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Esporte em foco

Investigar corrupção das Copas de 2018 e 2022 é um dos desafios de Infantino

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Um novo capítulo na história do futebol começou a ser escrito com a eleição na sexta-feira (26), em Zurique, de Gianni Infantino como novo presidente da FIFA. O advogado suíço-italiano assume o cargo com o desafio de resgatar a credibilidade de uma instituição desgastada pelos escândalos de corrupção. Mas para isso terá que mostrar rápido seu comprometimento com a transparência, o que vai exigir decisões sobre temas delicados como as suspeitas de suborno na atribuição das Copas da Rússia e do Catar.

Gianni Infantino é o novo presidente da FIFA.
Gianni Infantino é o novo presidente da FIFA. FIFA TV
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“Quero ser o presidente de todos vocês, de todas as federações nacionais. Quero trabalhar com todos vocês juntos para resgatar e reconstruir uma nova era na FIFA, para colocarmos o futebol no centro de tudo”, declarou Infantino ao ser aclamado como o novo presidente da Federação Internacional de Futebol.

Visivelmente emocionado, o advogado ítalo-suíço de 45 anos, chega ao cargo máximo da hierarquia do futebol com um imenso desafio pela frente, como ele mesmo admitiu em seu discurso após a eleição: escrever uma nova página na história da FIFA, marcada nos últimos anos por denúncias de corrupção envolvendo o alto escalão da entidade.

De plano “B” da UEFA, para assegurar a participação da poderosa confederação europeia na eleição enquanto a situação de Michel Platini se complicava, o advogado conseguiu durante a campanha conquistar apoios importantes como o da Conmebol e da Concacaf.

Infantino vai suceder a Joseph Blatter, que comandou a FIFA por 17 anos até ser afastado diante de tantos escândalos relacionados ao futebol. O advogado nascido em Brigue, a 10 km de Viège, cidade natal de Joseph Blatter, assume para um mandato de quatro anos, até 2019, e poderá ainda ser reeleito por mais duas vezes, de acordo com uma das mudanças aprovadas pelo mesmo Congresso Extraordinário da FIFA que o elegeu.

Para demonstrar que está mesmo disposto a levar a FIFA para uma nova “era”, como prometeu, Infantino poderá começar pela divulgação de um importante relatório que investigou práticas de corrupção na entidade. Esta é a opinião do jornalista esportivo e escritor português Luís Aguilar, autor de dois livros sobre os bastidores da entidade: Jogada Ilegal, publicado no Brasil (Ed. Gryphus, 2014), e FIFA NOSTRA, recém-lançado em Portugal.

“O discurso de Infantino foi muito voltado para o futuro, virar a página da FIFA, mas ele se esquivou de alguns temas que ainda estão em cima da FIFA como caso do relatório Garcia sobre a corrupção nos Mundiais de 2018 e 2022”, diz Aguilar.

O relatório de 400 páginas foi resultado de uma rigorosa investigação do ex-procurador americano Michael Garcia sobre eventuais crimes de corrupção na atribuição dos direitos da Copa do Mundo.

O presidente câmara de julgamento do comitê de ética da FIFA, Hans-Joachim Eckert, revelou que o documento assinalou “comportamentos duvidosos”, mas sem apresentar provas de corrupção. Irritado com a publicação de um resumo de 32 páginas de seu relatório que julgou “errôneo e incompleto”, Garcia se demitiu e abandonou o trabalho com a FIFA.

“Dada a gravidade das denúncias, elas não vão morrer com o tempo e podem contribuir para mostrar que Infantino não estaria interessado em tornar a FIFA em um órgão completamente transparente”, afirma Aguilar. A revelação da integralidade do relatório poderia mostrar se algumas pessoas suspeitas ainda estão trabalhando na FIFA e deveriam ser afastadas, afirma o jornalista. “Infantino deve querer e precisar de uma casa limpa”, opina.

Reformas

Antes mesmo da votação, o Congresso Extraordinário da FIFA na sexta-feira, em Zurique, aprovou uma série de reformas proposta pelo comitê executivo. O objetivo é melhor a governança da FIFA e tornar a instituição mais democrática. O limite de três mandatos de quatro anos é uma proposta que vai no sentido de maior transparência, no entanto, outras precisam sair do papel, de acordo com Aguilar.

“Uma das medidas aprovadas foi uma melhor ação dos direitos humanos. Não faz sentido falar nisso se a FIFA não fizer pressão ativa e intensa sobre o governo do Catar em relação à violação dos direitos humanos que acontece no país por causa das obras de 2022”, afirma.

 

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