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Radar econômico

Momento é ruim para entrada do Brasil no Clube de Paris, diz economista

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O Brasil entrou esta semana no seleto Clube de Paris. Trata-se de um grupo que reúne países industrializados que atuam como credores. O objetivo é encontrar soluções coordenadas e sustentáveis de empréstimos a países em dificuldade.

O ministro da Fazenda do Brasil, Henrique Meirelles
O ministro da Fazenda do Brasil, Henrique Meirelles Valter Campanato/Agência Brasil
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Como a Coreia do Sul, que se uniu ao grupo em junho passado, o Brasil fazia parte dos países observadores, uma condição indispensável para poder entrar no clube. China e India ainda estão nessa categoria. Atualmente, há 22 membros permanentes.

A entidade foi criada em 1956, quando a Argentina concordou em se reunir com seus credores na capital francesa. Desde então, o clube já realizou 433 acordos com 90 diferentes países - num valor total de U$ 583 bilhões.

De devedor a credor

"No passado, quando era devedor e tinha uma dívida grande, o Brasil sempre tinha que negociar com o Clube de Paris, com o FMI. Sempre era uma dor de cabeça para os governos brasileiros e sempre tinha impacto na economia, pois era necessário negociar e, depois, gerar o suficiente para pagar a dívida", explica o economista Nelson Marconi, professor da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.

E completa: "Agora estamos entrando como sócio do clube. A imagem da economia brasileira fica um pouco melhor em função disso. Mas, em termos práticos, não há nenhuma mudança significativa".

O economista Pedro Gonçalves, do Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais, considera a entrada do Brasil no Clube de Paris como um investimento do governo.

"É uma estratégia para ocupar uma posição de relevância internacional, já que o Brasil se une aos países mais ricos do mundo. O intuito é participar mais de empréstimos e da construção de financiamentos aos países mais pobres. Nesse sentido, o Brasil já vinha atuando nos últimos anos junto a algumas nações africanas. Então essa entrada significa uma atuação mais consolidade do Brasil nessa área", diz.

Contexto econômico complicado

Como novo membro do grupo, o Brasil terá que disponibilizar recursos para empréstimos. Porém, o país atravessa uma grave recessão econômica, a pior desde os anos 1930.

O economista Nelso Marconi avalia que esse não era o melhor momento para aderir ao clube. "Passamos por uma grave crise e, com a entrada no clube de Paris, teremos que colocar uma quantia razoável de dinheiro para realizar empréstimos. Porém, se a adesão facilitar a captação por parte de empresas brasileiras ou do próprio governo no exterior, pode ser também algo positivo."

A abertura de portas para o Brasil pode servir como um pontapé inicial para a aceitação de novos membros emergentes no futuro. "Isso pode levar o clube a convidar outros, o que é benéfico." A entrada dos emergentes também responderia aos interesses do clube, na avaliação de Pedro Gonçalves: "Isso faz com que eles se ajustem às regras de empréstimo e financiamentos que o clube impõe".

O clube de Paris conta com outro país emergente, a Rússia, além de nações industrializadas, como Alemanha, Austrália, Estados Unidos, França, Reino Unido e Dinamarca.

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