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Esporte em foco

Mundial de Vela Adaptada definiu brasileiros para os Jogos Paralímpicos

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O campeonato mundial de vela adaptada, realizado no final de maio na Holanda, ajudou a confederação brasileira a definir os nomes dos atletas que irão defender o país nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro. O Brasil vai competir em três classes : a 2.4, que é individual, a Sonar, com uma equipe de três competidores, e na Skud 18, com uma dupla.

Equipe de Vela Adaptada da classe Skud 18: Pedro Paulo Franca (à esq.), Bruno Landgraf e Marinalva de Almeida.
Equipe de Vela Adaptada da classe Skud 18: Pedro Paulo Franca (à esq.), Bruno Landgraf e Marinalva de Almeida. RFI
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A competição Regata Delta Lloyd, realizada em Medemblik entre os dias 24 e 28 de maio, reuniu campeões mundiais, líderes do ranking e equipes de mais de 30 países. O clima bem mais frio e as águas mais agitadas da cidade holandesa são muito diferentes do que os atletas vão encontrar na Baía da Guanabara no mês de setembro para a disputa dos Jogos, mas foi um ótimo teste para avaliar o nível dos velejadores brasileiros com seus adversários.

Na categoria Skud 18, a dupla formada pela paranaense Marinalva de Almeida e pelo paulista Bruno Landgraf ficou em 12° lugar, abaixo do esperado. Mas como ficaram à frente de outra dupla brasileira - Rafael Correa e Diana Cristina Oliveira - que terminou em 14° e último lugar, garantiram a vaga para os Jogos.

Marinalva de Almeida e Bruno Landgraf treinam juntos há dois anos no centro Naval de Charitas, em Niterói, uma estrutura montada para preparar os atletas para a competição mais importante do ano. Foi a segunda vez que a dupla participou do Mundial na Holanda e, apesar do resultado considerado ruim, Marinalva fez uma avaliação positiva da participação.

“O vento aqui é diferente, as águas são diferentes, já que estamos treinando na Baía de Guanabara. Mas na minha função, houve uma grande melhora. Do ano passado para cá houve um crescimento. Por mais que não tenhamos alcançado o objetivo, que era ficar entre os 10 melhores do mundo, entre o campeonato do ano passado e o deste ano, houve um grande crescimento", avaliou.

A dupla ficou quase um ano treinando em um barco diferente do usado na competição, o que não impediu o progresso. "Estamos melhor, a concorrência também cresceu e eles (os adversários) também estão mais preparados", acrescentou.

Marinalva, com perna amputada desde os 15 anos, devido a um acidente, começou a carreira esportiva pelo dardo, passou pelo halterofilismo e a natação. Na vela adaptada, ganhou novas ares e agora mais ambições com a confirmação da vaga nos Jogos Paralímpicos. “A minha meta pessoal é ficar entre os três melhores. Mas é uma expectativa minha. Não podemos subestimar os concorrentes porque eles são os melhores mesmo, estão treinando há muito mais tempo. Mas vamos contar com a 'carta na manga' que é o fato de estarmos treinando há mais tempo na Baía de Guanabara, o que pode fazer muita diferença", diz, confiante.

Herança de 2012

Bruno Landgraf é o mais experiente da dupla. O ex-goleiro do São Paulo, que ficou tetraplégico depois de um acidente, é timoneiro e já participou das Paralimpíadas de Londres, em 2012. Na época, formando dupla com outra atleta, Elaine Cunha, ficou em 11° e último lugar na competição. A experiência levou o Brasil a investir no centro náutico de Niterói e dar mais condições de preparar os velejadores para os Jogos do Rio.

"Em 2012, fizemos os Jogos com muitas dificuldades. Não tínhamos a estrutrura que temos hoje. Na época, eu e a minha parceira treinávamos sem conhecer o barco de competição. A gente conheceu o barco três dias antes da prova", lembra.

A participação, no entanto, rendeu um empurrão para a criação do centro de treinamentos em Niterói. “O projeto no Centro Naval de Charitas saiu de Londres. Como resultado para a gente não foi bom, mas como legado foi porque conseguiu, não só para a classe Skud mas para as classes Sonar e 2.4, um centro para que os atletas pudessem treinar mais e melhorar os resultados", afirmou.

O técnico da dupla, Pedro Paulo Franca, explicou que o resultado de Marinalva e Bruno foi prejudicado pela não participação em duas, das dez regatas do Mundial na Holanda. Mas os avanços ficaram evidentes.

"Nós melhoramos muito nas largadas e no vento em popa. Nosso barco é o que tem mais velocidade. No final do dia a organização disponibilizava os resultados com performances de vento, distância de outros barcos e direção. Estudamos todos os dias e vimos o que estávamos evoluindo”, comentou.

Expectativas de medalhas no Rio

O presidente da Confederação Brasileira de Vela Adaptada (CBVA), Samuel Linhares, acompanhou o desempenho dos atletas brasileiros no Mundial da Holanda e confirmou sua expectativa de que o país pode fazer bonito e cumprir suas metas nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro.

“A equipe brasileira disputou com os melhores velejadores do mundo. Foram sete dias de competição. A vela paralímpica do Brasil é muito nova. Enquanto os países da Europa estão com 20, 25 anos de competição, nós temos, no máximo, sete anos de competição", relativizou.

Linhares explicou que os investimentos de patrocinadores e da CBVA permitiram nos últimos dois anos adquirir barcos para treinamentos. "Antigamente, treinávamos com barcos argentinos, comprados por uma entidade de São Paulo. Nos últimos dois anos, conseguimos adquirir os barcos necessários para o desenvolvimento dos atletas. Nossa confederação de vela investiu em viagens internacionais”, disse.

“A vela adaptada do Brasil tem apenas duas participações em Paralimpíadas, em 2008 e 2012, com resultados pouco expressivos. Agora, a confederação tem um centro de treinamento montado em Niterói, com técnico próprio. Cada equipe tem um treinador. Nossos técnicos estão se especializando agora”, explica.

Apesar da pouca experiência, a confederação mostra otimismo para a principal competição do ano. "A ideia do Brasil nos Jogos Paralímpicos é ter o 5° lugar (da classificação geral). Nós, da vela, temos a perspectiva de chegar até o 10° lugar. Se chegarmos em 10° em todas as categorias, ficaremos imensamente felizes", afirmou.

As competições de Vela Adaptada no Rio de Janeiro serão realizadas entre os dias 11 e 15 de setembro.
 

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