Robson Conceição ganha ouro inédito para o boxe do Brasil
Apoiado por uma torcida em delírio na arquibancadas do Riocentro, o baiano Robson Conceição fez história ao ser o primeiro lutador do país a erguer uma medalha de ouro no boxe. Ele se tornou o primeiro campeão olímpico brasileiro na categoria ligeiro (até 60kg), ao vencer na final o francês Sofiane Oumiha.
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“Eu tinha esse sonho de vencer e conquistar a medalha. Quero agradecer a todo o povo brasileiro e a todos os baianos pela conquista que tivemos juntos hoje”, disse Conceição, que compareceu enrolado com a bandeira do Brasil na entrevista coletiva, após a conquista inédita.
Ele ofereceu a medalha à sua filha Sophia, que completa dois anos na próxima sexta-feira. “Ela foi minha maior inspiração e este é o meu presente para ela”, declarou.
O percurso vitorioso de Robson Conceição começou com uma vitória sobre Anvar Yunusov, do Tajiquistão, na etapa classificatória.Na sequência, nas quartas, encarou e venceu o uzbeque Hurshid Tojibaev.
Na semifinal, Robson enfrentou o cubano Jorge Lazaro Alvarez, de 25 anos, atual campeão mundial, com o título conquistado em Doha, no Catar, no ano passado. A vitória de 3 a 0, por decisão unânime dos juízes, foi considerada uma final antecipada. Mas o baiano ainda tinha que passar pelo francês Sofiane Oumiha, de 21 anos, 5° colocado no último mundial, para colocar no peito a primeira medalha de ouro do boxe brasileiro em Jogos Olímpicos.
Robson entrou no ringue aos gritos de “É campeão, é campeão”. Durante todo a luta, teve o apoio incessante de mais de 9 mil brasileiros que alternavam refrões: “Brasil, Brasil”, "Um, dois, três, porrada no francês", e “Ele vai morrer”, em referência ao adversário.
Motivado, Conceição entrou ofensivo na luta e encaixou os primeiros golpes, abrindo vantagem. Também no segundo, continuou ofensivo, mas Oumiha também partiu para o ataque, equilibrando o combate. No terceiro round, partindo para o tudo ou nada, o francês teve bons momentos, mas não impediu a vitória do brasileiro por pontos. “Meu adversário mostrou muita garra, muito talento, e foi a luta mais difícil que eu tive nos Jogos Olímpicos, mas graças a Deus eu consegui superar a todos”, declarou, ainda na zona mista para os jornalistas.
Nomeado melhor boxeador pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) nos últimos dois anos, Robson ainda teve tempo de desabafar e calar a boca de quem o criticou. “Teve muita gente até dentro do boxe que não acreditou em mim, disse que eu perdi a luta contra o Lazaro, mas está aqui, sou ouro olímpico”, afirmou, exibindo a medalha.
A consagração no ringue do Riocentro veio depois de muita tensão e expectativa. “Já tem uns cinco dias que não sei o que é dormir. Hoje, durante o dia, tentei dormir, mas não consegui. Fiquei descansando, fiz orações para que eu tivesse uma boa luta e só queria dar um show para a torcida brasileira que me apoiou”, relatou.
Futuro profissional ?
Robson também creditou seu desempenho à boa estratégia de preparação, já que passou o último ano treinando na Bahia, perto da família. No período, viajou apenas para Cuba e passou dois dias em São Paulo, antes de chegar ao Rio para a reta final de treinamento para os Jogos. “O fato de ter ficado lá em Salvador com a família, longe de tudo, foi muito bom”, lembrou.
Terceiro-sargento da Marinha, Robson também agradeceu o apoio que recebeu das Forças Armadas, no projeto que oferece bolsas para atletas de alto rendimento. “Eu agradeço muito à Marinha, que acreditou em mim, me deu apoio e suporte financeiro. Sem ela não estaria aqui. Vou bater continência em todo lugar que for”, declarou, ao justificar seu gesto no pódio ao receber a medalha.
Questionado se pretende entrar na categoria profissional ou ficar como amador para defender o ouro nas Olimpíadas de Tóquio, em 2020, Robson Conceição desconversou: “Minha meta é descansar, acordar deste sonho. Logo em seguida, vou conversar com a Federação (de Boxe), com meu técnico (Luiz) Dorea e ver o que é melhor para mim”.
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