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Fotógrafa e repórter se tornam primeiras jornalistas iranianas a cobrirem Copa do Mundo

Mona Hoobeh Fekr e Samira Shimardi entraram para a história do jornalismo esportivo iraniano como as primeiras mulheres autorizadas a cobrirem uma Copa do Mundo pelo país. A decisão da Federação Iraniana de Futebol é considerada um passo importante para uma melhor abertura do regime à participação das mulheres no futebol.  

Mona (à esq.) e Samira são as primeiras mulheres a cobrirem uma Copa do Mundo pelo Irã.
Mona (à esq.) e Samira são as primeiras mulheres a cobrirem uma Copa do Mundo pelo Irã. Foto: RFI Brasil
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Do enviado especial a Saransk,

Proibidas de trabalhar ou assistir jogos nos estádios do Irã, as duas jornalistas se sentem privilegiadas e contaram com o apoio dos colegas e da Associação Internacional dos Jornalistas esportivos (AIPS) para poderem cobrir o evento. Elas integram um grupo de 60 profissionais de imprensa selecionados pela Federação iraniana de futebol para viajarem à Rússia.

Samira, de 33 anos, é repórter da agência de notícias Iran Varzeshi, especializada em esportes. Formada em jornalismo, ela trabalha no meio esportivo desde os 17 anos e diz estar realizando um sonho. “Eu amo futebol. Estou muito contente em poder entrevistar grandes jogadores do futebol mundial”, afirma, particularmente entusiasmada por ter conseguido falar com o zagueiro espanhol

Piqué.  A jornalista também se sente feliz por abrir as portas para a presença de outras mulheres no ambiente futebolístico. “É um grande passo, muito importante e espero que continue”, comenta. Ela prefere não comentar a decisão do governo de Teerã de proibir a presença de mulheres em partidas de futebol. No entanto, lembra que no jogo entre Irã e Espanha, pela segunda rodada do Mundial, as mulheres puderam ir ao estádio de Teerã pela primeira vez acompanhadas de seus maridos e filhos para assistirem a partida em telões.

Fotógrafa free-lancer para a agência Isna, Mona, de 32 anos, não sabe porque foi escolhida para trabalhar na Rússia. Formada em Artes pela Faculdade de Teerã, ela pensa que sua experiência na profissão, que começou aos 19 anos, possa ter contribuído para a escolha. “É histórico para as mulheres e para as fotógrafas iranianas. Espero que tenham mais fotógrafas da próxima vez cobrindo um Mundial e é interessante para todas as mulheres fotógrafas”, afirma.     

Mona segue os jogadores iranianos, mas gostaria de poder clicar também astros como Messi, e Cristiano Ronaldo, entre outros grandes nomes do futebol. Sem poder trabalhar em estádios de futebol no seu país, ela focaliza seu trabalho esportivo no atletismo feminino.

Nos centros para imprensa da Copa, elas são facilmente identificadas por serem as únicas a usarem o véu islâmico, uma obrigação quando estão exercendo a profissão fora do Irã. As duas seguem a seleção iraniana e ainda não sabe se vão continuar na Copa, caso a equipe seja eliminada.

O trabalho delas não é diferente dos outros profissionais de imprensa do país. Mas a presença delas é comemorada pelos jornalistas que as acompanham na missão profissional. “É a primeira vez desde a revolução islâmica que temos uma fotógrafa e uma jornalista. É um grande passo pelos direitos das mulheres jornalistas no Irã”, comemora Sadjad Firouzi, do diário Shargh.

“Outras jornalistas não conseguiram, mas temos duas. Estou 100% de acordo com a decisão da federação iraniana. É um passo para o futuro”, completa.

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