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Economia mundial

Trudeau deve assumir front contra protecionismo de Trump em reunião do G7

A reunião de cúpula do G7 acontece a partir desta sexta-feira (8), no Canadá, sob o clima mais amargo em anos. O encontro ocorre uma semana depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmar a aplicação de barreiras tarifárias contra os produtos de alguns dos seus maiores parceiros comerciais. Anfitrião do evento, o primeiro-ministro Justin Trudeau deve assumir o front contra o protecionismo do vizinho americano – e espera contar com o apoio dos demais países desenvolvidos que integram o grupo.

Primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, mudou o tom em relação aos Estados Unidos.
Primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, mudou o tom em relação aos Estados Unidos. REUTERS/Chris Wattie
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Até então, Trudeau privilegiava uma relação de charme com Washington. Apesar das diferenças profundas com Trump, o premiê preferia adotar a política de bons amigos com o republicano, a quem deu publicamente um voto de confiança. Trump teria “prometido” a Trudeau que não lançaria uma guerra comercial contra o seu país – os EUA são os principais compradores do Canadá.

A quebra da palavra de Trump, que decidiu adotar sobretaxas ao alumínio e ao aço estrangeiros, fez o líder canadense mudar de tom: declarou que a posição americana é “insultante” e reagiu com a aplicação de US$ 16 bilhões em taxas sobre produtos americanos.

A cúpula entre as economias mais desenvolvidas do mundo terá Trump mais isolado do que nunca num evento internacional. A reunião ministerial que precede o encontro de chefes de Estado do grupo antecipou que a boa vontade dos parceiros com os Estados Unidos está se esgotando.

Margem de manobra limitada

O pesquisador Jean-Baptiste Velut, especialista em política econômica americana, adverte, porém, que a margem de manobra dos europeus e canadenses é limitada para reagir às medidas de Trump – só lhes resta adotar uma postura de união contra os anúncios do republicano. “É muito importante que o Japão, o Canadá e a Europa demonstrem essa união e condenem, unanimemente, as medidas do presidente americano. Há riscos, mas acho que as divisões e negociações bilaterais seriam ainda mais arriscadas para todos do que uma posição firme de união entre as seis outras potências”, afirma o professor da Universidade Sorbonne Nouvelle, em entrevista à RFI.  

Velut ressalta, porém, a existência de divisões internas na União Europeia sobre que rumo adotar, agora que Trump parece ter perdido o receio de chatear seus parceiros comerciais. “Os alemães acham que há muito risco em adotar uma postura frontal contra os Estados Unidos, porque, para eles, há muitas questões econômicas em jogo”, explica.

Neste aspecto, o presidente francês, Emmanuel Macron, se distancia da aliada alemã, Angela Merkel. Ao desembarcar no Canadá, ele se reuniu com Trudeau e ambos divulgaram uma declaração comum, na qual defendem um “multilateralismo forte”.

Premiê Justin Trudeau e presidente Emmanuel Macron defenderam o multilateralismo, em declaração conjunta. Ottawa, Ontario, Canada, 06/06/2018.
Premiê Justin Trudeau e presidente Emmanuel Macron defenderam o multilateralismo, em declaração conjunta. Ottawa, Ontario, Canada, 06/06/2018. REUTERS/Chris Wattie

Política interna pode levar a recuo

O especialista francês pontua que, apesar da dominação americana da economia mundial, os demais países do G7 desfrutam de uma posição favorável para contra-atacar: as eleições de meio mandato se aproximam nos Estados Unidos e podem levar o republicano a recuar. “O Canadá, o Japão e a União Europeia já anunciaram uma série de sanções específicas, mirando produtos simbólicos como o Bourbon e o jeans, além de produtos agrícolas. Essas medidas farão o Congresso americano reagir e vão desestabilizar Trump”, analisa Velut.

Por outro lado, o professor avalia que recorrer às instituições internacionais, como a OMC, é uma medida cujos efeitos são limitados, já que o americano deixou claro que não respeita a ordem e as instituições internacionais. “Para Trump, ‘o Estado sou eu’. Ele não dá muita bola para as instituições internacionais, portanto elas não são um meio de pressão eficaz”, diz o pesquisador.

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