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Brasil-América Latina

Argentina de Macri abre novas perspectivas entre o Mercosul e a UE

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Já há um prazo estipulado para o Mercosul e a União Europeia começarem com as negociações formais por um acordo de livre comércio. Durante o próximo mês, os dois blocos devem trocar as ofertas de um lado e de outro simultaneamente. A chefe da Diplomacia europeia, Federica Mogherini, deixou claro que, para a aceleração do processo, incidiram as reformas econômicas do novo governo argentino.  

Mercosul/UE: abertura da Argentina facilita novos acordos.
Mercosul/UE: abertura da Argentina facilita novos acordos. RFI/ de Freitas
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Márcio Resende, correspondente em Buenos Aires

Abril será o ponto de partida para as negociações entre os dois blocos. A oferta do Mercosul para a União Europeia já está pronta desde fevereiro e inclui 93% de abertura do mercado comum. Pelo lado europeu, os 28 membros do bloco ainda afinam os números com o objetivo de uma troca de ofertas simultâneas em abril, conforme anunciou a Alta Representante da União Europeia para Assuntos Exteriores e Política de Segurança, Federica Mogherini.

"Acho que é ambicioso, mas também realista esperar que o nosso trabalho chegue ao resultado em abril. Esse é o objetivo que estamos tentando atingir. Estamos tentando ir com sucesso nessa direção mais cedo do que tarde", indicou.

A chefe da Diplomacia europeia esteve aqui em Buenos Aires nesta semana em reuniões com os máximos referentes do governo argentino, inclusive com o próprio presidente Mauricio Macri.

Pelo lado do Mercosul, a ministra argentina das Relações Exteriores, Susana Malcorra, também confirmou que o ponta-pé inicial para as negociações está previsto para o mês que vem.

"A expectativa é que seja durante o mês de abril. Estamos apontando para isso. não há um dia específico. Essa é a intenção", confirmou.

17 anos de espera

A União Europeia e o Mercosul começaram negociações para a formação da maior área de livre comércio do mundo em 1999. Posições intransigentes, crises econômicas, prioridades diferentes, mudanças políticas e protecionismos dos dois lados anularam as negociações.

Em 2010, o interesse voltou, mas não passou de retórica. Sem esbanjar mais taxas de crescimento econômico, com o comércio exterior em retração e confinado num mundo que se integra, o Mercosul voltou à carga.

Brasil, Uruguai e Paraguai passaram dar prioridade ao acordo, mas a Argentina da ex-presidente Cristina Kirchner, cada vez mais protecionista, era um obstáculo. No entanto, com a chegada de um novo governo, o panorama mudou. A chanceler argentina, Susana Malcorra, garante que Brasil e Argentina veem nessa integração uma grande oportunidade de expansão econômica.

"Do nosso ponto de vista, a integração deve ser uma oportunidade. Já provamos que, se nos fecharmos, não geraremos oportunidades de trabalho. Vemos no Brasil uma enorme vontade neste momento de fazermos essa abertura, inclusive para além da União Europeia", observa Malcorra. "Há uma concepção e uma perspectiva diferente agora e, para mim, o que temos pela frente é uma oportunidade", concluiu.

A recente abertura econômica argentina permitiu uma aceleração no diálogo e animou os negociadores europeus. A chefe da Diplomacia europeia, Federica Mogherini, deixou claro que três meses de governo Macri foram suficientes para a Europa ter outro panorama sobre o futuro das negociações.

"Na União Europeia, vemos com bons olhos as reformas do governo e pensamos que essas medidas são essenciais para aumentar o investimento na economia, para a criação de empregos e para reintrodução e para o acesso (da Argentina) ao sistema financeiro mundial", apoiou Mogherini. "Agora sim podemos aprofundar a relação entre a União Europeia e a Argentina", celebrou.

Pontos de conflito na negociação

Para o Mercosul, é essencial que a União Europeia abra o seu protegido setor agrícola, onde justamente reside a força de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A resistência europeia frustrou as negociações no passado. Já para a Europa, os países do Mercosul devem abrir os setores de serviços e de investimentos, ponto resistido pelos empresários sul-americanos.

Para a Europa, o Mercosul é o oitavo maior parceiro comercial. Para o Mercosul, a União Europeia é o principal parceiro, superando os Estados Unidos e a China, em segundo e terceiro postos respectivamente. A União Europeia é, de longe, o principal investidor no Mercosul, com cerca de 40% do total dos investimentos externos diretos. Mogherini citou esses exemplos para mostrar a potencialidade da relação.

"Vemos dentro da América Latina, o Mercosul como um projeto irmão do europeu", destacou.

Foi definido que o Banco Europeu de Investimentos retorna à Argentina para sustentar projetos e para agilizar o comércio exterior com a Europa. O presidente Mauricio Macri viajará à sede da União Europeia em Bruxelas no segundo semestre.

"Vou voltar à Europa levando a mensagem de confiança no processo argentino de reformas internas, não só econômicas, mas em termos de reconexão com a região e com o mundo", adiantou Mogherini.

A inédita vinda de uma Alta Representante da União Europeia à Argentina soma-se às visitas, no mês passado, do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, e do presidente francês, François Hollande. Dentro de 10 dias, será a vez do presidente norte-americano, Barack Obama. A Argentina se tornou o país da moda na América Latina, em parte, devido à instabilidade que atinge o vizinho Brasil.

Argentina de Macri está na moda

Foi definido que o Banco Europeu de Investimentos retorne à Argentina para sustentar projetos e para agilizar o comércio exterior com a Europa. O presidente Mauricio Macri viajará à sede da União Europeia em Bruxelas no segundo semestre.

"Vou voltar à Europa levando a mensagem de confiança no processo argentino de reformas internas, não só econômicas, mas em termos de reconexão com a região e com o mundo", adiantou Mogherini.

A inédita vinda de uma Alta Representante da União Europeia à Argentina soma-se às visitas, no mês passado, do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, e do presidente francês, François Hollande. Dentro de 10 dias, será a vez do presidente norte-americano, Barack Obama. A Argentina se tornou o país da moda na América Latina, em parte, devido à instabilidade que atinge o vizinho Brasil.

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