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Esporte em foco

Um ano depois, especialistas analisam o legado dos Jogos Olímpicos do Rio

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Um ano após a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, especialistas analisam o legado da Olimpíada para a cidade e seus moradores e falam também das perspectivas para as próximas edições, especialmente a de 2024, que deve ocorrer em Paris.

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro deixaram um déficit de milhões de reais, segundo procurador da República
Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro deixaram um déficit de milhões de reais, segundo procurador da República REUTERS
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A imprensa internacional tem sido bastante crítica em relação ao legado dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. A revista francesa Valeurs Actuelles, por exemplo, fez este mês uma reportagem sobre a situação da cidade e seus equipamentos olímpicos um ano depois. O texto começa com a palavra “caos”, fala em “desolação” e segue dizendo que o Rio de Janeiro vive, um ano após as Olimpíadas, “um pesadelo entre abandono, falência, retorno da violência e ‘medalha de ouro’ da corrupção”.

A RFI entrevistou o procurador da República Leandro Mitidieri, do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, que acompanha o caso das pessoas que foram removidas de suas casas, localizadas no circuito olímpico. Mitidieri acha que os gastos públicos foram muito altos e isso contribui para a situação atual do Rio. Além disso, o procurador destaca que existe uma pressão internacional para que o Brasil arque com o déficit de R$ 132 milhões deixado pelo Comitê Organizador dos Jogos.

“O legado das Olimpíadas do Rio de Janeiro é um grande problema a ser administrado. Estes grandes eventos esportivos são vendidos como eventos que vão custar muito abaixo do que realmente custam, que não vai ter recurso público envolvido e que deixarão um grande legado, mas não é o que acontece – e isso não foi só no Brasil”, disse o procurador.

Sustentabilidade

Os outros entrevistados têm uma visão mais otimista deste legado e destacam as melhorias no transporte público e as boas lembranças que os jogos deixaram para a cidade. Todos, porém, convergem num ponto: os próximos jogos devem focar na sustentabilidade, evitando construir equipamentos desnecessários.

O professor de Direito Esportivo e coordenador do curso em Gestão de Esporte da FGV-RJ, Pedro Trengrouse, acha que faltou planejamento, no caso dos Jogos do Rio, em que o Comitê Olímpico Internacional (COI) exigiu a construção de instalações novas, quando poderia ter utilizado boa parte do que foi construído para os Jogos Panamericanos, por exemplo.

Diz também que o Brasil não construiu uma agenda própria dos Jogos, se limitou a cumprir a agenda do COI. “Faltou um programa de investimento no esporte brasileiro”, disse. “Os Jogos devem servir ao país, e não o país servir aos Jogos”, é o conselho que ele dá para 2024 em Paris.

Aproveitamento da infraestrutura

Assim como Trengrouse, Saint-Clair Milesi, brasileiro responsável pela comunicação da candidatura do Rio de Janeiro como sede olímpica e que hoje desempenha o mesmo papel na candidatura de Paris aos Jogos de 2024, destaca o legado da melhoria nos transportes públicos e acha que a infraestrutura já existente na cidade-sede deve ser aproveitada, reafirmando a importância da sustentabilidade nas próximas edições dos Jogos.

Milesi destaca a nova agenda do COI, que traz a proposta de fazer Jogos mais sustentáveis e atribui a isso a seleção de Paris, que já conta, segundo ele, com 95% dos equipamentos necessários. O diretor de comunicação destaca a alegria e o bom acolhimento dos brasileiros como o ponto alto das Olimpíadas do Rio.

Paris ainda não foi oficialmente nomeada sede olímpica para 2024, o resultado sairá no dia 13 de setembro, em Lima, no Peru, mas a escolha já é dada como certa, em comemoração ao centenário dos jogos parisienses de 1924.

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