Acessar o conteúdo principal
Esporte em foco

Torcedores aprovam esquema de segurança na estreia da Eurocopa

Publicado em:

Foi em clima de festa que torcedores franceses e romenos chegaram ao Stade de France, na sexta-feira (10) em Saint-Denis, periferia norte de Paris, para o jogo de abertura da Eurocopa. Os torcedores tinham sido alertados sobre o vasto esquema de segurança ao redor de um estádio que, na noite de 13 de novembro do ano passado, também foi alvo de um ataque terrorista.

Esquema de segurança para a Eurocopa na França
Esquema de segurança para a Eurocopa na França Reuters
Publicidade

A lembrança ainda está viva na memória e diante de um evento que também virou alvo de ameaças, as autoridades francesas e a UEFA se preocuparam nos mínimos detalhes para dar garantias de segurança. Vigiar os 80 mil torcedores que compareceram na festa de abertura era um grande desafio e não foi tarefa fácil. Foram pelo menos três barreiras de segurança para se aproximar do palco da festa. No primeiro controle, os agentes de segurança checavam os bilhetes. Um pouco mais à frente, eram feitas verificações em bolsas, sacolas e outros pertences pessoais e ainda uma revista no corpo.

Muitos torcedores ainda passaram por um controle específico, com cães farejadores para deteção de materiais pirotécnicos. A escolha dos agentes era aleatória. “O cachorro vai fazer seu trabalho. Se ele suspeita de qualquer coisa, ele para e ele se deita. Ele é capaz de detetar sinalizadores e rojões”, explicou um dos agentes de segurança.
“É normal, nesse momento, muitas pessoas estão aqui, está lotado de gente e por isso pode ser perigoso para as pessoas. É normal eles fazerem isso”, afirmou um torcedor romeno que passou por um controle de um cão farejador.

Cão revista grupo de torcedores da Romênia para detectar artefatos pirotécnicos.
Cão revista grupo de torcedores da Romênia para detectar artefatos pirotécnicos. Foto: RFI Brasil

Outros cachorros eram especializados na identificação de explosivos. Eles se posicionaram na entrada do estacionamento do Stade de France. Revistaram motoristas, passageiros, e todo o carro para identificar eventuais explosivos.

“É muito bom para os torcedores, traz segurança. Vimos muitos policiais, agentes de segurança, para nós é muito bom”, afirmou outro torcedor romeno, garantindo nunca ter hesitado em vir à França para assistir jogos da Eurocopa.

Os franceses, mais acostumados com o estado de emergência em vigor no país desde os atentados de novembro também não se importaram com a revista rigorosa. “Um torcedor que veio de Reims, norte do país, chegou cedo, por volta da 13hs e esperou perto do estádio para a abertura dos portões às 16 hs. “É normal, visto o que aconteceu nos últimos tempos e com a quantidade de pessoas que estão aqui. Com tantos controles, foi melhor chegar cedo”, afirmou.

O brasileiro Fernando Gonçalo Pereira Santos veio de Londres com um grupo de amigos para o jogo de abertura aprovou todo o esquema de segurança. “A gente já sabia o que ia encontrar. Passei por três controles e ainda devo passar por outros dois antes de entrar no estádio. Devemos aprender com esse esquema já que vamos sediar as Olimpíadas no Rio de Janeiro”, disse.

Segurança nas “fan zones”

O dispositivo de segurança reforçado não apenas vai funcionar em volta dos estádios. Nas chamadas “fan zones”, que reúnem grupos de torcedores para assistirem juntos os jogos em telões, a entrada foi extremamente bem controlada, com revistas até nas crianças.

Um dos torcedores ingleses presentes na "fan zone" de Saint-Denis ficou impressionado com o dispositivo excepcional de segurança. "Tentamos entrar mais cedo, mas só abriram as portas depois das 5 horas e a segurança foi muito boa. Estou impressionado com o esquema de segurança. É claro que nos deixa mais seguros. É claro com que o que vivenciaram aqui, faz parte ter todo esse esquema em volta. Mas esperamos que não aconteça nada durante o torneio e que seja muito divertido para todos”, disse.

Um francês que não conseguiu ingresso para o jogo de abertura não se incomodou com a revista para entrar no local. “Eles são obrigados a revistar, se queremos entrar, tem que ser assim.” No entanto, ele diz que não se sente mais seguro com o esquema: “Não muda nada. Mas é normal essa segurança, com tudo o que aconteceu”, disse, em referência aos atentados de novembro em Paris.

Estudo sob impacto social da Eurocopa

Enquanto as autoridades se preocupam com a segurança desses lugares que concentram multidões, pesquisadores aproveitam esse evento para estudar o comportamento social. Uma equipe de alunos e professores de várias universidades estão se dedicando a um estudo sobre o impacto social da Eurocopa em três territórios: o de Saint-Denis, onde se encontra o Stade de France, a “fan zone” de Paris, instalada perto da Torre Eiffel e a região norte da periferia da capital.

Dominique Charrier, sociólogo, professor da Universidade de Orsay, um dos responsáveis pelo estudo, explica os objetivos do estudo: “Uma das temáticas comuns é o uso social das fan zone. O que as pessoas fazem aqui dentro, como eles vêm e por quê. Sozinhos, ou em grupos, com as famílias ou amigos. Vamos tentar entender isso. A outra temática comum são as impressões urbanas, como esse evento é visível ou não no espaço urbano de Paris. E para cada lugar tempos também questões específicas. Aqui em Saint-Denis por exemplo vamos trabalhar sobre a explosão do futebol feminino. Vamos tentar entender o porquê”.

Charlotte Parmentier, professora da Universidade do oeste da Bretanha, que está em Paris para uma investigação sobre as “fan zones” explica a importância desse estudo sociológico: “O estudo consiste a medir o impacto social da Eurocopa de diferentes maneiras. Primeiramente, vemos quais os projetos que acontecem em torno do evento e tentamos avaliar a dinâmica que se instala entre esses diferentes projetos e em relação ao esporte. E, em uma segunda etapa, vamos aos locais festivos, como as fan zones e vamos tentar observar o comportamento da pessoas e a utilização social dessas ‘fan zones’”.

“Normalmente, o impacto econômico é conhecido e fácil de avaliar, mas o impacto social não porque ele deve ser feito de maneira qualitativa. Para isso é preciso que pesquisadores estejam nas ruas para observar o comportamento das pessoas, que é o nosso trabalho. Para as prefeituras, o estudo vai servir para elas avaliarem o que funcionou e o que não. Para nós, tem um aspecto mais científico, e vai servir para escrevermos sobre isso tudo e, quem sabe, criar modelos para serem usados por outros eventos”, afirma Parmentier.

Charlotte parmentier e Dominique Charrier participam de um estudo sob o impacto social da Eurocopa em Paris e Saint-Denis.
Charlotte parmentier e Dominique Charrier participam de um estudo sob o impacto social da Eurocopa em Paris e Saint-Denis. Foto: RFI Brasil

Apesar de ainda ser cedo para avaliar o impacto social, Dominique Charrier já chegou a uma primeira constatação: “No dia da abertura da fan zone de Paris ficamos algumas horas naos arredores. O que me impressionou nas primeiras horas que ficamos ali foi o espírito de festa. Aparentemente, as pessoas estão ali para dividir um clima de festa. Pode ser feita uma referência aos eventos que marcaram a França recentemente e pode significar um momento de dividir essa emoção”.

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.