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Fórum Econômico Mundial

Davos: desaceleração da China não causará catástrofe econômica

A desaceleração econômica da China não vai gerar uma nova crise mundial, na opinião de dirigentes que participaram do tradicional debate sobre a economia global que marca o encerramento do Fórum de Davos, na Suíça. A multiplicação dos riscos devido à situação na China foi um dos principais focos das discussões do evento.

Diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, analisa desaceleração da China.
Diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, analisa desaceleração da China. REUTERS/Ruben Sprich
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O Fórum Econômico Mundial se encerrou neste sábado (23), nos Alpes suíços. A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, tentou tranquilizar os temores a respeito da China, que vêm abalando as bolsas mundiais. Após o anúncio do crescimento de 6,9% do país em 2015, o pior resultado em 25 anos, Lagarde afirmou que o mundo não está assistindo a "um pouso forçado".

"Estamos vendo uma evolução, uma grande transição que vai ser acidentada", disse. "Nós temos que nos acostumar com isto e é muito normal", afirmou, ao apontar que o gigante asiático, a segunda maior economia do mundo, está passando por uma nova fase, de uma economia industrial para uma de serviços, e da concentração nas exportações para o estímulo ao mercado interno.

“A China foi um dos grandes assuntos dessa semana”, constatou o ministro britânico das Finanças, George Osborne. “Mas, mesmo com esse ritmo de crescimento, a China terá acrescentado à economia mundial ao final da década o equivalente ao que a Alemanha adicionará.”

Muitos problemas ao mesmo tempo

A queda vertiginosa do preço do petróleo contribui para o nervosismo em fóruns como Davos, onde a elite mundial se reúne a cada ano para ouvir aqueles que considera “gurus”, em uma tentativa de prever o futuro.

"O que está acontecendo é simplesmente o pior início de um ano de que se recordam os mercados financeiros. É simples assim", resumiu o francês Tidjane Thiam, presidente do Crédit Suisse. "O mercado está muito preocupado com a China, é natural. Teme a queda em uma recessão mundial. Mas nós pensamos que a China terá uma aterrissagem devagar, por isso não nos preocupamos tanto assim", indicou.

"A China tem os recursos e mais margem de manobra que muitos outros países", afirmou, em outra sessão, o investidor bilionário George Soros.

A queda dos preços do petróleo e das matérias-primas em geral, a crise dos refugiados na Europa, as guerras e as tensões diplomáticas em curso são outras das preocupações ouvidas no evento. “Em 46 anos deste fórum, não lembro de termos tido tantos problemas ao mesmo tempo”, afirmou o diretor do Fórum Econômico Mundial, o alemão Klaus Schwab.

Braços abertos para Mauricio Macri

Davos também recebeu de braços abertos o novo governo da Argentina, após 12 anos de ausência do país sul-americano. O presidente Mauricio Macri obteve promessas de investimentos e recebeu um anúncio simbólico, mas significativo, dos Estados Unidos.

Washington deixará de votar contra a Argentina no momento de analisar créditos em instituições multilaterais. A mensagem é um grande estímulo para que Buenos Aires resolva os problemas com os proprietários de títulos da dívida.

"O que a Argentina está fazendo agora é o que nós fizemos há alguns anos", afirmou o ministro da Fazenda do Brasil, Henrique Barbosa, que também viajou a Davos com a intenção de tranquilizar o mercado. Mas o governo brasileiro enfrenta um segundo ano de recessão e uma crise política. A mensagem de Barbosa não teve o mesmo efeito do discurso argentino.

Perspectivas para a América Latina

Para os demais países da América Latina, o momento é de apertar os cintos e aguardar um cenário mais tranquilo das tempestades no exterior. O governo dos Estados Unidos elevou as taxas de juros, uma medida desfavorável para a região. "Haverá uma fuga de capitais de países emergentes para países desenvolvidos", avisou Lagarde.

Os países que resistem graças a políticas cautelosas aplicadas durante anos, exemplos de México, Colômbia e Chile, buscam oportunidades. "Precisamos de menos protecionismo, que as regulamentações financeiras permitam aos bancos dos países desenvolvidos investir mais agressivamente em economias emergentes", frisou à AFP o ministro colombiano da Fazenda, Mauricio Cárdenas. "A região precisa de políticas fiscais ativas e ajustes inteligentes", afirmou em um discurso a secretária executiva da CEPAL, Alicia Bárcena.

 

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