“Roland Garros é a alma do tênis brasileiro atualmente”, diz Guga ao ser nomeado embaixador do torneio
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O ex-tenista Gustavo Kuerten foi nomeado nesta quinta-feira (7) o primeiro Embaixador de Roland Garros pela Federação Francesa de Tênis. O cargo, segundo o tricampeão do torneio, vai garantir um novo impulso para o desenvolvimento do esporte no Brasil.
Ao nomear Guga como primeiro embaixador de Roland Garros, o presidente da Federação Francesa de Futebol, Bernard Giudicelli disse que a escolha é a continuidade de uma paixão entre o torneio, o ex-tenista e o público parisiense.
Na entrevista de imprensa, Giudicelli lembrou que o tricampeão sempre foi o “queridinho” dos torcedores locais e se tornou um “ícone mundial”. “Ele é um dos campeões que melhor encarna o torneio. Ele conquistou o público com sua competitividade, simpatia e sorriso legendário”, completou.
O presidente da Federação lembrou que as conquistas de Guga na terra batida projetaram o Grand Slam francês no Brasil. “Ele ofereceu uma grande visibilidade para o torneio e para o tênis em geral. Somos extremamente gratos a ele”, acrescentou.
Tricampeão do torneio (1997, 2000 e 2001), Guga disse que Roland Garros é a Copa de Mundo de Tênis para os brasileiros. No papel de embaixador, quer usar sua história para inspirar as novas gerações e projetar ainda mais o esporte.
“É um orgulho imenso e também uma oportunidade de continuar envolvido com esse torneio, com as memórias, as histórias, e a inspiração que existe de Roland Garros para o mundo, especialmente para o Brasil”, declarou em entrevista exclusiva à RFI Brasil.
“Esse torneio significa o espírito, a alma do tênis brasileiro atualmente. Se olhar clinicamente, é algo especial, superimportante”, acrescentou.
Impulsionar o tênis brasileiro
Com a escolha de Guga como embaixador, a Federação Francesa de Tênis quer dar novo impulso ao esporte no Brasil por meio do reforço de parcerias com a Confederação Brasileira de Tênis e com instituições e centros de treinamentos.
“Guga é o melhor embaixador para expandir o tênis, os negócios vêm em segundo lugar", disse Giudicelli ao lembrar do trabalho desenvolvido pelas Escolinhas Guga.
Gustavo Kuerten exaltou as parcerias feitas pela FFT com a Confederação Brasileira de Tênis para dar apoio ao desenvolvimento da modalidade no país. “Esse oxigênio é muito importante, pode ser transformador. Isso é o que estamos precisando”, avalia.
“Na parte simbólica é importante para transmitir e representar os valores do torneio. Além disso estamos muito com a mão na passa, fazer, produzir. No Brasil, a grande maioria das quadras é de saibro”, lembra o ex-tenista, em referência ao piso das quadras do Aberto da França.
Sobre sua missão, Guga destaca o compromisso de avançar para consolidar as infraestruturas de base.
“O papel com as parcerias da Confederação (de Tênis) e com os clubes que se associarem é identificar e costurar a ideia de Roland Garros, que é um torneio vitorioso e virtuoso, na cabeça dos jogadores brasileiros. Esse é o papel do embaixador de fábrica”, brinca.
Guga aposta no trabalho do dia-a-dia com os treinadores, jogadores e também no intercâmbio da comunidade do tênis brasileiro com os europeus. Ele pretende, além disso, estimular a ida de profissionais da França para o Brasil. “A casa está aberta, é preciso aproveitar”, assinala.
“Voltar a acontecer”
O catarinense é otimista com resultados a médio prazo para o tênis brasileiro, mas para isso, é preciso incentivar a vinda dos atletas juvenis para treinos e participações de torneios na Europa, onde deu um salto indispensável na sua carreira. “O ambiente no Brasil nem sempre favorece. Eu precisei vir para a Europa para amadurecer e entender que precisava dar mais de mim”, lembrou.
Nesta edição do torneio juvenil, o Brasil teve uma presença histórica com cinco atletas no quadro principal, o que deixou Guga entusiasmado. No entanto, o novo embaixador de Roland Garros constata que é preciso romper o estigma de que o país não é competitivo no alto nível e conseguir que uma geração “tenha um 'símbolo de vitória'”. “Precisamos construir um elo de conquista, sucesso e satisfação para o tênis brasileiro”, argumenta.
Desde que Gustavo Kuerten ergueu o troféu pela terceira vez, em 2001, nenhum outro tenista brasileiro chegou na fase final da competição. Mas ele ainda mantém esperanças de ver o hino brasileiro tocando após uma final.
“É possível vencer de novo aqui, chegar nas quartas, na semifinal… os brasileiros podem ser vitoriosos aqui. Isso aconteceu de uma maneira efêmera e precisa voltar a acontecer”, finaliza.
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