Após 23 horas de negociações, Grécia e credores chegam a acordo
A Grécia e seus credores chegaram a um acordo sobre o terceiro plano de ajuda financeira ao país, segundo uma fonte do governo grego. A decisão foi tomada após várias semanas de discussões e de uma verdadeira maratona de negociações desde o último sábado (8). A última rodada de diálogos durou 23 horas.
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Ao deixar às 8h locais o hotel em Atenas onde acontecem as negociações, o ministro das Finanças grego, Euclides Tsakalotos, disse que falta apenas acertar um ou dois detalhes. Segundo a agência France Presse, ele deve ter se referido ao fundo de privatização desejado pelos credores - União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - e à questão dos créditos arriscados dos bancos do país.
“Finalmente, saiu a fumaça branca”, brincou um representante do ministério grego das Finanças. O plano de ajuda consiste em pelo menos € 82 bilhões, durantes três anos.
“Chegamos a um acordo. Alguns detalhes menores ainda estão sendo discutidos.”
Sobre os objetivos orçamentários de Atenas até 2018, ficou acertado que em 2015 a Grécia poderá ter um déficit primário de até 0,25% do PIB, antes de um excedente primário de 0,5% do PIB em 2016, de 1,75% em 2017, e de 3,5% em 2018, segundo a fonte do governo. As metas foram flexibilizadas em relação ao que estava sendo negociado em junho.
Prazos
O texto tem de ser aprovado pelo parlamento grego, o que pode acontecer na quinta-feira (13). No dia seguinte, o acordo deve ser apresentado aos ministros da Economia da zona do euro. Um cenário ideal permitiria a entrada em vigor do plano de ajuda antes de 20 de agosto, data em que a Grécia deve pagar € 3,4 bilhões ao Banco Central Europeu.
Segundo Annika Breidthardt, porta-voz da Comissão Europeia, os credores "trabalham de mãos dadas com as autoridades gregas, mas as conversas prosseguem sobre alguns pontos pendentes". Entre as questões, estão o aumento de impostos sobre rendas altas e do IVA e o futuro dos € 90 bilhões de dívidas que, neste momento, não podem ser cobradas e afetam o balanço dos frágeis bancos gregos. As soluções apontadas são uma cessão desses créditos para fundos especializados ou a criação de um "banco ruim".
Redução de salários de ministros
Para conquistar a opinião pública, Tsipras anunciou que aumentará os impostos cobrados dos deputados e reduzirá os salários dos ministros. "Quando a questão do fim das isenções fiscais aos agricultores está sobre a mesa, não podemos ignorar nossas próprias vantagens", declarou.
O clima cordial que tem marcado a colaboração entre Atenas e seus credores, inédito desde a chegada do Syriza de Alexis Tsipras ao poder, em janeiro, indica que não parece haver riscos de a troika de credores travar os pontos finais da conclusão do acerto.
Resistência alemã
A Alemanha parece não querer ceder imediatamente ou prolongar ao máximo as negociações, acordando somente um financiamento mínimo para Atenas pagar o BCE. Nesta segunda-feira (10), o governo alemão disse, por meio de seu porta-voz Steffen Seibert, que considera mais importante fechar um acordo "exaustivo" com a Grécia do que um acordo rápido.
Com informações AFP
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