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Radar econômico

Entrada de Bitcoin na bolsa anima futuro de moedas virtuais – mas há riscos

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Depois do desempenho espetacular em 2017, ficou quase impossível prever os limites da valorização da Bitcoin, a mais conhecida das moedas virtuais. Neste domingo (10), a criptomoeda - que em 2011 valia apenas US$ 1 - entrou na bolsa de contratos futuros de Chicago, onde chegou a um pico de US$ 18 mil. Os temores de que o fenômeno não passe de uma bolha existem, mas os resultados demonstram que o avanço das moedas virtuais ganha a confiança dos investidores.

Bolsa de Chicago estreou o mercado da criptomoeda nos Estados Unidos.
Bolsa de Chicago estreou o mercado da criptomoeda nos Estados Unidos. ROSLAN RAHMAN / AFP
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A Bitcoin é a mais conhecida delas, mas centenas de concorrentes tentam ganhar um lugar ao sol neste cenário de otimismo em relação ao setor. É o caso da Ether e da IOTA. Para muitos analistas, não há dúvidas: no futuro, a maioria das transações será feita por moedas virtuais.

No Brasil, o jornalista Marcello Antunes é um entusiasta da inovação desde 2015. Ele tem tanta certeza sobre o futuro brilhante do setor que investe tudo que ganhou até agora na criação da primeira plataforma brasileira de venda de moedas virtuais promissoras, além da Bitcoin.

“O Bitcoin sempre vai ser um bom investimento. A tendência de crescimento dele é enorme: tem gente que acha que, por ser finito, ele vai bater US$ 1 milhão”, entusiasma-se o cofundador da Innovabit. “Se a pessoa tem um dinheiro que não vai precisar imediatamente e quiser experimentar um investimento, vale a pena procurar as moedas virtuais, que vão se tornar uma maneira muito prática e usual de comprar, no futuro.”

Em vários países, comércio e saques em Bitcoins

Animados com os últimos números, os pequenos investidores se lançam na aventura. Na Maison du Bitcoin (“Casa do Bitcoin”) em Paris, é possível comprar a vender a moeda. Uma compradora pede 200 euros na famosa criptomoeda, enquanto instantes depois um estudante quer se desfazer dos seus centavos de Bitcoins, com medo que o valor despenque brutalmente.

Embora possa ser usada no comércio em países como Estados Unidos, Japão e Austrália, a maior parte dos usuários de Bitcoin faz a compra para investir. Com o sucesso dos últimos meses, grandes bancos passaram a propor essa alternativa para os seus clientes, um aval de confiança no produto.

Manuel Valente, diretor de operações da Maison du Bitcoin, nota que muitos clientes chegam atraídos pela autonomia e independência inédita desse tipo de moeda. “Por trás da Bitcoin, não tem Banco Central, não tem nenhuma empresa nem Estado. Não há sequer uma organização.

A Bitcoin funciona exclusivamente por uma plataforma informática e seu protocolo é distribuído para milhares de máquinas no mundo”, explica. “A cotação é definida exclusivamente pela oferta e a demanda, mas é preciso ter em mente que é um produto muito volátil. É preciso ter cautela.”

Valor sobe e desce em instantes

A pouca liquidez explica essa enorme volatilidade. Quando há muita demanda, o valor explode em instantes – mas também pode cair tão rápido quanto subiu. É um mercado sem qualquer controle, nota a economista e professora de finanças da NEOMA Business School Nathalie Janson.

“A razão pela qual há tanta preocupação é simples: é uma tecnologia nova. Não há experiências passadas de referência, que nos ajudem a entender o que está acontecendo agora. As autoridades cumprem o seu papel de advertir, porque querem evitar que essa ascensão vertiginosa tenha consequências negativas”, constata a especialista. “Para se ter uma ideia de comparação, em junho a Bitcoin significava a metade da fortuna de Bill Gates e hoje já é o dobro!”

Janson ressalta que, apesar da injeção de confiança dos últimos tempos, as moedas virtuais ainda não podem oferecer segurança total para os usuários, a exemplo da série de escândalos de roubos por hackers e o seu uso por traficantes de drogas, há dois anos.

“O fato de que não há para quem recorrer em caso de problemas é o maior motivo de preocupação dos utilizadores. Você pode até recorrer à corretora que vendeu as bitcoins para você, mas não haverá ninguém compensar as perdas que você teve, a exemplo dos bancos centrais, que podem ter seguros de depósitos e todo um sistema de segurança”, observa a economista.

Mesmo assim, as bolsas mundiais já estão na corrida pela Bitcoin: depois de Chicago, a Nasdaq, de Nova York e as bolsas de Londres e Hong Kong também planejam se lançar no ramo.

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