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Radar econômico

Europa avalia adotar planos limitados de internet fixa

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O debate sobre a adoção de planos limitados de banda larga fixa não é novo na Europa. Por enquanto, o modelo preferencial das operadoras de quase todos os países é o de pacotes ilimitados de acesso à internet via ADSL ou fibra ótica. Mas a mudança do sistema de cobrança seduz duas das mais poderosas economias da União Europeia, a Alemanha e o Reino Unido.

Pacotes de internet na Alemanha e no Reino Unido se adaptam ao consumo real do usuário.
Pacotes de internet na Alemanha e no Reino Unido se adaptam ao consumo real do usuário. pixabay
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Desde 2014, a operadora O2, da espanhola Telefónica, adotou a opção “fair use” (“uso justo”, em tradução livre) na Alemanha, visando os usuários que utilizam mais do que 75 Gb por mês. Naquele ano, a Agência Federal das Redes Digitais avaliava que o consumo médio de cada assinante era de 21Gb.

Para passar a medida, a companhia argumentou que, desta maneira, aqueles que consomem menos pagariam um preço menor, equivalente ao consumo real. A diminuição da velocidade só começou a ser aplicada após três meses consecutivos de uso “excessivo”. De toda a forma, o usuário que ultrapassa o limite sempre teve a opção de “calibrar” o plano para assegurar uma velocidade ideal até o fim do mês.

Já no Reino Unido, existe a opção de planos com um volume bem menor de consumo, a partir de 12 Gb. Os usuários que preferem essa alternativa veem o débito da internet cair quando o limite é ultrapassado, a exemplo da proposta estudada por operadora Vivo no Brasil e que já é adotada pela Net.

Definir o consumo mensal

Tanto na Alemanha quanto no Reino Unido, as operadoras ressaltam que os vilões do consumo dos créditos são os vídeos. Para não explodir a cota mensal de internet em casa, o consumidor deve preferir assistir filmes em qualidade inferior, e não em HD. Esse raciocínio também vale no Brasil, como explica Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, especializada no setor.

“O principal é que existe uma desinformação muito grande. Por isso é que houve toda essa polêmica no Brasil: ninguém sabe o quanto consome por mês. O ideal – e foi o que a Anatel recomendou – é que as operadoras deem as ferramentas para que cada um conheça melhor o seu consumo”, observa. “Por exemplo, se você ficar uma hora assistindo vídeos no Youtube, são 350 Mb. Mas se você assiste o mesmo vídeo em HD, vai para 2Gb.”

O especialista fez um guia com os principais usos dos consumidores, para mostrar o quanto as cotas propostas costumam ser suficientes para a utilização cotidiana da internet. Tude destaca que a mudança da cobrança é um caminho natural que reflete a evolução do padrão de consumo da internet.

Nos Estados Unidos e Canadá, cobrança mudou faz tempo

Para responder à demanda crescente, são necessários investimentos colossais das operadoras para ampliar e aperfeiçoar a rede, principalmente a móvel. Nos Estados Unidos e no Canadá, o modelo das cotas de dados, inclusive na internet fixa, é a regra há bastante tempo.

“Cada usuário passa a comprar as cotas de dados conforme o seu consumo, a exemplo do que acontece em outros serviços, como energia elétrica, água etc”, afirma o consultor. “O que acontece é que, no passado, o consumo de dados era muito baixo. Mas agora, principalmente com a visualização de vídeos em HD, o consumo aumenta muito. Há diferentes tipos de consumo e o correto é cada um pagar pelo que usa.”

Na Europa, os planos de internet ditos “ilimitados” são comercializados no esquema triple play (internet, tv a cabo e telefone) há mais de 10 anos. A alternativa de fair use se popularizou mais na internet móvel, que tem sido cada vez mais o meio preferido dos usuários para se conectar à rede.

Na França, as operadoras bem que tentaram expandir os limites aplicados na internet móvel para a fixa, em 2011. A líder Orange alegava que era injusto os usuários que “baixam filmes o dia inteiro” pagarem o mesmo preço que os que mantém um consumo moderado da rede. Mas a entrada fulgurante no mercado da operadora Free bloqueou qualquer projeto nesse sentido. Atualmente, os planos ilimitados são comercializados a partir de € 19,99 por mês.
 

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