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Esporte em foco

Coletivos contra a Olimpíada em Paris solicitam referendo

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Especulação imobiliária, aumento dos aluguéis e dos impostos locais, poluição... Esses seriam alguns dos efeitos negativos da realização dos Jogos Olímpicos na capital francesa, segundo comunicado do coletivo Referendo Paris 2024. O grupo, que tem um site na internet, está coletando assinaturas para pedir ao Conselho de Paris a realização de uma consulta popular sobre a realização do evento.

Símbolo do movimento "Não aos Jogos Olímpicos 2024"
Símbolo do movimento "Não aos Jogos Olímpicos 2024" Reprodução
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O Comitê Olimpico Internacional (COI) decidiu que Paris e Los Angeles sediarão as Olimpíadas de 2024 e 2028. A escolha da edição de cada cidade será anunciada em setembro em Lima, no Peru.

Outro grupo, chamado Não os Jogos Olímpicos 2024, já entrou com a solicitação de um referendo. “Há três razões. Primeiramente esse evento vai arruinar a economia, porque o orçamento apresentado, de cerca de € 6 bilhões, não é nem realista nem crível. Um certo número de despesas não está previsto. Quando pensamos que a segurança, que representou cerca de € 1 bilhão em Londres, ainda não está orçada...", denuncia Frédéric Vial, membro do coletivo, em entrevista à rádio France Info.

O segundo ponto seria, "do ponto de vista orçamentário, gastos além do orçamento, principalmente nas infraestruturas, sobretudo de transporte". "E, além disso, vai ser um escândalo ecológico”, afirma.

Ele questiona as promessas da prefeitura, que garante que haverá respeito ao meio ambiente e o mínimo de impacto ecológico.

“A prefeitura disse que esses serão os jogos verdes, não dá para acreditar. Achar que atrairemos 3 milhões de pessoas e que elas chegarão a nado e que vão se locomover em carro elétrico ou bicicleta é completamente ridículo. E dizer que não haverá dejetos porque as pessoas vão comer em pratos de papelão que serão reciclados não é de maneira nenhuma crível.”

Excessos anteriores

Para Frédéric, os países que sediam as Olimpíadas nunca aprendem com os excessos cometidos nas edições anteriores porque há interesses econômicos por trás da organização.

“É necessário entender que ao COI interessa que os Jogos sejam sempre delirantes, e isso acontece sistematicamente desde 1992. Apenas o discurso mudou: falam de jogos sóbrios, razoáveis, podemos acreditar nisso como acreditamos no Papai Noel. O COI tem interesse de que as Olimpíadas sejam espetaculares porque é ele que tem os direitos de publicidade e de transmissão televisiva. Quem vai pagar os excessos que nunca deixarão de existir, como acontece a cada quatro anos? São os contribuintes. Em um cálculo rápido, chegamos a € 5 bilhões de estouro do orçamento. ”

Sobre o legado dos Jogos Olímpicos para Paris, o membro do grupo também é bastante cético. “Claro que os jogos servem para acelerar o projeto do Grand Paris Express, extensão do metrô à região metropolitana, mas é exatamente um dos seus problemas, porque isso tem um custo. Peguemos como exemplo a linha 17, por exemplo, que vai ligar Puteaux, no nordeste da capital, ao aeroporto Charles de Gaulle: o trecho que passará por EuropaCity, um complexo de lazer, já ultrapassou o orçamento em 500 milhões de euros", afirma.

Para ele, "são coisas que vão custar caro porque tem que ser acabadas a tempo". "A inauguração do Grand Paris Express estava prevista para 2030 ou 2032. Com os jogos, seria avançada para 2024 e, no melhor dos casos, 2028. Isso quer dizer que haverá uma explosão do orçamento.”

Presidente é defensor fervoroso

O presidente francês, Emmanuel Macron, tem sido um fervoroso defensor da realização dos Jogos, ao lado da prefeita de Paris, Anne Hidalgo. O chefe de Estado falou sobre a importância da Olimpiada em uma entrevista: “É um evento de mobilização e de orgulho para o país. É extraordinário. Ele muda a figura do país, com novas infraestruturas e uma espécie de comunhão que permite a transcendência. A França é um país que adora uma disputa num momento calmo, mas é capaz de se reconciliar e de ir mais longe que todos os outros quando há um desafio desse tipo. É um evento muito importante para o esporte francês, para a população e para o moral do país. ”

Para Frédéric Vial, trata-se de populismo: “É a política de pão e circo, investir na moral de um país é uma prática tão velha quanto o mundo, o imperador romano César já dizia: vamos dar pão e circo ao povo assim ele esquecerá seus problemas. Vamos aos números dos últimos jogos: Atenas 2004, 109% além do orçamento; Pequim 2008, 1.130%, Londres 2012, 127%, Rio 2016, 247%..."

As cidades de Hamburgo, Roma e Budapeste abandonaram a disputa por problemas financeiros ou desaprovação popular.

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