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Ciclismo

Por que os franceses detestam Christopher Froome, vencedor da Volta da França 2015

O britânico Christopher Froome cruzou pela segunda vez a linha de chegada em primeiro lugar, no domingo (26), mas novamente fracassou em conquistar a simpatia dos franceses. Na semana final, ele teve de enfrentar hostilidade da imprensa e do público, que chegou a jogar urina no competidor durante uma das etapas da corrida. O jornal francês Le Figaro definiu o título de Froome como “a vitória de um mal amado”.

Froome vence pela segunda vez a Volta a França.
Froome vence pela segunda vez a Volta a França. REUTERS/Benoit Tessier
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Na etapa final da disputa, a equipe Team Sky, da qual faz parte o ciclista, teve de contratar seis seguranças para proteger seus competidores. Além de Froome ter sido alvo de urina, seu colega de equipe, o australiano Richie Port, afirma ter sido cuspido por torcedores no sábado, além de ter levado um golpe nas costas na etapa de La-Pierre-Saint-Martin, nos Pirineus.

A razão para a hostilidade dos franceses seria o histórico de doping de alguns integrantes da Team Sky – o próprio Richie Port foi pego duas vezes nos exames em anos anteriores. O desempenho acima da média do vencedor Christopher Froome também levantou suspeitas na imprensa francesa que, segundo a equipe Team Sky, teria empreendido uma verdadeira campanha contra seus competidores.

Até a mulher de Froome, Michelle, entrou na briga, ao listar, no Twitter, os nomes dos jornalistas e veículos que, na sua opinião, estavam difamando seu marido: o jornal L’Équipe, os especialistas em cálculos de velocidade Antoine Vayer e Ross Tucker e os ex-ciclistas profissionais Laurent Jalabert e Cédric Vasseur. Os dois últimos chegaram a alegar que Froome pudesse estar trapaceando com uso de motores em sua bicicleta.

Para completar, vídeos que teriam sido roubados da equipe Team Sky por um hacker e divulgados na internet supostamente provariam que houve doping na performance da equipe – mas até agora tudo não passa de rumores, nada foi provado.

Briga nacionalista

Do lado de Froome e de sue equipe, também não houve interesse em arrefecer as hostilidades. O discurso de vitória do ciclista foi criticado pelo jornal Le Monde: “Froome poderia ter encerrado sua declaração falando sobre o prazer de vencer pela segunda vez a Volta da França. Em vez disso, preferiu dizer que o título ‘foi merecido’”.

O jornal Libération também culpa os britânicos pelo clima de hostilidade. O diário diz que a equipe britânica utilizou “um argumento particularmente vicioso e perigoso: o nacionalismo”. O jornalista da Team Sky, David Walsh, escreveu no jornal The Sunday Times que “o Deus do ciclismo decidiu punir os franceses”, por causa do copo de urina jogado em Froome. E provocou: “Vocês mijam em nossos líderes, nós estragamos a festa de vocês. Tudo vai bem na Volta da França”.

Para o Libération, a fala do jornalista revive todo o histórico de brigas entre França e Inglaterra: “a Guerra dos Cem Anos, a disputa do tempo de Napoleão, as disputas coloniais, o queijo roquefort contra o cheddar”. E completa, levando a contenda esportiva para o campo político: “Seria quase engraçado, não fosse o The Sunday Times um jornal de enorme tiragem e referência dos conservadores da Grã-Bretanha.”

 

 

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