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Radar econômico

2015 vai ser marcado por instabilidade nos mercados

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Depois de um ano em que a Europa não respondeu à crise como o esperado, os países emergentes tiveram um desempenho econômico decepcionante e os conflitos internacionais prejudicaram os negócios, 2015 se anuncia um ano instável para os mercados internacionais. A queda dos preços do petróleo e a retomada econômica dos Estados Unidos, com a normalização da política monetária americana, terão impactos variados no restante do planeta. No Brasil, especialistas preveem um cenário “difícil”.

Prédio da Bovespa, em São Paulo.
Prédio da Bovespa, em São Paulo. HUGO ARCE / Fotos Públicas
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Na conjuntura internacional, as divergências acentuadas de crescimento entre os países vão permanecer como o principal causador de incertezas no mercado, na opinião de Marcelo Allain, professor da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e analista da Deux Consultores. “Os Estados Unidos têm uma boa performance econômica, com uma perspectiva de crescimento próxima de 3% do PIB, ao passo que a Europa ainda tenta sair da recessão, assim como o Japão, e a China vem desacelerando”, lembra. “Isso causa implicações nas taxas de câmbio entre os países. O dólar se fortaleceu diante das principais moedas, com impacto sobre o Brasil.”

A Europa, principal parceira comercial do Brasil, tem razões para iniciar 2015 com mais esperanças de se recuperar da crise, mas também enfrentará um ano de transição até a retomada, na avaliação de Pascal de Lima, economista fundador da consultoria Economic Cell.

“A continuidade dos preços de petróleo em um nível baixo é muito positiva porque os países europeus dependem muito dos valores dos combustíveis. A depreciação do euro também pode estimular as exportações, mas é preciso destacar que 90% das exportações da França, por exemplo, são para dentro da própria zona do euro”, ressalta Lima, professor da Sciences Po, em Paris. “Além disso, o prosseguimento de todas as reformas estruturais feitas nos países europeus também devem estimular um pouco a volta do crescimento no bloco.”

Ano com menos eventos

No Brasil, a Copa do Mundo, as eleições e a série de escândalos na Petrobras atingiram os negócios em 2014. O país entra em 2015 com índices desanimadores na economia – os mercados preveem um crescimento econômico de 0,5% em 2015, o que seria o menor índice em seis anos.

Por isso, o momento é delicado para fazer o planejamento dos investimentos particulares para o ano, em especial na bolsa de valores. “Há sempre uma tentação porque os preços das ações caíram substancialmente. Mas sem ter uma clareza maior do cenário, sobre o Brasil voltar a crescer ou não, esse seria um investimento com um risco muito elevado. Seria uma aposta de que as coisas vão dar certo”, diz Allain. “Mas se não derem, não há motivos para as bolsas se valorizarem em 2015.”

Aos olhos dos grandes investidores, no entanto, o país permanece um destino atrativo, conforme Marcos Gouvêa, diretor-geral da GS&MD, especializado no setor do varejo. “Sem dúvida, será um ano desafiador. O Brasil é um país com características estruturais, envolvendo agricultura, ensolação, com oportunidades de crescimento, entre outros aspectos, que o tornam atraente para investimentos sob uma perspectiva de longo prazo. As oportunidades continuam muito fortes”, afirma Gouvêa, destacando que o interesse de empresas estrangeiras pelo país continua acentuado, “particularmente as companhias francesas”.

Autonomia à nova equipe

Nesta segunda-feira (5), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tomou oficialmente posse no cargo, com a impopular missão de promover ajustes nas contas públicas. Os analistas estão confiantes nas qualidades da nova equipe econômica para conduzir o país de volta ao crescimento - porém ressaltam a importância de os ministros terem autonomia nas decisões.

“A dúvida que existe é sobre o nível de autonomia que terão e o quanto aquilo que eles pregam para uma situação como essa será de fato realizado. As questões políticas podem, eventualmente, interferir na implementação daquilo que eles recomendariam”, constata Gouvêa.

 

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