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Radar econômico

Atentados terroristas podem afetar comércio e turismo

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A França se recupera aos poucos dos atentados cometidos na semana passada em Paris, eventos que devem impactar na economia, pelo menos a curto prazo. Estudos sobre outros ataques, como os de Nova York, Londres ou Madri, mostram que o turismo e o comércio são os setores que mais sofrem os efeitos do medo da população, que evita sair às ruas para consumir e se divertir.

Policiais fazem a segurança da loja Galeries Lafayette, em Paris.
Policiais fazem a segurança da loja Galeries Lafayette, em Paris. REUTERS/Eric Gaillard
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O massacre na redação do jornal Charlie Hebdo aconteceu em um dos dias mais aguardados pelo varejo na França, o início das liquidações de inverno em todo o país. Uma pesquisa realizada pelo instituto Toluna mostrou que houve uma queda de 3% das vendas no lançamento das promoções.

Os representantes da hotelaria também demonstram preocupação: afirmam estar recebendo pedidos de cancelamentos de reservas e muitas ligações de clientes preocupados com a segurança. O turismo representa 7% da economia da França, o país mais visitado do mundo.

Essas consequências, no entanto, devem vigorar apenas por pouco tempo, na opinião da economista Sylvie Matelly, diretora de pesquisas do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), em Paris, e especialista em economia de defesa. Ela avalia que o efeito positivo no moral dos franceses das manifestações contra o terrorismo, no domingo, pode fazer a situação voltar ao normal mais rápido do que se imagina.

“Nós percebemos que, no fim, a polícia conseguiu gerenciar o inimaginável. Não houve nenhum incidente, nenhum problema durante a marcha, e isso pode levar as pessoas a esquecerem a insegurança”, afirma. “É muito possível que as pessoas voltem rapidamente para as lojas, porque viram que a segurança está garantida.”

Um estudo da OCDE após o 11 de setembro mostrou que os americanos sofreram um forte impacto dos atentados, mas durante um curto período. O economista Gary Becker, vencedor do prêmio Nobel, também demonstrou que a reação da população é essencial para determinar até que ponto os ataques podem ter consequências na economia.

Reversão de “bulling”

Em geral, as bolsas costumam cair nos dias seguintes a atentados terroristas, demonstrando a insegurança dos investidores – mas isso não aconteceu na França. Paradoxalmente, a médio prazo o país pode até se beneficiar dos ataques, se a força da reação dos franceses aos atentados também se refletir em uma onda de otimismo diante do futuro. Matelly lembra que a França sofria com um “bullying” internacional em relação ao seu desempenho econômico, que agora pode começar a se reverter.

“Nós temos a impressão de que esse período de french bashing se dissipou. No mundo todo, as pessoas olharam os últimos acontecimentos e disseram: “Veja como a França é forte”, ressalta. “Pode parece uma bobagem, mas na economia a restauração da confiança tem um papel muito importante, principalmente dos próprios franceses, que de agora em diante podem começar a não ver apenas o lado negativo das coisas. Eles vão se dar conta de que a França ainda é uma potência que conta.”

Orçamento da Defesa

Em um segundo cenário, mais pessimista, o país pode continuar alvo de terrorismo – quando isso acontece e a população se deixa abater pelo medo, o crescimento econômico é atingido, com a retração do consumo e dos investimentos.

Além disso, o Estado e as empresas se obrigam a gastar mais em segurança, uma questão que, independentemente do futuro, já se coloca na França. O problema é que, diante da crise, o orçamento francês da Defesa não para de baixar.

“Agora, é preciso analisar a situação financeira do Estado e ver que margem de manobra o governo dispõe para poder aumentar o financiamento da segurança. Há outras obrigações de orçamento que limitam os gastos”, destaca. “Acho que haverá outras iniciativas em nível europeu, que permitirão manter o orçamento constante ou até aumentar de uma maneira equilibrada, ao mesmo tempo em que se compartilha os esforços para melhorar a eficiência nesta área.”

Em 2015, a pasta da Defesa deve contar com € 31,4 bilhões (R$ 99 bilhões).
 

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