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China/Cúpula

Desaceleração econômica coloca influência do Brics à prova

Apesar do teste nuclear da Coreia do Norte dominar as manchetes, nesta segunda-feira (4), a 9ª Cúpula do Brics, em Xiamen, também atrai a atenção da imprensa francesa e especialmente do jornal Les Echos. Dois países do grupo, China e Rússia, são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e têm papel determinante na resposta do órgão às provocações do líder norte-coreano, Kim Jong Un.

Reunião de negociações durante a 9ª Cúpula dos Brics em Xiamen, na China.
Reunião de negociações durante a 9ª Cúpula dos Brics em Xiamen, na China. REUTERS/Fred Dufour/Pool
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Segundo o diário econômico Les Echos, o encontro dos líderes do Brics, acrônimo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, defende o multilateralismo e faz "críticas severas" ao presidente americano, Donald Trump, que resgatou o protecionismo e torpedeou o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. Porém, com a crise econômica dos últimos anos, que acentuou ainda mais as assimetrias no grupo, que tipo de influência pode ainda exercer o Brics, questiona o jornal.

Depois de ouvir vários analistas, fica evidente que a China exerce um papel dominante sobre os outros parceiros. O governo de Pequim é criticado por "controlar e manipular" as negociações sobre as reformas da governança mundial, destaca, por exemplo, Neil Shearing, economista chefe da empresa de consultoria Capital Economics.

Grupo emergente está enfraquecido, mas ainda vivo

O ex-ministro da Fazenda brasileiro Rubens Ricupero afirma, em entrevista ao Les Echos, que o papel do Brics enquanto grupo de influência "diminuiu, mas não desapareceu" completamente. Ele lembra que os cinco membros nunca tiveram a pretensão de apresentar uma política externa comum, mas "podem exercer uma força de moderação que permite encorajar a abordagem dos problemas mundiais de maneira multilateral, principalmente diante de um governo americano como o de Donald Trump". Ricupero diz que o convite feito ao México para participar do atual encontro na China é uma prova do interesse e da capacidade do grupo de ampliar sua influência e compartilhar sua agenda de debates.

Luiz Pinto, da Universidade Brookings de Doha, considera que o Brics já viveu dias melhores, mas seria precipitado condenar o grupo ao desaparecimento. Já o mexicano Jorge Castaneda, da Universidade de Nova York e ex-chanceler do México, é mais pessimista e estima que o Brics "é um mito que está desmoronando".

Paralelamente às análises sobre a utilidade ou não do Brics, o jornal Les Echos mostra que os investimentos chineses no Brasil vão de vento em popa. Temer apresentou o programa de privatizações de seu governo a empresários locais, relata o jornal francês, e é possível perceber que o apetite dos chineses pelas oportunidades de negócios no Brasil aumenta.

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