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Radar econômico

Com energias verdes, venda de eletricidade pode virar complemento de renda

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As chamadas energias verdes vêm ganhando cada vez mais espaço com a promessa de causarem menos impactos ambientais. Mas essa não é a única novidade. Essas novas energias também possibilitam que as pessoas gerem sua própria eletricidade e vendam o excedente.

Segundo especialistas, a tendência hoje é optar por projetos de energia mais descentralizados, que favorecem a participação dos cidadãos.
Segundo especialistas, a tendência hoje é optar por projetos de energia mais descentralizados, que favorecem a participação dos cidadãos. REUTERS/Youssef Boudlal
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O ganho que cada pessoa poderá ter depende da sua realidade local, de quanta energia ela produz e de qual o seu consumo. Em alguns casos, o excedente pode chegar a cobrir o custo de uma conta de luz residencial. O diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura, Adriano Pires, explica que durante muito tempo os projetos energéticos foram baseados na centralização. Mas hoje a tendência é optar por iniciativas menores, que incorporem a geração descentralizada de energia, o que favorece a participação dos cidadãos.

“Hoje no mundo, você gera sua energia com um coletor solar na sua casa e o que sobra você pode vender pra rede. O consumidor está se transformando num consumidor/produtor. Então ele consome energia e dependendo do consumo e da geração que ele tem dentro da casa, ele ainda pode vender energia. Isso é uma mudança extraordinária.”

Cedric Philibert, analista da Agência Internacional de Energia, alerta, no entanto, que é preciso que as redes estejam adaptadas para poder aproveitar o excedente gerado por cada indivíduo e levar até o sistema de distribuição para que possa ser utilizado em outras regiões.

O custo baixou, mas ainda há muitos desafios pela frente

Philibert destaca ainda que o custo dessas energias é concentrado na sua implantação. Uma vez funcionando, os projetos tendem a funcionar com menos custos: Tem muitas vantagens porque há um investimento inicial, mas não há fatores recorrentes. Não há gastos com combustível e as despesas de exploração podem ser baixas sobretudo para as energias fotovoltaicas.”

Além disso, o rápido avanço tecnológico tem permitido que a implantação de energias verdes seja cada vez mais barata, como destaca Adriano Pires: “Esse é um grande desafio das fontes limpas, se tornarem competitivas economicamente. Isso tem avançado muito nos últimos anos. Se você olhar pra energia eólica, energia solar, o custo dessa energia tem caído muito nos últimos anos e caído em função de avanços tecnológicos. Ainda tem uma estrada pela frente”, afirma.

Os desafios econômicos dessas energias ainda são grandes e variados. Para especialistas, o sucesso das energias verdes depende de uma combinação complexa entre diferentes tipos de energia que devem ser plenamente adaptadas a cada realidade local.

Philibert explica que o clima, por exemplo, impacta diretamente nessa equação. Se você estiver em um país temperado, como a França, quero dizer, um país frio, você vai ter uma grande demanda, sobretudo no inverno. Isso quer dizer que a energia mais conveniente será a energia eólica, que funciona melhor no inverno do que no verão o que vai combinar com a demanda. Todas as notas da Comissão Europeia indicam que vamos utilizar muita energia eólica. Já em um país muito ensolarado e quente é o contrário, a necessidade de energia se concentra no verão, quando se usa muito ar-condicionado. Nesse caso há muitos dias com sol e portanto muita energia solar disponível. Nesses países é a energia solar que vai dominar.”

Inclusão de novos consumidores

Outra grande vantagem das energias verdes é a possibilidade fazer a energia chegar a lugares remotos, onde a conexão com redes tradicionais é muito difícil. Isso tem um impacto econômico e também social, avalia Cedric Philibert. No Brasil, em algumas regiões, também em outros países da América Latina e, sobretudo, na África subsaariana e no sudeste asiático, um dos grandes valores das energias renováveis é o de levar eletricidade aos milhares de habitantes do planeta que ainda não têm acesso a ela. Levá-la de forma rápida, potencialmente mais barata, principalmente a lugares de baixa densidade populacional onde a energia é esperada há muito tempo.”

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