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Esporte em foco

Handebol: uma paixão francesa

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Um ginásio em plena ebulição. Dezoito mil torcedores gritando a plenos pulmões em delírio, empurrando sua equipe. Para a grande festa de abertura do Mundial de Handebol, na última quarta-feira (11), em Paris, a seleção francesa quis dar um espetáculo à altura da expectativa de seus fanáticos torcedores, e conseguiu.

Troféu do Campeonato do Mundo de Handebol exibido antes do jogo de estreia entre França e Brasil.
Troféu do Campeonato do Mundo de Handebol exibido antes do jogo de estreia entre França e Brasil. REUTERS/Charles Platiau
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Azar do Brasil, adversário da estreia da equipe que é a atual campeã mundial e defende o título jogando em casa. O resultado foi um massacre: 31 a 16. Ao final da partida, o armador Zé Toledo, admitiu: os brasileiros sentiram a pressão vinda de um ginásio em delírio.

“Intimidou um pouco por ser dentro da casa deles. A gente sabe que eles são bons. Todos jogam nas melhores ligas do mundo. A atmosfera da Arena deu um pouco de pressão na gente. Eles tiveram muito apoio, e nós apenas com os 16. Esse jogo a gente sabia que poderia perder porque sabíamos que nosso time não era favorito”.

É na condição de favorita e com a obrigação de fazer bonito dentro e fora de quadra que a França acolhe o Mundial de um esporte que se tornou muito popular e motivo de orgulho. O handebol se tornou para a França o que o futebol é para o Brasil: único país pentacampeão mundial (1995, 2001, 2009 e 2013 e 2015)

Olivier Krumbholz, ex-jogador e atual treinador de handebol, é o diretor esportivo do Mundial de handebol. Em entrevista à RFI Brasil, eele explica porque o handebol se tornou tão popular na França. “Primeiramente, porque os resultados da equipe são extraordinários. A equipe masculina, principalmente, ganhou praticamente tudo depois dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Mas também porque é um esporte muito implantado nas escolas e muitos franceses também jogam handebol em clubes. É um esporte extraordinário, com muito engajamento físico, e os jogos normalmente terminam com pouca diferença de gols”.

O time francês agradece o apoio de sua torcida na comemoração da vitória sobre o Brasil na Arena de Paris.
O time francês agradece o apoio de sua torcida na comemoração da vitória sobre o Brasil na Arena de Paris. REUTERS/Benoit Tessier

Os jogadores da geração que conquistou também o ouro em Olimpíadas e domina os campeonatos europeus, ficaram conhecidos como “experts”. É o caso do armador Narcisse, que esteve em quadra na estreia contra o Brasil e falou da emoção de ver ginásios do país cheios.

“A cada ano, nós, a Federação francesa e todas as pessoas que trabalham em torno do handebol tentamos fazer este esporte evoluir. Aqui na França, é um esporte que as pessoas gostam cada vez mais, de ver, vir aos ginásios para ver a seleção francês jogar. Nós, jogadores tentamos dar prazer aos torcedores”.
Prazer que o engenheiro francês Thomas Lévêque, vestido com as cores do país, sentiu ao lado do filho ao ver a equipe dar um verdadeiro show em quadra.

“É um esporte que tem muito movimento, os jogadores são muito bons. Gosto de vê-los jogar. O meu filho pratica handebol e acho que o interesse vem do sucesso da França em grandes competições internacionais”, diz o engenheiro.

Seu filho, Mathieu, de 13 anos, explica porque o handebol virou seu esporte preferido: “É um verdadeiro esporte, tem contato físico, é coletivo. Eu jogo na escola, mas vou me inscrever em um clube. Gosto de ver os jogadores porque eles são muito bons”.

Exemplo para o Brasil

O entusiasmo dos franceses com sua seleção vem da admiração por jogadores e pelo sucesso que alcançaram. Para o treinador da seleção brasileira, Washington Nunes da Silva Jr., a França é um exemplo a ser observado.

“Quando a gente fala da França, o campeonato francês tem primeira e segunda divisão. São milhões de jogadores e vários clubes. Estamos nesse processo de aumentar o número de jogadores e de qualificação. Esse é o ‘start’ para o ciclo olímpico que vamos fazer. Ao mesmo tempo, nosso time é um dos mais jovens da competição, o que nos dá possibilidade para um clico olímpico não apenas para 2020 mas também para 2024. Isso é muito bom. É ter tranquilidade, deixar os meninos terem um tempo de maturar”, diz.

O treinador brasileiro, Washington Nunes da Silva Jr.
O treinador brasileiro, Washington Nunes da Silva Jr. REUTERS/Charles Platiau

Apesar da derrota humilhante na estreia, o handebol brasileiro é visto como um dos exemplos da progressão do esporte fora das fronteiras europeias. As Olimpíadas no Rio foram outro momento de observar que modalidade atrai muitos torcedores e evolui.

A Federação Internacional de handebol que tem 204 países como membros ativos, tem como objetivo popularizar e tornar o esporte mais competitivo. Durante a entrevista coletiva na véspera do início do Mundial, o presidente da Federação, o egípcio Hassan Moustafa, declarou que o o esporte deixou de ser essencialmente “europeu”.

“Nosso maior objetivo é tornar o esporte mais popular e ter mais países jogando e tendo mais atividades relacionadas ao handebol”, diz. “Não é como antes. Há 12 anos estamos trabalhando para desenvolver e promover esse esporte, não apenas de maneira quantitativa mas qualitativa. No Brasil, em termos de espectadores, o handebol já é o número dois, o que significa que estamos crescendo e nos tornando cada vez mais fortes no Brasil também”, afirmou.

O Mundial de handebol da França termina no dia 29 de janeiro. 

 

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