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Esporte em foco

“Brasileiro precisa vencer para 24 Horas de Le Mans ser mais conhecida no país”, diz Bruno Senna

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Com o Grande Prêmio de Mônaco e as 500 milhas de Indianápolis, a corrida 24 Horas Le Mans é considerada uma das provas míticas do esporte a motor. É a competição de longa duração mais tradicional do circuito e, desde 2012, faz parte do Campeonato Mundial de Endurance.

O brasileiro Bruno Senna
O brasileiro Bruno Senna JEAN-FRANCOIS MONIER / AFP
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Neste final de semana a prova, disputada em uma pista de 13,629 km na cidade que leva o nome da corrida e que fica na região centro-oeste da França, chegou à sua 85ª edição.

Na quinta participação das 24 Horas de Le Mans, o brasileiro Bruno Senna, que já foi piloto de diferentes categorias do automobilismo como a Fórmula 1, confessa que o nível de exigência para o piloto da corrida de Le Mans é alto.

“Le Mans é um desafio não só físico como mental. A cabeça tem que estar diferenciada de qualquer outra prova de endurance, de seis ou doze horas”, diz. “Em 24 horas, é muito difícil entender o progresso da corrida, porque as coisas mudam muito rápido e tem muitas chances de ter mudanças, de ter incidentes. Por isso, a importância de ter um carro bem consistente e ter boa sorte”, avalia.

JEAN-FRANCOIS MONIER / AFP

Além de um carro potente e do aspecto físico, Senna considera o esforço mental um fator determinante para quem está no volante. “O desafio mental é gigante. A gente tem que entrar no carro, faz seu trabalho, tem que prestar atenção com o tráfego, os fatores externos e, assim que sair do carro, tem que descansar porque vem mais vezes ainda enfrentando mais carros pela frente e tem que estar descansado, com a cabeça fresca para essas vezes”, explicou.

Parceira com filho de Alain Prost

Aos 33 anos, o sobrinho de Ayrton Senna corre em Le Mans na equipe formada com Nicolas Prost, filho do ex-piloto de Fórmula 1, Alain Prost. A referência aos familiares é inevitável.

“A gente tem uma relação diferente de nossos parentes. No final das contas, o Alain e o Ayrton sempre tiveram muito respeito um pelo outro, e no fim, as coisas ficaram mais tranquilas. Eu, com o Nico, a gente se deu bem desde o começo. É muito interessante ver as reações das pessoas quando estamos juntos. As pessoas têm muita saudade e ficam muito emocionadas quando nos veem correndo juntos, e estamos indo bem. Já temos dois pódios juntos, foram bem especiais”, destacou, em referência aos dois segundos lugares nas provas em Silverstone e Spa-Francorchamps, válidas pelo Campeonato Mundial de Endurance (WCE).

Além da parceria com Nicolas, Senna integra a mesma equipe Vaillante Rebellion da qual faz parte Nelson Piquet Jr., filho do ex-piloto brasileiro Nelson Piquet. Os dois defendem o mesmo time, mas são adversários apenas nas pistas da categoria LM P2.

“Correr com o Nelsinho é interessante. Nelsinho é nosso companheiro de equipe em outro carro. O Ayrton e o ‘Nelsão’ não tinham uma relação boa, mas assim como com o Nico, tenho uma boa relação com o Nelsinho e a gente se diverte. No caso do Nico, estamos para ajudar um ao outro e com o Nelsinho temos que andar na frente, mas tudo de forma positiva”, apontou.

JEAN-FRANCOIS MONIER / AFP

Na entrevista à RFI Brasil, Bruno Senna se disse impressionado com a evolução dos carros de uma edição a outra da prova.

“Os carros estão cada vez mais rápidos e a tecnologia cada vez mais confiável. Os carros de LM P2, por exemplo, estão mais de 10 segundos mais rápidos em cada volta. Isso é muito impressionante. Quando você olha para o fato de que em um ano, os carros terem um avanço de performance, mesmo com mudanças de regulamento, ganharem tempo em cada volta, é muito legal e para nós como pilotos é fantástico. Quanto mais rápido o carro, mas prazer você tem”, afirma.

Brasil não tem campeão na tradicional corrida

Apesar da longa história da competição, nenhum brasileiro ainda teve a honra de levantar o troféu de campeão das 24 Horas de Le Mans. Neste ano, oito pilotos do país, um número recorde, incluindo o experiente Rubens Barrichelo, foram inscritos.

Para Bruno Senna, esse aumento revela o interesse cada vez de pilotos pelas provas de endurance, mas para os fãs de esporte a motor, ainda é preciso um brasileiro ser campeão para a prova cair no gosto dos fãs.

“O torcedor, o público brasileiro ainda precisa de um vencedor brasileiro nesta corrida para se interessar de verdade por Le Mans porque a gente não tem uma cultura de endurance no Brasil. Espero que possa mudar isso”.

“O fato de ter oito brasileiros mostra que a categoria está competitiva. A gente tem interesse de mais lugares vindo para cá e espero que continue assim para os próximos anos e que a gente consiga um bom sucesso, para, se Deus quiser, a gente levar de volta o E para Interlagos para estarmos juntos com os brasileiros”, disse.

JEAN-FRANCOIS MONIER / AFP


Ser o primeiro brasileiro a vencer em Le Mans, seria um privilégio para Senna, que tem também outra motivação para triunfar na famosa prova de endurance.

“É muito difícil ganhar em Le Mans, os fatores são sempre um pouco fora de seu controle, mas a gente faz o melhor possível e, claro, ninguém chega aqui pensando em não vencer. Mas uma das minhas motivações que tenho é fazer crescer esporte no Brasil e levar um pouco mais a cultura do automobilismo pro país”.
 

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