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Radar econômico

Leste europeu tem recordes de vendas de carros

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Depois de anos em crise, a indústria automotiva europeia volta a festejar números animadores desde 2016, uma virada reforçada pelo dinamismo dos países do leste do continente. Polônia, República Tcheca ou Estônia estão em plena modernização da frota – e tiveram um crescimento médio das vendas de 14% no primeiro trimestre de 2017, um índice que os vizinhos ricos não desfrutam há muito tempo.

A fábrica da Fiat em Tichy, na Polônia, é uma das maiores do mundo e produz o compacto 500.
A fábrica da Fiat em Tichy, na Polônia, é uma das maiores do mundo e produz o compacto 500. @Fiat_Polska
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A fatia representa quase 700 mil veículos vendidos, segundo um levantamento da consultoria Jato, uma das maiores especialistas mundiais do setor. O ano de 2017 deve marcar um novo recorde de 1,3 milhão de carros comercializados na região, com aumento global de 10%. Potências ocidentais, como Alemanha e França, permanecem no topo das vendas, mas num ritmo bem menos acelerado, de 3% de aumento previsto para o ano.

No leste, os consumidores poloneses são os mais vorazes: o país hoje é o sétimo mercado europeu de carros, em volume. Os emplacamentos subiram 15,5% em 2017.

Os bons resultados são uma consequência direta do momento econômico na região: Varsóvia registra um crescimento do PIB em torno de 3% desde 2014. “Há, nestes países, um aumento das riquezas de maneira regular nos últimos anos, com um ponto de vista positivo e confiante das pessoas sobre o futuro. Acontece, então, um fenômeno que constatamos no mundo inteiro: as vendas de carros sobem”, explica Guillaume Crunelle, especialista no setor automotivo da consultoria Deloitte. “Quando confiamos no futuro, temos tendência a nos equipar a se endividar para comprar um veículo. É exatamente o que acontece nestes países.”

Indústrias aceleram vendas

Além disso, a chegada de diversas indústrias automotivas no leste contribui para dinamizar o setor, em especial nos países menos desenvolvidos, como Romênia e Bulgária. É lá que a francesa Renault-Dacia e a chinesa Great Wall Motor instalaram unidades de produção, em busca de custos mais baixos. A mão de obra sai em média um terço mais barata nestes lugares, em relação ao que é pago no oeste europeu.

Neste mercado cada vez mais disputado, a local Skoda, filial da alemã Volkswagen na República Tcheca, sai na frente, com 17% das vendas na região. No setor como um todo, são os veículos populares os que encontram maior sucesso. Os resultados mais impressionantes, porém, são os das SUVs, que já representam quase um terço das vendas no leste europeu. E as gamas mais luxuosas também querem aproveitar o bom momento: a Jaguar Land Rover deve inaugurar uma fábrica na Eslováquia, em 2018.

“Acho que há uma adequação clara entre os custos de produção e a capacidade do mercado de suportar um certo nível de preços. A presença de diversas usinas nos países do leste permite colocar no mercado carros competitivos. Os consumidores do leste procuram preços atrativos, mas a verdade é que temos um mix consolidado de carros no mercado, cada vez mais comparáveis ao mercado europeu como um todo”, nota o especialista da Deloitte. “As SUVs, por exemplo, são uma tendência mundial e apresentam a particularidade de ter diversas categorias. E a Polônia ou a República Tcheca não escapam a este fenômeno.”

Crunelle não vê razões para, em breve, o leste europeu se enquadrar na tendência europeia de adotar carros elétricos, em detrimento do diesel e da gasolina.

“O leste da Europa ainda está se motorizando, mas a tendência sobre os carros elétricos será mais ou menos a mesma que prevemos para o mercado europeu, afinal o carro elétrico é um fenômeno de sociedade. Esperamos que, em 2030, cerca de 25% do mercado seja ocupado pelos elétricos”, afirma Crunelle. “Nos países do leste, será um pouco menos, já que a decolagem neste setor terá sido um pouco mais tarde.”

Em toda a União Europeia, a alta das vendas de carros nos primeiros oito meses do ano foi de 4,5%, conforme a Associação dos Construtores de Automóveis Europeus (ACEA). A entidade comemorou o desempenho do leste europeu, responsável por 14,3% dos novos emplacamentos.

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