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Radar econômico

Com banco próprio, Brics mostram que “vieram para ficar”

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A contagem regressiva está lançada para o início das operações do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), a primeira instituição aberta pelos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Com a concretização do projeto, o grupo de emergentes deixa de ser apenas uma reunião informal e passa a existir fora do papel.

A última cúpula dos Brics foi no Brasil.
A última cúpula dos Brics foi no Brasil. REUTERS/Ueslei Marcelino
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A previsão é de que o banco comece a funcionar logo após a 7ª cúpula dos Brics, que ocorre nesta semana na cidade russa de Ufá. As primeiras operações financeiras devem ocorrer em janeiro de 2016, com foco no financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento. O capital inicial do NBD é de US$ 50 bilhões, podendo dobrar no futuro.

O economista Marcelo Milan, membro do Núcleo de Estudos dos Brics, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), observa que a demanda mundial para investimentos em infraestruturas é estimada em US$ 1 trilhão.

“O ponto fundamental é a demonstração de que o grupo existe, veio para ficar e se consolida. Com todas as suas diferenças e dificuldades, ele vai atuar em coesão. Existe uma articulação bastante forte de interesses e a necessidade de atuação conjunta nos grandes temas internacionais, principalmente em relação ao financiamento como promotor da agenda do desenvolvimento internacional”, afirma.

O próprio Brasil poderia se beneficiar de um empréstimo do NBD para bancar obras de infraestrutura, que andam em um ritmo mais lento desde a queda do crescimento econômico do país. Esse contexto moroso ou de recessão se repete em outros países do grupo, como a Rússia e a África do Sul, e deve pesar nas discussões sobre o modo de funcionamento do banco e as suas primeiras decisões.

Críticas a instituições tradicionais

O pesquisador Julien Vercueil, especialista em países emergentes do Inalco (Instituto de Línguas e Civilizações Orientais), avalia que, agora, o Brics “existe mais”. O NBD se posiciona como uma alternativa às instituições financeiras internacionais, em especial o Banco Mundial.

“Eles não vão perder a chance de mostrar a fragilidade de certas construções e instituições financeiras internacionais, em especial a zona do euro. Será uma bela ocasião para, principalmente a Rússia, apontar o dedo para os europeus”, avalia. “Cada um fará isso da sua maneira, mas, globalmente, todos compartilham uma certa desconfiança em relação à situação econômica mundial e às instituições financeiras internacionais”, explica o pesquisador francês. Ele ressalta que a inércia dos países desenvolvidos em promover reformas na governança no Fundo Monetário Internacional (FMI) impulsionou os Brics a abrirem as próprias organizações.

Vice-presidente é brasileiro

O NBD ficará em Xangai e terá um presidente indiano, um cargo rotativo entre os países-membros. A vice-presidência será ocupada por um brasileiro, Paulo Nogueira Batista, ex-representante do Brasil no FMI.

“É um excelente nome. Ele tem um conhecimento vasto e amplo sobre as finanças internacionais e o mundo financeiro”, avalia Milan. “A experiência dele em Washington foi fundamental, neste sentido. Ele tem todos os pré-requisitos acadêmicos e intelectuais para exercer um bom papel junto ao novo banco.”

Outro mecanismo financeiro previsto pelos Brics, o Arranjo Contingente de Reservas, deve entrar em vigor até o fim de julho. O fundo, com capital inicial de US$ 100 bilhões, poderá socorrer os países-membros em momentos de crise.

 

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