Acessar o conteúdo principal
Rio 2016

Rio 2016: veja críticas dos visitantes sobre maior palco dos Jogos

Dois dias depois do início das competições, continuam as muitas queixas dos visitantes que comparecem às instalações no Parque Olímpico da Barra, o principal complexo dos Jogos. Tempo longo de trajeto para chegar ao local, filas gigantescas para comer, dificuldade em obter informações, demora na entrada e esquema de vigilância pouco rigoroso foram as principais críticas dos torcedores, cariocas e turistas.  

Anéis do Parque Olímpico da Barra, o principal palco da Rio 2016.
Anéis do Parque Olímpico da Barra, o principal palco da Rio 2016. Foto: RFI Brasil
Publicidade

Enviado especial da RFI ao Rio de Janeiro

Apesar do domingo, dia de menor movimento de tráfego na cidade, o tempo para se deslocar da região central e da zona sul até o Parque criado na Barra da Tijuca incomodou muitos torcedores. “Acordamos às 6 e meia da manhã para vir para cá e chegamos atrasados para ver o jogo”, lamentou a escocesa Rose Mella, que comprou ingressos com o marido chileno para ver handebol e chegou depois das 9h ao local. Os dois também não imaginavam o tempo para comprar algo para comer no interior do complexo.

“Fizemos uma fila de 30 minutos para comprar o ticket e outra fila de 10 minutos para pegar a cerveja. Para comer, é outra fila. Se for massa, é uma fila. Se for sanduíche, é outra”, explicou o chileno Simon Smith. “Não entendo, me faz perder tempo. Passamos mais tempo esperando do que vendo os jogos, é frustrante”, disse ele, sem esconder a irritação.

Filas gigantescas para comprar comida no Parque da Barra.
Filas gigantescas para comprar comida no Parque da Barra. Foto: RFI Brasil

“Tudo é um desastre. Quem fez a logística desse lugar nem sequer estudou na faculdade”, comentou o gerente de compras Sebastian Segura, paraguaio que vive no Rio há oito anos. “O primeiro gargalo é o pagamento. Você demora muito para pagar. Só tem duas filas para pagar com dinheiro. O sistema para venda de ingressos também é péssimo. Está muito complicado, realmente”.

“Passamos uma hora para comprar tickets. Adoro o Brasil, mas a organização é um desastre completo”, diz seu irmão, o advogado Francisco Segura. “Se as pessoas tiverem que comer duas coisas, são duas filas diferentes. Se você quiser uma coisa, é uma fila. Outra coisa, outra fila. É uma loucura”, explicou. “Creio que Deus teve piedade de tanta gente. Se tivesse feito o sol que fez ontem, teria sido um inferno”, completou.

“Não é o melhor Jogos Olímpicos em termos de organização. Em qualquer lugar o transporte seria gratuito para as pessoas, mas aqui não”, lamenta o professor de judô francês Vincent Landeau. “Há filas intermináveis para tudo. Para entrar, comer, ir ao banheiro. São coisas que são o bê-a-bá. A impressão é que não tinham projetos ou pegaram dos outros”, completou. “Temos a impressão que não anteciparam o número de pessoas que viriam”, disse. “Faz calor e não há bebedouros para as pessoas”, acrescentou o responsável pela vinda de um grupo de 20 pessoas do interior da França.

“Vou vir seis dias aqui e não posso comprar vários tickets de uma vez para usar outros dias. Tenho que ficar nas filas todos os dias. É um absurdo, não tem lógica”, reclamou a produtora paulista Érika Eid. Atrás dela na fila, a arquiteta carioca Vanessa Borges reagiu ainda mais irritada: “É a quarta fila errada que eu entro porque uma era só para pagar e outra só para receber. É uma bagunça de enlouquecer”.

Vento fecha loja de souvenirs

A delegação japonesa de esgrima foi surpreendida com a Mega Store de produtos oficiais fechada durante a tarde. “Eles disseram que era por causa do tempo ruim e do vento. Por que fechar a loja por isso?”, questionou.

Procurada pela reportagem da RFI, a organização da Rio 2016 informou que o fechamento foi por medida de segurança. Pela manhã, ventos de até 40 quilômetros por hora derrubaram placas e barreiras no complexo, o que obrigou os organizadores a manter a principal loja de produtos fechada por cinco horas, sem dar maiores detalhes.

Loja de souvenirs fechada neste domingo frustrou turistas.
Loja de souvenirs fechada neste domingo frustrou turistas. Foto: RFI Brasil

Difícil para entrar

A demora em entrar no complexo para quem adquiriu bilhetes pela internet também foi motivo de reclamação pelo segundo dia. “Demoramos mais de uma hora para entrar. Faltou organização. Dividiram em filas para quem só comprava e outra para quem só retirava. Gerou um certo tumulto. É muito demorado para quem fez compra on line”, afirmou o advogado Orlando da Costa. “O melhor é imprimir em casa”, constatou.

A dentista Carolina Alvarez chegou de São Paulo e sofreu com o desencontro de informações. Ela adquiriu os bilhetes para o torneio de levantamento de peso pela internet e, na hora de trocá-los na entrada do complexo, o local orientado não era o certo. “A pessoa na entrada olhou, leu o papel e me dirigiu para um local errado”, disse, enquanto caminhava para um outro pavilhão.

O paulista Glauco Poliche foi surpreendido na entrada da arena de judô, pois seu assento teve que ser realocado, por um problema não informado. Na fila para trocar de ingresso, ele se mostrou revoltado: “Estou perdendo a luta que eu esperei a vida inteira para ver”, lamentou. “Deveriam ter me avisado antes. O resto tá bom, tá legal”, relativizou.

Sistema de segurança apontou falhas, segundo visitantes.
Sistema de segurança apontou falhas, segundo visitantes. Foto: RFI Brasil

Outros visitantes perceberam falhas na revista de entrada do complexo. O dominicano Isaac Segura achou a revista de pessoas e objetos muito “permissiva”. “O sinal do detector de metais apita, e eles deixam as pessoas passarem”, constatou.

Sem querer ser identificado, um morador do Rio criticou o trabalho feito pela Força Nacional: “Duas máquinas de raio X não funcionaram, estão desligadas e, principalmente, não estão revistando direito as bolsas das mulheres. A segurança hoje está precária. Isso traz insegurança e é um problema”.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.