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Esporte em foco

“La Verticale”: a corrida até o topo da Torre Eiffel

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A Torre Eiffel, um dos monumentos mais famosos e emblemáticos da França, se tornou também um grande desafio para esportistas. Na noite da última quinta-feira (16), um grupo de competidores participou de uma corrida que, para muitos, pode parecer insólita: subir correndo 1.665 degraus até uma altura de 279 metros, ou seja, quase ao topo.

"La verticale".
"La verticale". Foto: Ecotrial
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O próprio nome do evento resume o desafio: “La verticale”. Por mais sedutor e óbvio que fosse imaginar uma corrida vertical na Torre Eiffel, a realização não foi tão simples, como lembra Jean-Michel Parin, um dos organizadores.

“A relação entre esportes e a Torre Eiffel não é tao fácil. Houve duas corridas, em 1905 e 1906, quando aconteceram duas provas. Na época, foi organizada por um jornal, mas não passou do segundo andar”, conta. "A ideia de voltar a ver corredores na Torre Eiffel foi resgatada pela empresa especializada em trilhas Ecotrial. Ela propôs para a cidade uma corrida ao ar livre que terminasse no primeiro andar da Torre. Mas não era tão óbvio assim e, depois de muitas reuniões com o departamento de marketing da cidade e com o aval da empresa que controla a Torre Eiffel, o projeto ganhou força."

“O pessoal do departamento de marketing pediu que eu refletisse a fazer algo especial. Pensei: poderia ser legal fazer subir toda a Torre. Fiz uma pesquisa, investiguei o que existia ao redor do mundo. Na época, a corrida mais icônica era a do Empire State Building, em Nova York. Fui lá para entender como eles faziam e organizam de centenas de corridas, principalmente nos Estados Unidos e no Canadá", recordou. 

"Não existia nada na França. Existiam algumas corridas na Alemanha, Áustria, com muitas pessoas subindo muitos degraus, e voltei aqui e pensei: temos que organizar esse tipo de corrida. Quatro anos atrás, quando eles pintaram de novo o primeiro andar, voltei e pensei: poderemos fazer essa corrida. Os responsáveis disseram 'sim', mas tínhamos que fazer tudo. Trabalhamos muito até conseguir fazer a primeira corrida em 2015”, contou.

Tricampeões

Enquanto as luzes da Torre Eiffel cintilavam, iluminando o campo de Marte e dando mais brilho à Cidade Luz, um grupo de 128 corredores subiam a Torre numa corrida contra o relógio. Para esta terceira edição, o número de participantes foi simbólico e representou a idade da chamada “Dama de Ferro”, que recebe cerca de 7 milhões de visitantes por ano.

Mas, desta vez, o acesso ao monumento foi reservado a um grupo que foi dividido em três categorias: 40 competidores de elite, 78 amadores e 10 convidados.

Na prova masculina, o polonês Piotr Lobodzinski, já vencedor das duas primeiras corridas, voltou a vencer a La Verticale, desta vez com o tempo de 7 minutos e 54 segundos, seis segundo a mais do que seu recorde estabelecido do ano passado.

Já no feminino, a australiana Suzy Walshman, ergueu seu terceiro título consecutivo e bateu sua própria marca ao subir os mais de 1.600 degraus em 9 minutos e 34 segundos.

Ao final da corrida, em entrevista ao repórter Paul Mayers, da RFI, o polonês Piotr brincou: “Nós somos como vinho francês, ficamos mais velhos, mais fortes e melhores. Eu fui mais lento do que no ano passado, quando estabeleci meu recorde, mas estou feliz mesmo assim. Defendi meu título, sou tricampeão da corrida da Torre Eiffel de Paris, estou muito feliz de estar aqui e espero voltar no ano que vem".

Aos 43 anos, Suzy Walsham confessou: “Nunca na minha vida eu pensei em correr na Torre Eiffel, é uma corrida fantástica. Estou muito orgulhosa de minhas conquistas. É uma felicidade estar aqui. É realmente uma torre muito complicada. Eu corri o Empire State Building seis semanas atrás pela décima vez. Ele é maior, mas esta aqui é mais difícil. É uma corrida muito, muito difícil”.

Ela comentou porque é tão difícil correr esse monumento: “Principalmente nos dois primeiros andares. Os degraus são ligeiramente desiguais, porque são em diagonal. Você pode ter dez degraus, depois sete degraus, depois dezoito. A corrida de um prédio é muito uniforme, você controla as viradas. Aqui, a última metade, no meio da Torre, você pode ter até quarenta degraus seguidos antes de fazer uma virada. Isso é brutal. Você não teria isso em um prédio", disse.

Mas, no final, ela admite a satisfação de ter escolhido uma modalidade esportiva tão particular que até seus familiares consideram uma loucura. “Eles pensam que eu sou um pouco louca. Mas eu viajo o mundo todo, corro em prédios tão bonitos, é muito agradável”.

A aventura “La Verticale” de 2018 vai ser aberta a 129 participantes, sempre homenageando a idade do monumento mais famoso da França. 

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