorista de táxi.
“Tudo muito barato. Viemos de taxi de Kazan até Samara e pagamos 7 mil rublos, cerca de 110 dólares, ou seja muito barato. E a comida, excelente, muito boa”.
Tanto nas grandes cidades como Moscou e São Petersburgo, como nas cidades do interior, os russos têm se mostrado pacientes e receptivos. Para contornar a dificuldade da língua, muitas vezes o diálogo é feito usando um tradutor do smartphone.
Língua não é barreira
Douglas Silva Fonseca, professor de matemática de Uberlândia, passou por cinco cidades em apenas duas semanas utilizando os trens gratuitos disponibilizados pelo país aos turistas.
Além da capital, conheceu também São Petersburgo, Kazan, Nizhi Nogorov e desembarcou em Sochi, onde fazia 31°. Ele se sentiu como no seu próprio país. “O calor daqui lembra o do Rio de Janeiro. Está 31 graus, mas beirando os 38, 39, como no Rio. Está todo mundo na praia. Claro que o mar é diferente, mas já vou experimentar”, brincou.
No momento da entrevista, um russo interrompeu espontaneamente a conversa e brincou com o brasileiro que usava a camiseta da seleção. Fonseca diz só ter entendido ele falar que a Rússia seria campeã. “O resto não deu para entender”, disse, sorrindo.
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