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“Paris foca e trabalha só para Jogos de 2024”, diz diretor de comunicação

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Paris ou Los Angeles? O Comitê Olímpico Internacional decide no dia 13 de setembro qual dessas duas cidades irá sediar as Olimpíadas de 2024. No entanto, nos bastidores, há uma mobilização em curso para discutir uma atribuição “casada” das duas próximas Olimpíadas para contemplar as candidaturas finalistas que são consideradas fortes e de ótima qualidade técnica.

O diretor de comunicação da candidatura Paris 2024, Saint-Clair Milesi, faz o gesto que simboliza a campanha da cidade para acolher os Jogos.
O diretor de comunicação da candidatura Paris 2024, Saint-Clair Milesi, faz o gesto que simboliza a campanha da cidade para acolher os Jogos. Foto: RFI Brasil/Elcio Ramalho
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As consultas são no sentido de atribuir 2024 para uma cidade e a seguinte, de 2028, para outra finalista. A reflexão parte de uma preocupação cada vez mais em evidência no Comitê Olímpico: a falta crescente de interesse de grandes cidades ao redor do mundo em acolher um evento tão caro e que exige muitos engajamentos financeiros e políticos.

“Paris reconhece o valor dessa discussão, mas nosso mandato de organização com todas as partes envolvidas, prefeitura de Paris, regiões, coletividades e outras cidades envolvidas no projeto, só tem um olhar e quatro números na cabeça: dois, zero, dois, quatro”, garante o brasileiro Saint-Clair Milesi, diretor de Comunicação da candidatura parisiense.

As desistências de Roma, Budapeste e Hamburgo durante a corrida para 2024, por falta de apoio popular ou temor de explosão de gastos públicos, acenderam o sinal de alerta do COI.

Mesmo que as autoridades olímpicas conquistem o apoio dos membros da entidade para definir, pela primeira vez, a atribuição de duas Olimpíadas em um mesmo Congresso, seria muito difícil ultrapassar o último obstáculo: convencer a capital francesa e a cidade americana a aceitarem a proposta. Paris dá sinais de que essa opção está descartada.

“Estamos fechados e trabalhando com 2024. A candidatura foi pensada e discutida com consultas públicas, reuniões, tem contratos com parceiros, a candidatura é financiada por grandes empresas e parceiros institucionais muito fortes”, argumenta Milesi.

“A discussão é válida, mas a gente foca e trabalha para ganhar para 2024. Esse projeto é feito para 2024 e não se adapta a 2028”, explica. “O Comitê trabalha para mostrar ao COI que 2024 é a melhor hora para Paris e para o movimento olímpico”, acrescenta.

Visita do comissão de avaliação do COI foi “positiva”

Os 11 membros da comissão de avaliação do COI percorreram durante quatro dias Paris para conhecer de perto o projeto da capital francesa, com visitas às instalações esportivas, e os comentários foram elogiosos. Antes, a mesma comissão passou por Los Angeles e também gostou do que a metrópole da costa oeste americana apresentou, deixando a disputa muito acirrada.

Diante de duas candidaturas fortes, muitos consideram que além do aspecto técnico, o potencial de comunicação deve no fundo ser o elemento fundamental da decisão. “A avaliação foi muito positiva. Os membros do Comitê puderam ver de perto o engajamento do parisiense e do francês em geral. Mais de 80% da população francesa apoia a candidatura”, afirmou Milesi.

Segundo ele, os membros constataram, além dos locais de competição, que a candidatura esteve nas ruas, com bandeiras nos ônibus e até atividades nas escolas. “Foi a oportunidade de mostrar que nós queremos esses Jogos. Iremos celebrar o centenário das Olimpíadas, já que a última vez que a cidade sediou o evento foi em 1924. Temos muitos argumentos convincentes”, destacou.

A qualidade do projeto técnico e o entusiasmo da população são considerados os pontos fortes da candidatura. “Tudo foi pensado, construído e articulado com atletas para atletas”, afirmou.

Um dos destaques apontados pelo diretor de comunicação é a possibilidade de construção da Vila Olímpica em uma região carente da periferia norte de Paris, que deixaria um legado habitacional imediato para a população. “Há muitas críticas para projetos sem legado e Paris 2024 prevê 100% de legado pós-Jogos”, defende.

Além do legado físico, Saint-Clair Milesi explica que o projeto parisiense prevê ainda ampliar a participação do esporte no programa educacional e atividades extra-curriculares, como a criação de semana olímpica nas escolas durante o mês de janeiro e a divulgação dos valores do olimpismo no dia-a-dia dos franceses.

Macron, “ótimo” garoto-propaganda

O presidente da França Emmanuel Macron, que recebeu a comitiva do COI no seu primeiro dia de mandato mostrou todo seu apoio e se comprometeu a defender a candidatura de Paris nas duas próximas etapas. A primeira delas, em julho, quando haverá uma apresentação técnica em Lausanne para os membros do COI e depois em Lima, quando haverá a votação definitiva com todos os membros da família olímpica.

“A questão política sempre faz uma diferença. Outras candidaturas já mostraram, como a do Rio, com o envolvimento do presidente Lula”, exemplificou. Sem querer comentar os efeitos de um eventual envolvimento de Donald Trump para a candidatura de Los Angeles, o diretor de Comunicação da Paris 2024 preferiu lembrar o engajamento do atual chefe de Estado com a campanha parisiense desde a época em que era Ministro da Economia do governo Hollande. “Ter o apoio de um presidente eleito com quase dois terços dos votos dos franceses é uma grande arma”, garante. “É um ótimo garoto-propaganda”, resume.
 

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