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Brasil/Copa

Brasil joga por Neymar e Alemanha nega favoritismo

As seleções de Brasil e Alemanha se enfrentam nesta terça-feira (8) em Belo Horizonte vivendo situações distintas. A equipe treinada por Felipão terá uma cara diferente, mas com a mesma missão de se classificar para a final da Copa. Os jogadores pretendem dedicar uma vitória ao craque Neymar. Já o treinador da Alemanha, Joachim Löw, descarta que as ausências do camisa 10 do Brasil e de Thiago Silva deixem o Brasil em desvantagem e descarta o rótulo de favorito.

Treino da seleção brasileira na Granja Comary nesta segunda-feira.
Treino da seleção brasileira na Granja Comary nesta segunda-feira. Foto: Reuters
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Elcio Ramalho, enviado especial a Belo Horizonte

A seleção brasileira já superou a ausência de Neymar e está totalmente focada no jogo contra a Alemanha, garantiu o treinador Felipão durante entrevista coletiva na segunda-feira, no Mineirão. "Naturalmente, o Neymar, ao nos deixar, deixou muito dele conosco e levou muito de nós com ele. Nós já terminamos essa fase de tristeza desde o momento em que soubemos que não podíamos mais contar com ele", explicou.

A postura de Neymar de tranquilizar os seus companheiros também foi elogiada por Felipão e muito contribuiu para superar a grande perda que significou para o grupo. "A parte dele ele já fez, agora temos que fazer a nossa parte. Esse jogo, que vale a classificação, nós vamos jogar pelo nosso país, por tudo o que sonhamos, e um pouco de cada um de nós também vai jogar pelo Neymar", afirmou.

Questionado sobre a escalação do time com as ausências de Neymar e de Thiago Silva, suspenso com o segundo cartão amarelo, o treinador garantiu ter encontrado uma solução tática para frear os pontos fortes dos alemães, mas não quis revelar a escalação e nem como pretende enfrentar os adversários. "Eu já tenho (a equipe), mas não vou divulgar", disse.

Scolari chegou a comentar a possibilidade de entrar com três volantes (Fernandinho, Paulinho e Luiz Gustavo), o que segundo ele, liberaria mais os laterais para o ataque, mas não deu margem de discussão a outras opções táticas. O treinador também dedicou muitos elogios à adversária do Brasil.

O treinador Luiz Felipe Scolari durante entrevista coletiva no Mineirão.
O treinador Luiz Felipe Scolari durante entrevista coletiva no Mineirão. Foto: Reuters

"A Alemanha é um time muito equilibrado em todos os setores, tanto defensivamente como no meio campo e no ataque”, destacou. Além de imagens de vídeo de jogos da seleção alemã, a comissão técnica contou com informações recolhidas por dois "olheiros", Roque Jr. e Alexandre Gallo, que foram escalados para ver partidas dos alemães.

"Não podemos nos esquecer que a Alemanha vem sendo organizada há seis anos para essa Copa. Se eles chegaram até aqui, é sinal de que eles têm um bom equilíbrio, um bom balanço, e a sequência desse trabalho está dando resultado", observou.

Apesar de armar uma equipe completamente diferente, Felipão fez questão de mostrar que administra a situação e garante "dormir tranquilo". Ele também defendeu as escolhas que foram adotadas ao longo da competição, mesmo admitindo que nem sempre agradaram. "Nós estamos fazendo o que achamos que é o melhor. Estamos indo passo a passo. Às vezes não de uma forma muito bonita, linda, mas estamos caminhando. E subindo mais um degrau, vamos subir ao patamar que buscamos, um lugar na final."

Entrada covarde

Ausente do jogo da semifinal, o zagueiro Thiago Silva esteve do lado de Felipão na entrevista coletiva e explicou a conversa que os jogadores tiveram com a psicóloga da seleção, Regina Brandão. Ela voltou a falar com o elenco após a partida do maior ídolo da seleção.

"O Neymar foi um tema muito citado nessa reunião. Ela frisou que nós deveríamos ficar tranquilos porque ele já fez a parte dele e agora é a vez dos outros 22 de assumirem a responsabilidade de jogar bem, de tentar a vitória por ele, porque Neymar gostaria de estar jogando, mas foi tirado da Copa por uma jogada covarde", frisou.

O capitão da seleção admitiu que ver o jogo do banco de reservas vai ser uma experiência dolorosa e criticou mais uma vez o juiz espanhol que lhe deu um cartão amarelo contra a Colômbia. "Vai ser difícil, mas minha missão na Copa ainda não acabou. O que está acontencendo serve para unir ainda mais, o grupo está fortalecido", destacou.

Thiago Silva também elogiou seu substituto Dante, jogador do Bayern de Munique, que foi o primeiro a lhe cumprimentar depois do jogo contra a Colômbia. "Disse que chegou a hora dele. Eu o conheço desde 2004 e sei o quanto trabalhou duro para chegar até aqui. Disse que a oportunidade chegou para ele mostrar seu valor", contou.

O time da Alemanha durante treino no Mineirão.
O time da Alemanha durante treino no Mineirão. Foto

Favoritismo é do Brasil, diz técnico alemão

A ausência de Neymar e do capitão brasileiro também foi evocada na entrevista coletiva concedida pela treinador da Alemanha, Joachim Löw, logo após o treinamento da equipe no Mineirão. A comissão técnica autorizou o acesso para a imprensa durante os quinze primeiros minutos da preparação.

"É claro que gostaríamos de ver Neymar em campo e torcemos para que ele volte o mais rápido possível para o gramado, mas as ausências dele e de Thiago Silva não significam que o Brasil entra com desvantagem", declarou.

Segundo Löw, "todos os outros jogadores que vão estar em campo vão jogar pelo Neymar e dar o máximo para ganhar e classificar o Brasil" para a final. Ele aponta o favoritismo para a equipe anfitriã. "O Brasil é o favorito. Serão 200 milhões de brasileiros e não apenas um estádio. Vimos durante a Copa das Confederações a energia imensa que surgiu e a que ponto motiva uma equipe", declarou.

Ao lado do zagueiro Jérôme Boateng na entrevista, Löw também se referiu ao peso que a torcida poderá exercer, mas sugeriu uma fórmula para seus jogadores superarem essa motivaçao que virá de fora do campo. "Não sabemos o que vamos fazer, mas se jogarmos bem, mantivermos nosso estado de espírito, teremos chances de vencer", afirmou. "Será fundamental que os jogadores alemães estejam bastante concentrados no campo", reforçou.

Joachim Lôw
Joachim Lôw Foto: Reuters

"Para nós é um desafio enorme jogar contra o país anfitrião, especialmente aqui no Brasil", destacou. No entanto, o treinador sabe que nem sempre a presença em massa da torcida pode decidir uma partida tão crucial.

Löw foi assistente de Jürgen Klinsmann na Copa de 2006, quando a Alemanha sediou a Copa e foi eliminada na semifinal pela Itália, para decepção de todo o país. "Cada partida tem uma história diferente", salientou.

Violência em campo

Durante a entrevista, o técnico alemão pediu que o juiz mexicano escalado para apitar a partida seja vigilante em relação à "força física" dos jogadores brasileiros em campo. "Espero que o juiz tenha visto essa força física que o Brasil usou contra a Colômbia e que ultrapassa os limites", disse em referência ao jogo das quartas de final em Fortaleza.

"Na Europa, os 22 jogadores não teriam terminado a partida. Houve muitas faltas, entradas duras, foi exagerado", acrescentou. "Se continuarmos assim, no futuro não precisaremos mais de Neymar, de Messi, de Özil, de Götze ou de Reus, mas de jogadores que destroem as jogadas", frisou.

O jogador Jérôme Boateng seguiu a mesma linha de seu treinador. "Nesse jogo (Brasil – Colômbia) houve muitas faltas, não tinha acontecido nada igual durante a Copa. Elas vinham sobretudo por trás e acho que ultrapassaram os limites", afirmou.

O treinador Löw explicou por que insistiu nos últimos dias na recuperação física de seus jogadores. "Nossa prioridade foi para que eles repusessem as energias. Nós vamos precisar de 14 jogadores, porque nosso tempo é intenso. Neste estágio (da competição), não vemos uma equipe mais criativa ou mais forte sob o ponto de vista técnico. Essa Copa do Mundo está baseada na força física, na dinâmica, na força dos confrontos e na capacidade de bloquear as jogadas dos adversários", resumiu.

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