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Esporte em foco

Comitê Olímpico decide suspensão da Rússia no domingo

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Em junho, 68 atletas russos foram suspensos pela Federação Internacional de Atletismo. Durante meses, talvez anos, eles usaram substâncias ilícitas em busca de melhores resultados.

O laboratório antidoping da Rússia, onde quase 1.500 amostras suspeitas de atletas russos teriam sido destruídas.
O laboratório antidoping da Rússia, onde quase 1.500 amostras suspeitas de atletas russos teriam sido destruídas. REUTERS/Sergei Karpukhin
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Agora, ainda mais grave, toda a delegação olímpica russa foi implicada na investigação. Um relatório independente revelou o maior esquema de doping já orquestrado pelo governo de um país.

A menos de uma semana dos Jogos Olímpicos do Rio, o Comitê Olímpico Internacional se encontra diante de uma decisão histórica: suspender ou não a delegação russa, 319 atletas, na sua maioria dopados com o apoio do próprio ministério dos Esportes da Rússia.

O que é o doping?

Onde se estabelece o limite entre estimulantes aceitáveis, como a cafeína, e as drogas proibidas pela WADA, a Agência Mundial Antidoping?

Quem nos responde esta questão é Thomaz Mattos de Paiva, assessor jurídico da Confederação Brasileira de Atletismo:

"A partir do momento que você tem uma substância que pode fazer mal à saúde, que tem o objetivo de aumentar a performance esportiva, e que ofende certos bens jurídicos, isto é, o espírito esportivo, ela é considerada uma substância dopante, substância proibida para a prática esportiva".

A lista de substâncias proibidas continua a aumentar, no mesmo ritmo em que os laboratórios inventam novas drogas, cada vez mais discretas, dificilmente detectadas pelos exames antidoping. Outras, no entanto, fazem parte da formula de certos medicamentos, tomados desavisadamente pelos atletas. Esse pode ter sido o caso da tenista russa Maria Sharapova, e da brasileira Maurren Maggi, campeã olímpica do salto em distância na Olimpíada de 2008 em Pequim.

"O caso da Maurren, por exemplo, é o caso de um doping involuntário", explica Thomaz de Paiva. "Ela fazia um tratamento, e a médica lhe receitou uma pomada que, se não tinha o efeito de melhorar a sua performance, continha, por outro lado, uma substância proibida na sua fórmula. E isso é o suficiente para caracterizar a infração de doping".

Maurren Maggi foi absolvida pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Sua inocência, no entanto, não foi reconhecida pela Federação Internacional de Atletismo, que a suspendeu de todas as competições internacionais por dois anos.

O esquema russo

No atual caso da delegação russa, a situação é bem diferente. Segundo o relatório McLaren, nunca se viu na história do esporte um esquema tão abrangente de doping patrocinado pelo Estado. Saudoso dos velhos tempos da União Soviética, o ministério do Esporte da Rússia parece querer promover a imagem do país com uma centena de medalhas olímpicas.

"No caso da Rússia, trata-se realmente de um escândalo de proporções absurdas, envolvendo vários esportes, principalmente o atletismo", diz Thomaz de Paiva. "O esquema foi organizado por pessoas próximas à Agência Mundial Antidoping, como o Sergei Portugalov, que era muito respeitado na agência, como um dos nomes mais importantes na Rússia. E ele era um dos chefes do esquema lá dentro! Isso gerou um impacto muito grande, e eu espero que a Rússia tenha uma reprimenda exemplar em relação a isso".

E os norte-americanos?

O Comitê Olímpico Russo, entretanto, continua a se defender. Ataca a Agência Mundial Antidoping, colocando-se como vítima nessa suposta perseguição. Por que somente os atletas russos? E os norte-americanos? Nunca se doparam?

"Sim, não tenha dúvidas. Mas os Estados Unidos cortaram na própria carne também. Os americanos foram a fundo. Investiram de forma correta na USADA, que é a agência antidoping americana. Eles descobriram vários escândalos e assumiram os seus erros. Realmente, até 2004 ou 2005, eles alegavam a confidencialidade dos seus casos, resolviam tudo internamente e, depois, ninguém sabia de nada. No passado, você pode dizer que vários atletas tiveram problemas nesse sentido – e até hoje ainda têm – mas, pelo menos, você pode dizer que há uma agência transparente funcionando lá", explica Thomaz de Paiva.

O Comitê Olímpico Internacional tem até domingo para tomar uma decisão sobre a suspensão da delegação russa da Olimpíada de 2016 no Brasil. Se não for um marco na história da luta contra o doping esportivo, a decisão pode causar um dano irreparável à reputação do COI e à credibilidade dos Jogos Olímpicos.

 

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