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Nova regra europeia poderá piorar os vinhos franceses?

Uma regra europeia que entra em vigor nesta sexta-feira (1) está dividindo os viticultores franceses. A partir de 2016, os produtores poderão plantar novas vinhas por todo o território do país, sem a chamada indicação geográfica. Em outras palavras, uma uva originária da região de Champanhe, por exemplo, cuja qualidade se deve supostamente às condições geometeorológicas locais, poderá ser plantada noutra região qualquer. O vinho que resultar desta produção será "champanhe" sem sê-lo.

Vinha na região de Champanhe, no nordeste da França
Vinha na região de Champanhe, no nordeste da França RFI/ G.Pevzner
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Para os puristas, essa medida foi decidida em Bruxelas sem grande diálogo com os produtores e coloca em risco o próprio controle sobre a origem da bebida. A chamada Apelação de Origem Controlada (AOC) determina que todas as etapas de produção do vinho aconteçam em uma área delimitada. Atualmente, já há uma categoria flexível desta determinação, que é a Indicação Geográfica Protegida (IGP), que obriga os produtores a restringir ao menos uma etapa da fabricação a uma zona específica. O vinho sem indicação geográfica terá liberdade para ser produzido de forma praticamente desregulada pelo território.

Em entrevista ao jornal Aujourd'hui en France, o presidente da Associação Nacional Interprofissional dos Vinhos da França, Serge Tintanet, afirmou que a medida vai "liberalizar" o uso do solo francês, o que permitirá aos produtores se "antecipar" ao gosto dos clientes. De olho no mercado de exportação, ele avalia que será possível, por exemplo, misturar a colombard de Gascogne com a colombard do Languedoc, para oferecer uma colombard "francesa" à China.

Com a entrada da medida em vigor, anualmente o território dedicado à viticultura no país deve crescer 1% - o que, no ano de 2016, significará nada menos que 8.057 hectares suplementares. Claro que restará ainda às regiões produtoras a prerrogativa de limitar a expansão da plantação de novos vinhedos, mas a tendência é que a competição obrigue todos a entrarem na disputa gradualmente.

Se, por um lado, a medida permitirá às vinícolas oferecer um produto adaptado ao gosto do freguês, por outro, pode abrir a via para que players menos cuidadosos encham o mercado de vinhos de baixa qualidade por razões puramente comerciais.

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