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“Desigualdades são uma escolha política”, destaca jornal francês

Às vésperas do Fórum Econômico de Davos, o jornal francês Libération destaca em primeira página nesta segunda-feira (21), os resultados chocantes do relatório anual da ONG Oxfam International sobre as desigualdades no mundo. Segundo o estudo, 26 pessoas detém a metade das riquezas do mundo.

Os 26 mais ricos do mundo ganham tanto a metade da humanidade.
Os 26 mais ricos do mundo ganham tanto a metade da humanidade. Reprodução RFI
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“Indecência” é o título do editorial do jornal de esquerda. “Um mundo triste”, começa o texto. “Uma desproporção de riquezas tão imensa que nenhuma comparação, metafórica ou literal, pode traduzi-la com precisão”, acrescenta. “Um desequilíbrio tão delirante que nenhuma fabula para criancas teve a criatividade de inventá-lo”, continua. “Um combustível ideal para alimentar a cólera do povo”.

O exemplo mais escandaloso apontado pela Oxfam é em relação a Jeff Bezos, dono da Amazon, o homem mais rico do mundo, cuja fortuna foi calculada em US$ 112 bilhões no ano passado. Segundo a ONG, 1% da riqueza de Bezos equivale ao orçamento inteiro de saúde da Etiópia, país com 105 milhões de habitantes.

Para Winnie Byanyima, diretora da Oxfam Internacional, o neoliberalismo está na raiz das disparidades “titânicas” de recursos entre um punhado de bilionários e os bilhões de pobres. Para ela, uma solução seria taxar ainda mais os super ricos para financiar melhor os serviços públicos e permitir dessa maneira a ascensão da maioria a uma vida decente.

Desigualdade fora de controle

Defensora dos direitos da mulher e de uma governança democrática, a ugandense Winnie Byanyima diz que a desigualdade está fora de controle. “As fortunas dos bilionários aumentaram US$ 2,5 bilhões por dia em 2018, enquanto que dezenas de milhares de pessoas morrem a cada dia por falta de cuidados médicos.

“Nossas economias não funcionam mais para a maioria, mas apenas para alguns privilegiados”, alerta a diretora da Oxfam International. “O número de bilionários quase dobrou desde a crise financeira de 2008”, aponta. “O modelo neoliberal deveria ter sido deixado de lado após a crise, mas continua sendo referência para a elite econômica e política. “As desigualdades são uma escolha política, os governos ajudaram a criar a crise das desigualdades e podem colocar um fim a isso.

“O neoliberalismo nos acompanha há quase 40 anos”, diz Byanyima. “Mas esse modelo injusto vive seus últimos dias, como mostram as erupções populares de cólera na Franca e no mundo”, diz.

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