As exportações chinesas para o Brasil entraram em colapso no início do ano, indicando o agravamento da recessão na maior economia da América Latina. De veículos a artigos têxteis, dados da Maersk Line, maior empresa de transporte do mundo, indicam que em janeiro houve redução de 60% na compra de mercadorias chinesas, em relação ao mesmo período do ano passado, conforme o jornal Financial Times.
Da correspondente da RFI Brasil em Hong Kong
Os números da Secretária de Comércio Exterior confirmam a tendência de queda. Nos dois primeiros meses desse ano: o valor total das importações de produtos chineses caiu 37,9%, em comparação a janeiro e fevereiro de 2015. Do outro lado, a China, o primeiro parceiro comercial do país, enfrenta uma desaceleração da economia, com fechamentos de usinas e demissões.
Albert Park, diretor do Institute for Emerging Market Studies, em Hong Kong, e especialista em economia chinesa, avalia que o mau momento brasileiro pode afetar o parceiro asiático. “Há muita preocupação na China em relação à diminuição da manufatura e a uma demanda externa menor para os produtos chineses. O que está acontecendo no Brasil, obviamente, não é bom para os produtos chineses. A desvalorização da moeda e a queda das importações chinesas para o Brasil só tornam as coisas piores para a China”, constata Park.
Apesar de ter registrado, no ano passado, a menor expansão em 25 anos, a economia chinesa teve crescimento de 6,9%. Segundo Park, o país conta com o aumento de salários e com o apetite interno para manter a economia aquecida.
Buscar novos mercados é outra aposta
Em 2015, a China lançou uma estratégia internacional que deixa a América Latina de fora. O plano batizado de “Um cinto, uma estrada” tem ambição política e econômica. A China quer revitalizar a antiga Rota da Seda, que conectava o Oriente à Europa, e reforçar a cooperação com mais de 50 países da Ásia, África e Europa. Mas como isso pode afetar os Brics e especialmente o Brasil, já que Rússia e Índia fazem parte do novo plano internacional chinês?
“Países dos Brics são parceiros, de algumas formas, e competidores, de outras. Se a economia brasileira está fraca, a China precisa diversificar e se focar em outras economias que estão melhores”, ressalta o diretor.
A mudança de direção enfraquece os Brics. No entanto, Park garante que a China é pragmática e sabe que o bloco emergente continua representando mercados potenciais importantes.
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