Briga em jogo de futebol no Egito deixa dezenas de mortos
Mais de 70 pessoas morreram e centenas ficaram feridas durante uma gigantesca briga de torcidas no estádio de futebol de Port-Saïd, no Egito. Torcedores invadiram o gramado após a derrota do melhor time do país. Para a Irmandade Muçulmana, os partidários do ex-presidente Hosni Mubarak são responsáveis pelo episódio. A Federação Egípcia de Futebol decidiu suspender o campeonato.
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Os times egípcios Al-Masry e Al-Ahly se enfrentavam na 17ª partida do campeonato nacional, nesta quarta-feira em Port-Saïd, no nordeste do Egito, quando fogos de artifício começaram a ser atirados no meio do campo. Em vários momentos, o jogo foi ameaçado de suspensão por causa da tensão nas arquibancadas. Segundo testemunhas, torcedores do Al-Masry jogaram pedras, garrafas e rojões contra torcedores do Al-Ahly, como sinal de provocação, o que teria dado início à violência física.
Considerado um dos melhores clubes do país, o Al-Ahly perdeu a partida por 3 a 1, a sua primeira derrota na temporada, na casa do adversário. No momento do apito final, torcedores invadiram o campo e atacaram jogadores. A polícia não conseguiu conter a multidão que invadiu o gramado e foi até os vestiários. Segundo as últimas informações divulgadas, pelo menos 74 pessoas teriam morrido, muitas delas vítima de golpes na cabeça, estranguladas e até mesmo jogadas das arquibancadas.
Simultaneamente, em um estádio no Cairo, um incêndio provocou o cancelamento de uma partida entre os clubes al-Zamalek e Ismaïly. Autoridades dizem que o fogo foi uma reação à violência em Port-Saïd.
Reações
A Irmandade Muçulmana acusou os simpatizantes do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak de serem responsáveis pela violência que tomou conta do estádio. “Os eventos de Port-Saïd foram planificados e são uma mensagem dos partidários do antigo regime”, declarou o deputado Essam al-Erian em um comunicado no site do Partido da Liberdade e da Justiça (PLS), uma formação políticas da irmandade.
Nenhum responsável político estava presente no estádio, o que reforça a tese de que o episódio poderia ter sido planejado. Testemunhas também afirmam que a polícia não teria tentado impedir os torcedores quando a violência começou. Joseph Blatter, presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa) disse que o episódio marca um "dia sombrio" para o esporte.
O parlamento egípcio anunciou que vai realizar uma reunião extraordinária nesta quinta-feira para tratar da violência no futebol. "É triste e angustiante o que aconteceu. Trata-se da maior catástrofe na história do futebol egípcio", declarou o vice-ministro egípcio da Saúde, Hecham Cheïha. O governo decidiu suspender temporariamente todas as atividades esportivas do país.
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