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Atletas russos/doping

Mais de mil atletas russos envolvidos em doping “institucionalizado”

Mais de mil atletas de 30 modalidades foram beneficiados por um sistema de doping "institucionalizado" na Rússia, com manipulação sistemática das amostras de exames nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 e Sochi-2014, denunciou nesta sexta-feira (9) a versão final do relatório McLaren.

De acordo com o a versão final do relatório, divulgada nesta sexta-feira, em Londres, "existem provas contundentes de um doping institucionalizado de 2011 a 2015" na Rússia.
De acordo com o a versão final do relatório, divulgada nesta sexta-feira, em Londres, "existem provas contundentes de um doping institucionalizado de 2011 a 2015" na Rússia. REUTERS/Christinne Muschi/File Photo - RTSO0J6
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"Existem provas contundentes de um doping institucionalizado de 2011 a 2015", sentenciou o jurista canadense Richard McLaren, encarregado da investigação pela Agência Mundial Antidoping (Wada). A Rússia não demorou a reagir, negando "qualquer programa de governamental de apoio ao doping".

O relatório diz exatamente o contrário: "uma conspiração institucional foi implementada, com participação do Ministério dos Esportes e de serviços como a Agência Russa Antidoping (Rusada), o laboratório antidoping de Moscou, junto com o FSB (serviços secretos) para manipular amostras", descreveu McLaren em entrevista coletiva realizada em Londres.

Nenhum nome revelado

"Mais de mil atletas russos de modalidades de inverno e verão, olímpicas ou paralímpicas foram envolvidos ou beneficiados com essas manipulações", acrescentou o jurista, que não quis revelar nomes.

"As informações que possuímos são confidenciais. Cabe às Federações Internacionais decidirem o que fazer com essas informações", justificou, ressaltando que as identidades de 695 atletas, entre eles 19 não russos, foram repassadas às federações.

McLaren iniciou a investigação depois das revelações ao New York Times de Grigori Rodtchenkov, ex-diretor do laboratório antidoping de Moscou, hoje refugiado nos Estados Unidos, que também era agente do FSB.

Objetivo em Sochi era garantir primazia da Rússia

A primeira parte do relatório, divulgada em julho, às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, teve como foco o esquema de doping sistemático e a manipulação de amostras no caso específico dos Jogos de Inverno de 2014, realizados em Sochi, balneário do sul da Rússia.

"O objetivo era garantir que a Rússia, como país-sede, pudesse conquistar o máximo de medalhas possíveis, deixando que os melhores atletas se dopassem, às vezes inclusive durante os Jogos", destacou McLaren aos jornalistas.

A versão final evidencia que as práticas se estenderam a todas as grandes competições que ocorreram de 2011 a 2015, com "manipulação sistemática de amostras e de DNA". "A equipe olímpica russa corrompeu os Jogos de Londres em uma escala sem precedentes, cujo verdadeiro alcance provavelmente nunca será estabelecido", lamentou o canadense.

"Essa manipulação específica e centralizada dos exames antidoping foi evoluindo na medida em que estava sendo usada e era uma resposta às mudanças de regulamento da Wada e os exames surpresa", ressaltou.

Sal e Nescafé para burlar resultados

Na investigação, a equipe de McLaren descobriu que as técnicas de manipulação mesclavam tecnologia avançada e métodos mais artesanais. "Sal e Nescafé foram colocados nas amostras de urina" para adulterar os resultados, explicou o canadense.

Depois da divulgação da primeira parte do relatório, mais de cem atletas russos foram excluídos dos Jogos do Rio, cerca de um terço do total da delegação. Mas o escândalo estourou há um ano, com as revelações bombásticas de uma comissão independente da Wada sobre o esquema doping organizado no atletismo, com base em denúncias de um documentário da emissora alemã ARD.

Em novembro de 2015, as revelações levaram a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) a suspender o país de todas as competições internacionais da modalidade. A punição coletiva impediu, por exemplo, a saltadora com vara Yelena Isinbayeva de buscar o tricampeonato olímpico no Rio.

Exames vão ser reanalisados

A IAAF reagiu nesta sexta-feira à divulgação da versão final do relatório, afirmando que sempre "colaborou de forma estreita" com a Wada, lembrando que "53% dos atletas citados foram punidos ou tiveram processos abertos contra eles". A entidade também informou que "iniciou uma estrégia de reanálise de amostras de competições do passado, começando com o Mundial de Osaka-2007".

O COI passou a usar essa estratégia depois da divulgação da primeira versão do relatório McLaren. No total, 1.243 amostras coletadas nos Jogos de 2008 e 2012 foram reanalisadas, graças a métodos científicos mais evoluídos do que na época e dezenas de atletas já foram condenados a devolver suas medalhas.

(Com informações da AFP)

 

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